Igreja ‘fracassa’ em Anápolis com desdém a Márcio Cândido
Pelo menos a igreja em Goiás. Cândido, embora preterido, está tranquilo, “conformado”
Por: Yago Sales
Afinal, o que é a igreja? Existe uma máxima de que “a igreja somos nós”. Depende. Pode ser uma instituição, devidamente organizada. Como unidade espiritual, é apropriada para, em prol de Deus de Abraão, de Isaac, e de Jacó, adoração. Mas, pode ser um agrupamento político-ideológico capaz de abençoar ou desprezar qualquer nome. Eleger ou derrotar, em casos de eleições.
Anápolis é uma das cidades goianas mais importantes. Incapaz de encará-la como um dos eixos políticos não apenas de Goiás, mas do País, sobretudo pela importância econômica que sua veia industrial reverbera. E tem o Porto Seco. Para citar apenas um exemplo.
Atualmente, o prefeito, em segundo mandato, é Roberto Naves. Recentemente ele deixou o PP – de Alexandre Baldy – e não apenas filiou-se ao Republicanos, como tornou-se o presidente estadual da sigla, tornando-se um dos homens de confiança, em todo o País, do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pereira – o rosto político da Igreja Universal do Reino de Deus, ou seja, Bispo Edir Macedo.
Por dois mandatos, Naves caminhou com Márcio Cândido, um conhecido pastor da Assembleia de Deus de Anápolis. Ele não é apenas pastor de título. Dirigiu igrejas. Isto, no meio evangélico, conta muito. É o tipo de religioso que sabe como “cuidar das ovelhas”, como fez Davi, com capacidade até para tirá-las da boca de leão e ursos. E, para Cândido, predominantemente à direita, não tem boca mais afiada e maldosa do que o esquerdismo e comunismo.
Ele até dissertou sobre tudo isso em uma entrevista ao jornal O Hoje semanas atrás, quando ele estava bastante confiante de que seria – não apostava tanto como candidato do prefeito – mas do bolsonarismo. O nome de Cândido, ao que parece, foi preterido pela ala conservadora ligada ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro para outro Márcio, o Márcio Corrêa. Este, inclusive, ficou quietinho depois que um grupo de pastores influentes da Assembleia de Deus não apenas anapolina, mas estadual – entre eles o Bispo Oídes – esteve no Palácio das Esmeraldas para tentar mostrar força ao governador Ronaldo Caiado em apoio a Márcio Cândido. Não deu certo.
O que tem se falado, contudo, é que Silas Malafaia, o homem que Bolsonaro ouve, deu as cartas na cidade em prol de Márcio Corrêa. Enquanto isso, o prefeito da cidade despistou qualquer chance de apoiar o seu vice para colocar no jogo o nome de sua ex-secretária de Educação e Integração Social Eerizania Freitas na corrida eleitoral.
Ao mesmo tempo, o candidato de Jair Bolsonaro passa a ser Márcio Correa que, inclusive, no mandato de deputado federal que ele teve por alguns meses, fez bem o trabalho de casa. Se aproximou da ala ideológica do bolsonarismo na Câmara Federal, consolidando-se. Ele até esteve na posse do presidente de direita da Argentina Javier Milei. Posou ao lado de Bolsonaro, todo sorridente. E também esteve no ato em São Paulo, em apoio ao ex-presidente depois da ofensiva da Polícia Federal.
De qualquer maneira, este é, por ora, o cenário. Tudo pode mudar. Afinal, espera-se disputas internas de partidos, pesquisas com eleitorado. O fato é: a base da direita tem um desafio eloquente: derrotar a ascensão do candidato do PT de Lula da Silva, o deputado estadual Antônio Gomide, que, por enquanto, lidera em todos os cenários. (Especial para O Hoje).