Em entrevista, Lula avalia pedidos de anistia feitos por Bolsonaro como ‘confissão de crime’ 

Desde o ato de Bolsonaro, essa foi a primeira vez que o presidente expôs sua opinião sobre a manifestação

Postado em: 28-02-2024 às 16h12
Por: Isadora Miranda
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Desde o ato de Bolsonaro, essa foi a primeira vez que o presidente expôs sua opinião sobre a manifestação | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Depois de evitar comentários sobre a realização do ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exprimiu seus pensamentos sobre a manifestação. Apesar de concordar que houve, sim, a presença de uma grande quantidade de pessoas, o chefe do Executivo lamentou a motivação responsável por levar a multidão às ruas.  

“Eles fizeram uma manifestação grande em São Paulo. Mesmo quem não quiser acreditar, é só ver a imagem. Como as pessoas chegaram lá ‘é outros 500’”, afirmou Lula. Em contrapartida, segundo o estadista, os propósitos dos bolsonaristas não eram válidos. “O dado concreto é que foi uma manifestação em defesa do golpe”, completou ele em entrevista concedida ao jornalista Kennedy Alencar, da “Rede TV!”, transmitida na noite da última terça-feira (27/2).  

Ainda, Lula falou, também, sobre a presença de governadores. De acordo com ele, o comparecimento das figuras políticas não seria o cerne do problema — a verdadeira questão seria a ausência de lucidez nos discursos proferidos por elas. “Primeiro, essa gente toda tinha obrigação de estar lá, porque somente foi eleita por causa de Bolsonaro. O Tarcísio [de Freitas] sabe que ele só foi eleito pelo voto do Bolsonaro, porque o Tarcísio era uma figura totalmente desconhecida em São Paulo. A mesma coisa, o Zema. O Caiado já era uma figura mais conhecida, mas também teve votos de Bolsonaro. Então, esses ‘caras’ tinham que estar lá, não vejo nenhum problema. (…) O que eu acho é que os discursos foram muito ‘vaselina’. Os discursos eram recomendados pelos advogados.”, expôs o presidente da República.  

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“Eles todos [estavam] com muito medo, [tomando] muito cuidado. […] De qualquer forma é importante a gente ficar atento, porque essa gente está demonstrando que não está para brincadeira”, completou o petista.  

Pedidos de anistia 

No domingo (25/2), Bolsonaro clamou pela anistia dos participantes do 8 de janeiro de 2023. “É uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil. Agora, nós pedimos a todos 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja justiça no nosso Brasil”, declarou.  
 
Para Lula, o pedido configura uma “confissão” dos crimes supostamente cometidos. “Quando o cidadão [Bolsonaro] lá pede anistia, ele está dizendo: ‘Não, perdoe os golpistas’. Está confessando o crime”, pontuou.

“Eles [os presos pelo 8 de janeiro] nem foram julgados ainda, eles estão presos como garantia da paz e da ordem deste país. Ainda não descobriu quem mandou, financiou, porque houve uma tentativa de golpe”, finalizou o chefe do Executivo.

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