Bolsonaro e Haddad no 2º turno

Haddad disse em pronunciamento que o segundo turno será uma oportunidade de ouro para unir o Brasil e mostrar argumentos

Postado em: 08-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Haddad disse em pronunciamento que o segundo turno será uma oportunidade de ouro para unir o Brasil e mostrar argumentos

Jair Bolsonaro encerrou primeiro turno com larga diferença entre o segundo colocado. Bolsonaro teve 46,24% dos votos válidos

Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) decidirão no segundo turno quem será o presidente do Brasil pelos próximos quatro anos, segundo os dados de apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados na noite deste domingo (7). Bolsonaro finalizou o primeiro turno com 49 milhões de votos e 46,24% dos votos válidos contra 30 milhões de Fernando Haddad, que ficou com 28,99% dos votos. 

Em pronunciamento depois da apuração dos votos, Fernando Haddad disse estar desafiado pelos resultados expressivos da eleição, no sentido de atentar aos riscos que a democracia corre, em referência indireta ao candidato Jair Bolsonaro. “O segundo turno será uma oportunidade de ouro para mostrarmos os nossos argumentos sem medo de perder a eleição. É o momento de unirmos os democratas do Brasil com um projeto democrático e que busque justiça social, acima de tudo”, discursou. Haddad disse que foi uma eleição diferente de todas em que o PT participou, desde 1989. “Queremos enfrentar o debate muito respeitosamente com a única arma que temos, os argumentos”. 

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O resultado do primeiro turno quebrou a polarização entre PT e PSDB na eleição presidencial. Nas últimas seis eleições, os dois primeiros colocados foram dos dois partidos, e houve duas vitórias do PSDB (1994 e 1998) e quatro do PT (2002, 2006, 2010 e 2014).

A campanha eleitoral teve início em agosto com 13 candidatos à Presidência da República, o maior número de concorrentes desde 1989, quando houve 22 postulantes.

A corrida ao Planalto deste ano foi marcada por dois fatos que podem ter influenciado até mesmo o desempenho de outras candidaturas: o registro de candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva foi rejeitado; o PT substituiu o ex-presidente por Fernando Haddad;Bolsonaro levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) e ficou 23 dias internado.

Disputando a Presidência da República pela segunda vez, Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou nas pesquisas Datafolha e Ibope entre 7% e 10% e não disputará o segundo turno.

Durante a campanha, na tentativa de se firmar como a “terceira via” entre Bolsonaro e Haddad, o tucano fechou aliança com oito partidos, apoio que incluiu legendas do “Centrão” (DEM, PP, PR, PRB e SD) e garantiu a Alckmin quase metade do tempo na propaganda de rádio e TV.

Para tentar justificar o desgaste causado pela união com o bloco, tido publicamente como fisiologista por ocupar cargos nos governos do PT e do MDB, Alckmin defendeu a necessidade de alianças para governar e aprovar reformas para o país voltar a gerar empregos.

Alckmin se apresentou ao longo da campanha como um gestor experiente e focou em um discurso de combate ao “radicalismo” de Bolsonaro e ao retorno do PT ao poder.

As alianças, o tempo de TV e o discurso de Alckmin não funcionaram. O tucano estacionou nas pesquisas, foi abandonado por aliados do Centrão e de setores do próprio PSDB, que passaram a apoiar Bolsonaro e Marina Silva (Rede).

Candidata derrotada à Presidência, a ex-senadora Marina Silva (Rede) lamentou a polarização ocorrida nestas eleições entre o que classificou de “dois polos tóxicos”. Ao conceder entrevista após a confirmação do segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), Marina Silva evitou dizer se apoiará Bolsonaro ou Haddad, que ficaram com 46,27% e 28,94% dos votos válidos, respectivamente com a apuração de 98,75% das urnas.

Marina, cuja preferência eleitoral surpreendeu negativamente em comparação com as últimas pesquisas eleitorais, ficou em oitavo lugar, com 1% dos votos. Ela disse que, independentemente do vencedor das eleições no próximo dia 28 de outubro, seu partido deve fazer oposição ao futuro presidente.

“As candidaturas que não estavam nesses polos tóxicos acabaram sofrendo um esvaziamento em função da pregação do voto útil. Nosso projeto político tem pessoas que têm suas próprias ideias, nossos eleitores são pessoas muito conscientes e fizeram suas escolhas diante do que acharam mais interessante”, afirmou.

Segundo a candidata, a democracia é o “melhor caminho” mesmo quando há “perspectiva de atalhos”. Sem dizer se vai continuar disputando o cargo de presidente em futuros pleitos, ela lembrou que concorre ao posto desde 2010 e disse: “Ainda não foi desta vez”. (Agência Brasil) 

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