Goiás sofreu com a redução de mais de três mil postos de trabalho

Ao contrário do saldo nacional, Goiás sofre com a extinção de empregos formais. Foram três mil vagas a menos no mercado

Postado em: 24-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ao contrário do saldo nacional, Goiás sofre com a extinção de empregos formais. Foram três mil vagas a menos no mercado

Raphael Bezerra*

O estado de Goiás sofreu com a redução de mais de três mil postos de trabalhos no mês de outubro. Queda nos empregos formais representa trajeto oposto a média nacional que obteve crescimento. O saldo negativo do estado chega a 3.656 empregos a menos no mercado, o levantamento é feito pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho. 

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Goiás recua na tendência nacional de crescimento no aumento de vagas de trabalhos. Situação piora no estado que perde três mil postos de trabalho. O setor que mais demitiu foi o de indústria de transformação, com 3.473 fechamentos de vagas. Por outro lado, o Comércio abriu 576 novas vagas, em Serviços foram 575 novos postos e o Serviço Industrial de Utilidade Pública, 47 novas vagas.O número representa redução de -0,29%, em relação a setembro. Foram 47.058 admissões e 50.623 desligamentos durante o período.

A perda é considerada grande por especialistas tendo em vista que em setembro o estado conseguiu um crescimento de 3.265 empregos, o que contribuiu para o crescimento naquele mês foi o setor de serviços com a criação de 1.550 novos postos de trabalho. Em seguida aparecem os segmentos do Comércio, com 1.260 vagas, e da Construção Civil, com 567 novos empregos.

Estado precisa segurar as pontas para não terminar o ano com saldo negativo na geração de emprego. Com a saída de mais empresas do mercado goiano, o estado pode consumir o saldo positivo que mantém atualmente. Na somatória dos 12 últimos meses Goiás matem uma margem razoável mas que preocupa trabalhadores e empresários, foram abertas 4.342 novas vagas (+3,71%) e 24.178 postos de trabalho (+1,99%), respectivamente, durante os 12 últimos meses. 

Desempenho nacional 

Mantendo a tendência de crescimento, o mês de outubro foi de alta em número de empregos formais no Brasil, de acordo com o Caged. O país fechou o período com saldo positivo de 57.733 postos de trabalho formais, o que representa um acréscimo de +0,15%, em relação a setembro.

Foram 1.279.502 admissões e 1.221.769 desligamentos. Entre janeiro e outubro, houve crescimento de 790.579 empregos – uma variação positiva de +2,09%. O saldo acumulado deste ano é o melhor desde 2015. Nos últimos 12 meses, foram gerados mais 444.483 postos de trabalho (alta de +1,16%).

Houve aumento no número de empregos em 23 das 27 unidades federativas, em quatro das cinco regiões – com estabilidade no Centro-Oeste. O crescimento foi registrado em seis dos oito setores econômicos.

O melhor desempenho foi em Comércio, com saldo de 34.133 postos de trabalho (alta de +0,38%). O segundo setor com resultado mais expressivo foi o de Serviços, com geração de 28.759 empregos formais. O segmento teve aumento de +0,17% em relação ao mês anterior. 

O setor de Indústria de Transformação, com 7.048 vínculos, foi o terceiro em desempenho em outubro. O número corresponde a aumento de +0,10% em relação a setembro. 

Também apresentaram crescimento no número de postos de trabalho os setores de Construção Civil (560 empregos); Extrativa Mineral (377 vínculos); e Serviços Industriais de Utilidade Pública – SIUP (268). Apenas os setores de Agropecuária e Administração Pública tiveram queda (-13.059 e -353 postos, respectivamente).

Pela série histórica do Caged, a Agropecuária apresenta saldo menor em outubro devido à sazonalidade. Especificamente em 2018, houve uma antecipação da safra de cana-de-açúcar, levando o setor a contratar mais nos meses de agosto e setembro.

Quando somados os dados desse bimestre, o resultado deste ano é bem superior ao de 2017. No ano passado, o período entre setembro e outubro teve 110.991 contratações no setor. Em 2018, foram 195.069 empregos a mais (+75,75%). 

Assembleia volta a discutir gestão de incentos fiscais  

Com os resultados do mês de outubro divulgado os debates em torno do incentivo fiscal se intensificam. Ontem (23) a Assembleia Legislativa de Goiás voltou a discutir o tema com os empresários da área. O próximo governador quer reduzir cortes com o atrativo para conseguir manter o estado funcionando, já os empresários se assustaram com a medida proposta por Caiado. 

Para economistas, a política de incentivos fiscais é equivocada e atrasada. Uma pesquisa divulgada pela UFG questionou a aplicação  de valores tão altos para incentivar empresas a permanecerem em território goiano. Goiás é o estado que mais compromete seu orçamento com os incentivos, apesar da importância, o próximo governador diz que ajustes precisam ser feitos. Hoje, Goiás destina 41% do total da sua receita para os incentivos, um total de R$ 10 bilhões. Para o pesquisador Alexandre Rezende Silva, os incentivos fiscais são sustentados na renúncia tributária referente ao imposto futuro gerado pelos próprios empreendimentos favorecidos, de tal forma que não prejudiquem o nível de receita corrente. “O resultado demonstra que o incentivo fiscal não impacta positivamente na geração de empregos da indústria no modelo estimado. Desta forma, a receita renunciada de ICMS, por intermédio do Produzir – Goiás, mas não impacta positivamente a geração de empregos”, afirmou.

O debate da renuncia fiscal começou há cerca de um ano quando o Tribunal de Contas do Estado emitiu uma determinação para que o governo reajustasse a política de incentivos fiscais. Segundo o TCE o reajuste deveria ser de tal maneira que o estoque para o incentivo ficasse em 12,5% ao contrário dos 41% investidos hoje pelo governo de Goiás. 

Lívio Luciano, relator da matéria de José Eliton, governador de Goiás, que propôs a matéria após parecer do TCE. Os debates estão se acirrando devido a reação dos empresários beneficiados pela renuncia fiscal. Entretanto, segundo Lívio, o governador deve acatar o que for definido pela Assembleia. “Estamos em faze de apresentação, discussão e ajustes, todos os lados tem apresentado suas justificativas. Sabemos da importância dos incentivos fiscais, mas é preciso reduzir, de maneira consciente, a quantidade. Hoje temos setores e empresa recebendo dobrando. Precisamos garantir a competitividade e por isso o projeto deve ter alterações para que cada setor seja analisado de forma individual”, diz o deputado.

Reação do empresariado

Otávio Lage que é presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial)recebeu a proposta de Caiado com receio e disse ter ficado sem fôlego. Os empresários devem colocar uma outra proposta na balança para a avaliação dos empresário. A preocupação fica quanto a redução de empregos no estado e a saída de mais empresas como aconteceu recentemente com a Unilever. “O que ocorre é que as empresas, por suas decisões estratégicas (fiscais e não fiscais), podem permanecer aqui ou não, como faz a Unilever. A questão é que, mais e mais, o que levará as empresas para qualquer localização no mundo serão outros quesitos essenciais à competitividade, como capital humano capacitado, alto grau de infraestrutura tecnológica e menor custo relativo de logística”, diz o economista Everaldo Leite sobre o caso. 

Caiado, por outro lado, não teme uma saída das empresas do território goiano nem um aumento do desemprego. “Não há risco”, diz Caiado que se mantém confiante no acerto entre grupo de empresário, assembleia e governo.  

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