Marconi contesta manifesto assinado por líder do PSDB contra ação da PF e Moraes

Presidente nacional do PSDB declarou que senador “não teve aval do partido” para assinar documento. Manifesto contesta operação que investiga 8 de janeiro e atuação do ministro Alexandre de Moraes

Postado em: 23-01-2024 às 07h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Marconi contesta manifesto assinado por líder do PSDB contra ação da PF e Moraes
O manifesto também põe em xeque a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) | Foto: John William/TV Anhanguera

O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi procurado pela imprensa nacional para dar explicações a respeito do manifesto, assinado pelo senador e líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF), contra operação da Polícia Federal (PF). Marconi assumiu recentemente a presidência nacional do partido e se viu, com o episódio, diante do primeiro imbróglio gerado pelo descompasso das lideranças.

Tudo começou quando figuras da oposição no Senado elaboraram um documento em desfavor da operação da PF contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ). Graças a operação deflagrada na semana passada, as autoridades puderam ampliar o número de informações referentes aos ataques do dia 8 de janeiro que terminaram com a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília. 

O manifesto também põe em xeque a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes é visto como um dos principais ‘adversários’ do bolsonarismo. Sua atuação é lida pelo núcleo duro de apoiadores do ex-presidente, como uma das principais responsáveis por resultar não só na derrota do político em 2022, como também por culminar em sua inelegibilidade até 2030.

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De volta, porém, ao documento assinado pelo senador tucano, Marconi disse em entrevista à CNN Brasil que, na verdade, o senador não teve o aval do partido. “Esse é um posicionamento dele. Não foi tratado no partido”. Marconi também disse ao portal que o assunto sequer chegou a ser discutido internamente. 

Líderes de seis legendas assinaram, na sexta, o documento. O manifesto diz que a atuação do ministro “é, sim, questionável”. “Ele não tem imparcialidade para os processos dos atos de 8 de janeiro de 2023. É supostamente vítima, investigador e julgador. Ele comenta e concede entrevistas sobre processos que estão sob julgamento e opina sobre fatos ainda não julgados”, afirmam as lideranças no movimento conjunto. 

O manifesto divulgado pela oposição faz duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes. Coloca a atuação do magistrado em questão e diz que ele não tem “imparcialidade”. Além do tucano, assinaram também o documento as seguintes lideranças: Rogério Marinho (PL), líder da oposição; Ciro Nogueira (PP), líder da minoria; Flávio Bolsonaro (PL), líder da minoria no Congresso; Carlos Portinho, líder do PL; Tereza Cristina, líder do PP; Mecias de Jesus (Republicanos), líder do Republicanos; e, por fim, Eduardo Girão, líder do Novo

Operação

O deputado Carlos Jordy, que lidera a oposição na Câmara dos Deputados, se tornou alvo de uma operação da PF na última semana. Trata-se da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os atentados registrados em 8 de janeiro de 2023. Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete do parlamentar na Câmara e em um endereço ligado a ele no Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com o portal, ele é suspeito de auxiliar na coordenação do atentado. A PF trabalha com a hipótese de que Jordy tenha colaborado na organização de eventos contrários à democracia no Rio, incluindo um em Goytacazes, e obstrução de estradas. As buscas da PF em desfavor do parlamentar foram autorizadas por Moraes.

Jordy recorreu às plataformas de mídia social para expressar sua opinião sobre a operação. De acordo com ele, é uma ação autoritária, sem justificativa, sem evidência alguma, que tem apenas o “objetivo de perseguir, intimidar e criar uma narrativa às vésperas das eleições municipais”.

“É inacreditável o que nós estamos vivendo. Esse mandado de busca e apreensão, determinado pelo ministro Alexandre Moraes, é a verdadeira constatação de que nós estamos vivendo uma ditadura. Eu, em momento algum do 8 de janeiro, incitei, falei para as pessoas que aquilo ali era correto, pelo contrário, em momento algum eu estive nos quartéis-generais quando estava acontecendo todos aqueles acampamentos”, pontuou.

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