Começa transição de hegemonia tucana que perdurou por 20 anos

Os dois acenaram para um trabalho tranquilo e sem ataques; senador Wilder Morais vai coordenar os trabalhos

Postado em: 23-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Os dois acenaram para um trabalho tranquilo e sem ataques; senador Wilder Morais vai coordenar os trabalhos

Ronaldo Caiado e José Eliton se encontraram no Palácio do governo e, em discurso uníssono, falam em respeito mútuo

Venceslau Pimentel*

O governador José Eliton (PSDB) e o governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) discutiram ontem, em reunião realizada no 10º anda do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, o rito do trabalho da equipe de transição e de que forma se dará o repasse de informações da situação administrativa do Estado.

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Em entrevista à imprensa, os dois acenaram para uma transição tranquila e sem ataques mútuos, por entenderem que, acima de questões de cunho político-partidário, estão os interesses da população goiana.

“Será uma transição madura, respeitosa, e que o vencedor dessa transição é justamente o cidadão goiano. Agradeço a visita do governador eleito, por estabelecer essa transição com olhar no futuro do estado e no bem-estar da população goiana”, disse Eliton.

Caiado também afirmou que o objetivo da parte dele é de uma transição que cumpra todo o ritual que se deve cumprir, dentro de um sistema democrático, republicano, e com respeito e objetivo único, a partir de agora, de fazer com que o cidadão goiano seja o maior beneficiário. “As eleições se encerram no dia 7 de outubro, e a partir de agora o objeto único nosso é construir e dar continuidade a um Estado de Goiás cada vez mais produtivo e com atenção voltada ao cidadão”.

À imprensa, Caiado comunicou que o senador Wilder Morais (DEM) será o coordenador de sua equipe de transição, ao lado do prefeito Adib Elias (MDB), de Catalão. Eliton já havia anunciado os nomes que comporiam o processo. São eles: o secretário de Gestão e Planejamento, Joaquim Mesquita; secretário-chefe da Controladoria-Geral do Estado, Tito Souza do Amaral; secretário da Casa Civil, Fernando Tibúrcio; presidente do Ipasgo, José Carlos Siqueira; e o superintendente executivo da Sefaz, Afrânio Cotrim Júnior.

Questionado sobre o motivo de ter escolhido dois nomes fora do contexto técnico, já que após a eleição ele disse que a equipe seria cem por cento técnica, o governador eleito explicou que a escolha de Wilder e Adib se deu para que façam a interlocução com o governador José Eliton e secretários durante o processo de transição.

A parte técnica da equipe ficará por conta da Comunitas, uma organização especializada na prestação de assessoria governamental, tanto na questão de transição quanto na gestão pública. Caiado afirmou que o trabalho não terá custo nem para o governo nem para o Democratas.

Na entrevista, Eliton reafirmou que a pretensão do governo é fazer uma transição no mais alto nível possível, e que todas as equipes estão orientadas a repassar todas as informações solicitadas pelo governador eleito, para propiciar a ele as condições de elaborar as prioridades na sua gestão

“Destaquei alguns pontos importantes ao governador eleito, que está tomando decisão em relação a alguns temas, e nós vamos buscar estabelecer essa transição da melhor maneira possível.

Na reunião, que durou cerca de uma hora, Caiado entregou uma carta de apresentação, com solicitação de informações diversas sobre o quadro administrativo atual do governo, que serão entregues à equipe de transição. Ele especificou pontos como arrecadação gastos e situação fiscal. “Conversamos e tratamos de vários assuntos. Todas as matérias foram bem explicitadas pelo governador, que se colocou à disposição de informar os dados necessários solicitados neste momento”, pontuou o democrata.

Com a boa vontade do governador, Caiado salientou que a sua equipe terá acesso direito aos dados governamentais que, ao final, serão cruzados. A partir daí frisou que terá em mãos informações e diagnóstico precoce de todas as ações que terão interferência no seu governo, a partir de janeiro de 2019.

