Regionalizar a saúde será uma das marcas do recém-eleito Caiado

Rafael Oliveira*

As primeiras ações do governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) sobre a Saúde em Goiás serão emplacadas nos primeiros meses de gestão, segundo o futuro governante. O leque aberto pelo senador traz execuções em frentes consideradas essenciais pela população e por áreas técnicas, como o apontado pelo Sindicato dos Médicos de Goiás. O projeto de regionalização do atendimento médico será percebido mais claramente como uma marca de Caiado no primeiro ano de governo, segundo o cirurgião pediatra Zacarias Calil (DEM), eleito deputado federal com 155 mil e aliado do senador. 

Em paralelo a regionalização dos atendimentos médicos, Caiado prepara uma parceria com o Hospital do Câncer de Barretos, em São Paulo – a maior referência em tratamento de oncologia do Brasil. “Levaremos médicos e especialistas às regionais em Goiânia para produzirmos uma política preventiva com diagnóstico precoce, como o convênio que vamos fazer com o Hospital de Câncer de Barretos [atualmente chamado de Hospital de Amor] com o objetivo de trazer rapidamente a Goiás, tão logo tomemos posse, três carretas, sendo duas para exames de mamografia e papanicolau, para diagnosticar a fase inicial de câncer das mulheres”, explicou o senador.

O aliado Zacarias Calil aposta em choque de gestão entre a atual governadoria e a futura mão de Caiado sobre as secretarias estaduais. “O discurso dele em cima da Saúde sempre foi muito contundente, acredito que ele fará mudanças significativas na área para responder os anseios da população e o projeto de governo dele gira em torno disso”, avaliou Calil.

Entre as propostas do senador ao governo está a manutenção das Organizações Sociais (OSs) que gerenciam os hospitais públicos estaduais. Desde o início da campanha ele defende o modelo atual de OSs vigente. A mudança que Caiado pretende implementar é otimizar a eficiência do trabalho das organizações, a partir de revisão de contratos e gastos. “Vou rever todos os contratos e avaliar de que maneira está chegando o atendimento à sociedade. Se o gasto é compatível com o resultado, se tem eficiência e se realmente é o melhor caminho a ser tomado”, adiantou o futuro governador. 

Caiado não dispensa outras modalidades de gerenciamento na Saúde, desde que tragam a eficácia que pretende implementar. “Não tenho preconceito com nenhuma modalidade de OS, de parceria público-privada, de qualquer outra ferramenta que venhamos futuramente produzir no sentido de dar melhor qualidade de vida ao goiano”. 

Apesar de manter a prática de deixar o gerenciamento do recurso público na mão das OSs, o novo governador não deixou de criticar a gestão utilizada nos últimos anos. “O que se tem praticado hoje não é correto. Não há a menor condição de socorrer um acidentado, alguém que tenha sofrido um acidente vascular cerebral, um infarto grave, lesões vasculares ou apresente um quadro de acidente politraumatizado”, disse Caiado ao reforçar a tese da regionalização de atendimento. “As pessoas muitas vezes ficam a 500 quilômetros de Goiânia. O mínimo para que se possa dar dignidade é ter a regionalização da saúde. Este ponto é foco principal”. 

As entidades que trabalham na área de saúde, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Vila São Cottolengo e Associação Pestalozzi serão valorizadas na gestão democrata e farão parte das ações de maximização de atendimento médico. “Cada uma em sua área específica. O Estado não é capaz de tudo. É capaz de fomentar, orientar e distinguir as ações que são mais urgentes, buscando sempre parcerias com os diferentes segmentos da sociedade de Goiás para que possamos mostrar um governo participativo”, disse Caiado. 

No pacote da regionalização, estão inclusas a construção de 17 policlínicas, em parceria com as Prefeituras, em cada região estratégica do estado. O Hospital do Câncer e do Coração também estão no plano de governo do democrata. 

Em sua plataforma de governo, Ronaldo Caiado fala ainda no fortalecimento da gestão regional e suporte de equipamentos fundamentais para toda a rede de saúde. Ele afirmou que irá garantir que todos os municípios tenham laboratórios de análise clínica para exames complementares básicos essenciais e que acesso facilitado a equipamentos médicos essenciais, tais como desfibrilador, ultrassom e eletrocardiógrafo. 

Governador eleito quer levar médicos especialistas ao interior de Goiás 

Uma pesquisa do Instituto Serpes, realizada em agosto deste ano, mostrou que os goianos consideram a saúde o maior problema do Estado – apontado por 53,1% dos entrevistados. 

Atualmente 67% dos médicos goianos moram na capital. Os especialistas são 66,8% e os generalistas são 33,2% dos médicos que atendem em Goiânia. As regiões mais distantes e menos desenvolvidas de Goiás sofrem com a falta desses profissionais. “Vamos ter a coragem de apresentar um projeto de lei na Assembleia para que os médicos especialistas tenham um complemento salarial como incentivo a ir para interior. Além disso, vamos criar as policlínicas regionais que poderão avançar rapidamente na triagem de pacientes, especialmente os crônicos”, contou Caiado.

Segundo consta no plano de governo, a ideia é fazer funcionar, com excelência, os hospitais regionais existentes e minimizar os vazios assistenciais identificados nas regiões do estado para serviços de média e alta complexidade, por meio da ampliação da gestão regional e do aperfeiçoamento e ampliação da rede via parcerias com o terceiro setor. Além disso, serão priorizadas a eficiência e a equidade nas ações e serviços prestados, humanizando e melhorando a qualidade do atendimento.

Ao falar do quanto se sente gratificado por poder contar com o apoio da classe médica em mais uma disputa, Ronaldo Caiado lembrou de sua luta por uma saúde de qualidade e do resgate que pretende fazer na área caso seja eleito, uma vez que a saúde é considerada pela população como um dos principais gargalos da administração estadual. “Esta campanha não é só para eleger um governador, mas para trazer uma nova maneira de governar. Precisamos resgatar Goiás, que é hoje um dos piores Estados brasileiros do ponto de vista fiscal e com centenas de obras inacabadas, incluindo hospitais regionais que há anos são prometidos e nunca saem do papel”, frisou.

Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Rafael Martinez também reconheceu a luta do democrata no Congresso Nacional. “O senhor provou que defende a área da saúde. Tenho certeza que, se chegar ao governo, o mais importante na gestão serão as pessoas”, analisou Martinez, em um encontro do segmento médico com o governador eleitono meio de setembro.(*Especial para O Hoje)