Polarização pode ser o melhor caminho para Accorsi e Gayer na briga por Goiânia

Com cenário ainda aberto, a capital conta com uma grande quantidade de indecisos

Postado em: 12-03-2024 às 10h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Polarização pode ser o melhor caminho para Accorsi e Gayer na briga por Goiânia
Representantes de polos antagônicos, candidaturas petista e bolsonarista podem levar vantagem em cenário de polarização ideológica | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Goiânia, historicamente conhecida por evitar extremos, tem uma preferência por representantes com um perfil mais moderado. As escolhas para liderança na capital do Estado nem sempre se inclinaram aos polos. No entanto, a história recente revela um acontecimento singular e inédito para o Brasil e seu povo: o surgimento do bolsonarismo. Este “fenômeno” revolucionou conceitos, quebrou paradigmas e desafiou diversas teorias sobre estratégias eleitorais bem-sucedidas.

O bolsonarismo alcançou destaque ao ocupar a presidência da República de 2018 a 2022, mas foi posteriormente afastado do poder, cedendo espaço, mais uma vez, ao Partido dos Trabalhadores (PT). A polarização ideológica entre as forças políticas expôs uma Nação dividida como nunca antes. Mesmo após perder o Executivo, o fenômeno bolsonaro demonstrou, em várias ocasiões, que ainda pulsa. Surge então a incógnita: será capaz de influenciar as eleições municipais de 2024? Muitos acreditam que sim.

Para os defensores desta possibilidade, os indícios são claros. Em Goiânia, por exemplo, acredita-se que a força do bolsonarismo impulsionou o nome do deputado federal Gustavo Gayer (PL) ao protagonismo em algumas pesquisas de intenção de voto. Este, para os defensores da tese, é apenas um dos sinais que apontam para a influência significativa do bolsonarismo na iminente disputa eleitoral.

Continua após a publicidade

Outro nome em destaque é o da deputada federal Adriana Accorsi (PT), vista por muitos como a principal adversária a ser ‘combatida’. A aceitação de seu nome é atribuída à influência do Governo Federal, que por meio de Lula, pode fortalecer sua candidatura em Goiânia.

Uma ala dos analistas políticos já vislumbra que ambos os candidatos se destacam principalmente por representarem votos ideológicos. Aqueles que compartilham dessa visão acreditam que os indecisos, considerável parte do eleitorado goianiense, tendem a buscar alternativas além dos extremos representados por Gayer e Accorsi no futuro próximo. Caso isso se concretize, poderá, porém, limitar significativamente o crescimento de ambas as candidaturas.

Ao jornal O HOJE, o cientista político Guilherme Carvalho disse acreditar em tal avaliação. Ele, porém, acrescenta que a situação não se resume apenas ao ‘voto ideológico’ e que um cenário de polarização (que não se tem hoje) poderia, na verdade, contribuir com ambos os nomes. 

“Por enquanto a situação não está polarizada e na minha avaliação só vai chegar a esse ponto se a Adriana [Accorsi] quiser. Se ela abraçar realmente a pauta antibolsonarista, ambos entrarão em uma disputa particular. Os demais, por sua vez, teriam que promover um outro tipo de disputa”, introduziu. 

Segundo o analista, a maior parte dos eleitores ainda não foi “ativada”. “Esse é o termo que a gente usa em referência ao período em que o eleitor ainda não pensa na eleição. Isso só vai acontecer com a inauguração da campanha, em meados de julho”, estimou.

Neste momento, o analista defende que as pesquisas, especialmente as estimuladas, apontam nomes com votos consolidados, de forma que as ‘terceiras vias’ só poderiam crescer largamente em um cenário não polarizado. “Se uma polarização se consolidar, aí o voto não é mais por preferência de alguém, mas para exclusão do outro”. Em outras palavras, as pessoas votariam não por favoritismo, mas por rejeição. 

Para Guilherme Carvalho, o caminho ‘do meio’ ainda está aberto. “A maior parte da população está aí para ser conquistada, mas só será possível se a polarização não ganhar a agenda pública. Se a Adriana topar [a briga entre petismo e bolsonarismo] talvez seja a melhor solução para os dois e a única possibilidade de ambos estarem no segundo turno. Nesse caso, seria, no final das contas, uma disputa entre Lula e Bolsonaro. (…) Vai depender muito mais dos dois do que de qualquer outro candidato”, pontuou.

Veja Também