A conversa com o governador, pontuou Caiado, foi no sentido de mostrar a sua disposição de selar uma parceria completa na transição. “A disposição dele (José Eliton), em poder promover com total abertura nessa transição, que mostra que a campanha eleitoral se encerrou dia 7, e que, a partir de agora, nós estamos ombreados com um único objetivo. É essa maneira madura, republicana de se fazer uma transição, respeitosa. É isso que o estado espera de nós, como duas pessoas que nos conhecemos, de poder mostrar ao estado que é fazer desenvolvimento e melhoria na vida do povo”. 

Wilder diz que equipe vai trabalhar sem folga até conclusão do relatório 

Definido como coordenador da equipe de transição, escolhido pelo governador eleito Ronaldo caiado, o senador Wilder Morais (DEM) disse que o trabalho da equipe terá início de imediato. Segundo ele, não haverá nenhum dia de folga até a conclusão dos trabalhos, sem impor limite de data.

“Vamos discutir, em cada departamento do governo, de cada secretaria, haverá técnico especializado em cada área, como saúde, educação e segurança pública, para que a gente possa o mais rápido possível passar o relatório para o governo eleito, para que ele tenha o conhecimento de todas as áreas do governo e tomar decisões”, explicou.

Ainda de acordo com Wilder, será feito um levantamento de todos os programas do governo, dentre eles, o Renda Cidadã e Bolsa Universitária, para que Caiado, a partir daí, possa tomar decisão, por exemplo, em relação a uma eventual reforma administrativa.

O senador assegurou que o trabalho técnico, a ser feito pela Comunitas, é reconhecido nacionalmente pela sua competência, o que possibilitará a feitura de um relatório preciso e detalhado de cada área. “Modéstia à parte, se eu fiz alguma coisa na minha vida, é de caráter técnico. Estou na política há pouco tempo. Com certeza, vamos fazer um relatório muito preciso e muito detalhado em cada área. E a equipe inteira vai dar sugestões, avaliando cada setor do governo”, disse.

Wilder Morais adiantou que o próximo passo é solicitar um relatório detalhado de todas as pastas da atual administração, com base nesses relatórios serão adotadas a medidas para a próxima gestão. Também está previsto um levantamento de todos os bens do estado e de todas as pendências e dívidas existentes. Como coordenador da equipe, Wilder Morais acredita que haverá transparência no processo e disse ser certa a boa vontade do atual governo em auxiliar a transição, assim como no potencial técnico da Comunitas.

Ronaldo Caiado disse que Wilder Morais e Adib Elias por enquanto são os nomes a comporem esse primeiro momento do futuro governo e que ele está ainda “no primeiro degrau” dos estudos de possíveis nomes para todos os escalões da nova administração. “Eu como cirurgião, gosto de seguir etapas, primeiros fazemos o diagnóstico, depois decidimos qual o tratamento adotar”, completou o governador eleito.

Perfil

Wilder Morais é senador da República, mas tem perfil técnico:  formou-se em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), tem profundo conhecimento de cálculos e empreendedorismo.

É um dos proprietários da Orca Construtora, que se notabilizou nas últimas décadas por construir supermercados da rede Carrefour em vários países do mundo.

Como empresário, Wilder tornou-se conhecido por realizar negócios exclusivamente com o segmento privado.

Assumiu mandato de senador em 2012, tornando-se líder do grupo de 13 senadores – aliança política determinante para a provação da pauta de interesse do Governo Federal. Foi vice-líder da presidência da República na mesma casa e assumiu comissões importantes, como a que relatou as Obras Paradas.

É autor da proposta de lei convertida na Lei Federal 13.490/17 que modifica a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e que permite o investimento direito da iniciativa privada nos projetos de pesquisa científica – mesmo modelo das grandes faculdades americanas.

Durante a campanha eleitoral deste ano, a imprensa o reconheceu como o parlamentar que mais trouxe recursos para Goiás em toda história, entre emendas orçamentárias e articulações junto aos ministérios, Caixa Econômica Federal e demais empresas públicas.

Conforme levantamento da imprensa no Senado Federal e ministérios, os aportes chegaram a R$ 4,5 bi em seis anos de mandato. (*Especial para O Hoje) 

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