Caiado reafirma interesse por apoio de Bolsonaro

Em entrevista, governador critica câmeras em policiais e diz que União Brasil não deve abrir mão da cabeça de chapa em Goiânia

Postado em: 29-01-2024 às 10h30
Por: Gabriel Neves Matos
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Em entrevista, governador critica câmeras em policiais e diz que União Brasil não deve abrir mão da cabeça de chapa em Goiânia | Foto: Divulgação/ Governo de Goiás

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já se coloca como pré-candidato à Presidência da República em 2026, afirmou que buscará o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para fortalecer o seu projeto de ser o próximo chefe do Executivo nacional e que seu partido não deverá caminhar com o presidente Lula (PT) na próxima eleição. “Eu sou extremamente respeitoso em relação às decisões pessoais do ex-presidente Bolsonaro, mas não posso negar a importância do apoio dele na campanha. Tabalharei, sim, para ter o apoio dele à minha candidatura”, disse Caiado. 

Em entrevista ao jornal O Globo no sábado (27), o governador ponderou que, sobre a eleição de 2026, nenhum martelo está batido e que é tempo de avaliar gestões e os possíveis cenários. “Eu não posso transferir para ele [Bolsonaro] a responsabilidade da minha pré-campanha. Eu preciso é fazer por onde merecer este apoio”, afirmou Caiado. “Mas ele conhece os meus valores apresentados desde a campanha de 1989, quando eu já defendia a propriedade privada e os valores conservadores. São justamente os valores despertados pelo bolsonarismo na população brasileira.”

Com os acenos mirando em 2026, o governo Caiado tem obtido avaliação positiva dos goianos em pesquisas de aprovação. Conforme mostrou O HOJE, em gesto ao bolsonarismo, o mandatário exaltou números da segurança pública em nova peça publicitária veiculada na televisão e nas mídias digitais em que mostra a diminuição nos índices de criminalidade e investimentos nas polícias de Goiás. A publicidade, no entanto, não aborda dados acerca do feminicídio no estado, da violência nas escolas e tampouco números sobre a violência sexual infantil. 

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Na entrevista ao jornal O Globo, Caiado afirmou ter “arrepios quando ouve falar na criação de conselhos” de polícias, numa referência à proposta do ainda ministro da Justiça Flávio Dino — com quem diz ter um bom relacionamento — de criar um Conselho Nacional das Polícias. “Segurança pública não é feita de ouvir teóricos que nunca foram à frente. É necessário, sim, entender os motivos da falta de segurança em cada região ou estado. Mas não há uma forma única para tratar o problema da segurança do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte”, disse o governador. 

Ainda no tema da segurança pública, ao ser questionado sobre o que acha de incorporar câmeras às fardas dos policiais, o governador de Goiás disse que “colocaria câmeras em bandidos, isso sim”. “Queria monitorar quem sai de presídios usando tornozeleiras. O Estado tem um gasto exorbitante para controlar o crime. Não vejo motivos para monitorar o policial. Para mim, a câmera não protege o policial de nada.”

Presidente estadual do União Brasil, partido que ainda não definiu oficialmente um nome para a pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia, Caiado também afirmou que tentará aglutinar o maior número de partidos em volta de uma candidatura até a data da convenção da legenda, prevista para o mês de junho, e que o União não deve abrir mão da cabeça de chapa na Capital goiana. “Hoje, quero dialogar com o Republicanos, MDB e PP, por exemplo. Mas, sim, eu gostaria que o União encabeçasse a chapa. Temos feito um trabalho em que é necessária uma parceria na capital.”

Nas últimas duas semanas, ruídos envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), provocaram incômodo no governador. O chefe do Legislativo teria antecipado seu nome como pré-candidato do UB à Prefeitura de Goiânia. Sem a autorização de Caiado para dar prosseguimento ao projeto político, Peixoto fez “recuo estratégico”, segundo interlocutores, buscando “baixar a poeira” especialmente com a base do governador. 

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