PL não abre mão de candidatura em Goiânia e deve superar PT nas capitais

Surfando na mesma onda da polarização política que marcou as eleições presidenciais de 2022, o PL goiano deverá apostar em fichas semelhantes no pleito municipal deste ano. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é responsável pela maior bancada na Câmara dos Deputados, com 99 parlamentares eleitos, também deve superar o PT em candidaturas próprias nas capitais nas eleições de 2024.

De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico publicada nesta semana, o PL poderá chegar a 18 candidaturas próprias para as prefeituras. O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, deve seguir com a estratégia de abrir mais espaço para alianças — como já pode ser visto na montagem de chapa para a Prefeitura de São Paulo que terá Guilherme Boulos (Psol) como cabeça, e a ex-senadora Marta Suplicy, que voltou ao PT para ser vice do psolista. Em Goiânia, os petistas ainda articulam a adesão do senador Vanderlan Cardoso (PSD) à chapa de Adriana Accorsi (PT) para disputarem juntos a Prefeitura da Capital — o senador, porém, acha essa aliança pouco provável. Leia na página 6 desta edição. 

O PL só fechou alianças com outros partidos em três capitais: em São Paulo, Porto Alegre e Salvador, onde apoiará respectivamente a reeleição dos prefeitos Ricardo Nunes (MDB), Sebastião Melo (MDB) e Bruno Reis (União Brasil). O PL não deverá abrir mão de candidatura própria para Goiânia. O deputado federal Gustavo Gayer é o nome confirmado pela legenda como pré-candidato ao Paço Municipal. Ainda não há definição de seu vice, mas conforme apurou o jornal O HOJE, o PL goiano deverá seguir as orientações nacionais do partido que recomendam a formação de chapas puras, ou seja, quando a sigla lança seus pré-candidatos sem coligações.

“A deliberação é a seguinte: o PL vai ter candidato. Quem quiser apoiar, é bem-vindo. Mas o partido não vai negociar isso em troca de apoios”, comenta o deputado estadual Major Araújo (PL) ao jornal O HOJE.

Além do mandato que exerce na Câmara dos Deputados, para o qual foi eleito com mais de 200 mil votos em 2022, Gayer também acumula legião de seguidores nas redes sociais. No YouTube, o canal do deputado tem mais de 1 milhão de inscritos, enquanto no Instagram ele passa de 1,5 milhão de seguidores. Em uma recente publicação em que comemora a sua liderança nas pesquisas estimuladas de intenção de voto para prefeito de Goiânia, o parlamentar escreveu: “Somos uma cidade de direita”.

O trabalho nas plataformas digitais — onde compartilha sobretudo vídeos com comentários acerca de fatos da vida nacional —, porém, o fez se tornar alvo de uma ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social no ano passado. O texto também pediu a inelegibilidade do parlamentar. 

A ação lembra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos. Por maioria dos votos, com placar de 5 a 2, ficou reconhecido para o Plenário da corte a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros no dia 18 de julho de  2022. Walter Braga Netto, que compôs a chapa de Bolsonaro à reeleição, foi excluído da sanção, uma vez que não ficou demonstrada sua responsabilidade na conduta. 

Aliado do ex-mandatário, Gayer deve receber as “bênçãos” oficiais de Bolsonaro em apoio a sua pré-candidatura nas próximas semanas. Dentro do PL, a expectativa é de que o ex-presidente viaje a Goiânia para sacramentar, juntamente com as demais lideranças partidárias, o nome do deputado. 

Caso ocorra, o evento deverá dar o desfecho para a estratégia da sigla de viabilizar um nome na disputa à Prefeitura de Goiânia que teve início ainda em 2023. Em agosto do ano passado, Bolsonaro esteve na Capital para se reunir com aliados e receber o título de cidadão goiano na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Na ocasião, o ex-presidente posou para foto com Gayer e também com o então deputado estadual Fred Rodrigues (DC), que teve mandato cassado pelo TSE no fim do ano.