Caiado reage às críticas de Bolsonaro: “não sou cordeirinho”

Interlocutores de Bolsonaro, depois do ato, começaram a somar as coisas, compreender ações, e falas, e entenderam de uma vez por todas: Caiado quer mesmo é receber a transferência de votos de Bolsonaro

Postado em: 09-03-2024 às 08h15
Por: Yago Sales
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Depois de ato na Paulista, onde Caiado foi para apoiá-lo, Bolsonaro parece ter percebido intensidade em intenção de Caiado de concorrer ao Planalto em 2026 | Foto: Reprodução

Jair Messias Bolsonaro, quando não gosta, diz logo. Na cara, se possível. Antes do ato na Paulista, naquele domingo, dia 25 de fevereiro, o ex-presidente estava tranquilo com tudo e todos. Embora tenha arrastado uma multidão à Avenida mais famosa do Brasil – a USP contou, com ajuda de inteligência artificial, 185 mil pessoas -, poucos pesos pesados da política se sujeitaram à defesa de Bolsonaro, acusado de tramar um golpe. Caiado esteve por lá, mas de forma discreta. 

Interlocutores de Bolsonaro, depois do ato, começaram a somar as coisas, compreender ações, e falas, e entenderam de uma vez por todas: Caiado quer mesmo é receber a transferência de votos de Bolsonaro, inelegível até 2030.  Bolsonaro foi flagrado aos berros, implicando com ida ao evento do agronegócio Expodireto Cotrijal, no município de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul. 

Em entrevista reveladora ao UOL nesta sexta-feira (8), ele respondeu a alguns recados de Bolsonaro. Entre outras coisas, afirmou que nunca foi “cordeirinho” ao comentar sua relação com o ex-mandatário do Partido Liberal, sigla que, como se cogitou, seria um ótimo destino a Caiado caso o União Brasil — o que ainda é uma incógnita por conta da federação com PP e Republicanos — para disputa à Presidência. 

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O problema, no entanto, é: Bolsonaro quer continuar levando seu nome como candidato até 2026. Se possível, vai lançar-se mesmo sob proibição. E pode dar, como diz no dito popular, com os burros n´agua, sem conseguir viabilizar alguém com peso político-eleitoral, como ocorreu com Lula da Silva em 2018, antes de ele ser preso. 

Indagado sobre eventual rompimento com Bolsonaro – vale lembrar que ambos já se estranharam algumas vezes e tiveram boa relações outras tantas – Caiado respondeu, esperto que é: “não faz sentido esse negócio de está bem ou está mal”. E complementou, do jeito que todos o conhecem: “Você ser aliado politicamente não quer dizer que você esteja ali totalmente engessado”.

Caiado, que tem se destacado por causa da Segurança Pública em Goiás, ainda dissertou: “Eu sempre fui um político que sempre teve muita coerência nas minhas posições e também muita independência moral. Eu nunca fui cordeirinho, não sou vaquinha de presépio para dizer amém. Eu estou ali na política para defender as ideias que eu acredito. “

Como apurou o jornal O Hoje, Bolsonaro parece não ter se esquecido de quando, em 2022, Caiado não o apoiou num primeiro turno, mantendo-se neutro quanto à opinião sobre a corrida em nível federal. No segundo turno, já reeleito, Caiado subiu no palanque. E beneficiou, de alguma maneira, Bolsonaro, sobretudo quanto às perdas de votos por conta da gestão catastrófica da pandemia de Covid-19 e o negacionismo eloquente. 

E foi aí, neste ambiente, que Caiado pesou a mão contra Bolsonaro. Médico, agiu contrário às imposições do presidente à época que, ao invés de estimular o uso de máscara e distanciamento, foi às ruas, sobretudo de Goiás, pregar o fim do fechamento de estabelecimentos. Caiado foi contra, em favor da vida dos goianos. 

Sobre a tentativa de golpe do núcleo, Caiado, em entrevistas, defendeu que houvesse uma anistia aos envolvidos. “Eu fui o primeiro político a pronunciar sobre anistia. É o seguinte, não é a cultura do Brasil ficar nessa retaliação. Eu fui o único governador a proibir o tráfego de ônibus para Brasília. Isso é invasão. No meu estado, não admito invasão, (…) não existe isso em Goiás. É falta de comando, falta de gestão.” (Especial para O Hoje) 

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