Lula repete Bolsonaro com Lewandowski no 1° escalão

Ex-ministro da Suprema Corte toma posse em 1° de fevereiro com a ida de Flávio Dino para o STF

Postado em: 12-01-2024 às 07h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Lula repete Bolsonaro com Lewandowski no 1° escalão
A esquerda porque, lá em 2016, o, agora, ministro de Lula, presidiu o Senado no processo de afastamento da então presidente Dilma Rousseff | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na biografia de um dos mais brilhantes juristas brasileiros, Ricardo Lewandowski, tem a chancela, ou benção, do político de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva duas vezes: quando foi escolhido para vaga do Supremo Tribunal Federal em 2006 e, 17 anos depois, como ministro da Justiça em 2024. Tido como um dos mais perspicazes homens do direito, a ida de Lewandowski para o primeiro escalão do terceiro mandato de Lula atraiu desconfiança da esquerda e irritou a direita. 

A esquerda porque, lá em 2016, o, agora, ministro de Lula, presidiu o Senado no processo de afastamento da então presidente Dilma Rousseff. Os críticos, no entanto, se esquecem que os direitos políticos de Dilma foram mantidos, inclusive, porque Lewandowski  separou a votação da cassação dos direitos políticos. Dilma atualmente é presidente do Banco do BRICS, que fica na China, onde a ex-presidente do Brasil vive. 

Tão logo foi cogitado para substituir Flávio Dino no Ministério da Justiça (que logo assume vaga no STF, também por indicação de Lula da Silva), correu o perfil “esquerdista” de Lewandowski : crítico à Lava-Jato, que colocou Lula na prisão por 580 dias em uma cela especial em Curitiba a ministro da Corte contrário à prisão por condenação em segunda instância, o que ajudaria Lula, à época, a conseguir deixar a cadeia. 

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Críticos da indicação também lembram que foi o novo ministro de Lula 3 que autorizou, em 2019, a defesa do presidente a acessar mensagens que a Polícia Federal, por meio da Operação Spoofing, teve acesso no inquérito que investigava a invasão das contas de Telegram do ex-juiz Sérgio Moro. As mensagens trocadas entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol terminaram com a suspeição do ex-juiz, possibilitando que Lula chegasse, de maneira legal, à Presidência da República. 

Por isso, é indissociável a narrativa de que Lula repete o ex-presidente Jair Bolsonaro que, após vencer o pleito presidencial em 2018, “premiou” o considerado “algoz” do petista: o juiz que o condenou, Sérgio Moro. Bolsonaro concedeu a Moro o Ministério da Justiça, sendo considerado o principal nome do primeiro escalão do então presidente. A esquerda caiu de pau, claro, afinal, o juiz que condenou o principal adversário de um candidato deixa a toga para assumir lugar de destaque na Praça dos Três Poderes. 

Sergio Moro, no entanto, durou 16 meses no governo de Jair Bolsonaro. Considerado superministro, “salvador da pátria”, Moro deixou a pasta em protesto à exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, em uma interferência do então presidente. A direita caiu de pau em Moro que, assim, de saída e criticando, se tornaria persona non grata no que parecia ser um staff político inabalável.

Depois de tentar emplacar-se como candidato à Presidência em 2022, onde enfrentaria o ex-chefe Bolsonaro e Lula, o político de esquerda que ele colocou atrás das grades, Moro concorreu – e venceu – ao Senado Federal pelo Paraná. A popularidade entre os que odeiam Lula também rendeu frutos à mulher de Moro, hoje deputada federal, Rosangela Moro, eleita por São Paulo. Os dois são parlamentares pela União Brasil, sigla que detém três ministérios no governo Lula. 

Sobre Ricardo Lewandowski no governo, Moro comentou, lembrando de um passado nem um pouco distante. “Cargo em ministério não deveria ter sido causa de suspeição”, disse Moro que, aliás, mirava a indicação de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, o que, como se sabe, não ocorreu. Foi indicado um “terrivelmente” evangélico, André Mendonça, que vai ser colega de Flávio Dino, o primeiro ministro da Suprema Corte assumidamente comunista – ele foi governador do Maranhão pelo PCdoB. 

Lula, sem impressionar ninguém, anunciou Ricardo Lewandowski nesta quinta-feira, movimentando a política brasileira em um evento no Palácio do Planalto com direito a aperto de mão entre Dino e o seu sucessor. Lula disse que a nomeação vai ser publicada a 19 de janeiro.  Lewandowski , por sua vez, vai ser empossado apenas em 1º de fevereiro.

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