Caiado quer apoio de Bolsonaro em 2026, mas estará em palanque adversário na capital

Governador também será adversário do ex-presidente em outros municípios goianos importantes, como Aparecida e Rio Verde

Postado em: 03-05-2024 às 09h30
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Caiado quer apoio de Bolsonaro em 2026, mas estará em palanque adversário na capital
Governador também será adversário do ex-presidente em outros municípios goianos importantes, como Aparecida e Rio Verde | Foto: Reprodução

Com participação de Wilson Silvestre

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é um dos pré-candidatos da direita para 2026 que almeja o apoio de Bolsonaro (PL). Essa parceria, todavia, passa pelas eleições de 2024, momento em que o gestor e o ex-presidente estarão em palanques adversários na capital, em Aparecida e outros municípios. 

Na capital, o governador lançou o nome do ex-deputado federal e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel. Apesar de tentar costurar uma parceria com o PL, o senador Wilder Morais, presidente da legenda, e Bolsonaro escolheram o nome do deputado federal Gustavo Gayer (PL) para a corrida pelo Paço.

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Aliado do governador, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), tentou apaziguar os ânimos e filiou a esposa, Mayara Mendanha, no PL. O intuito era fazer uma ponte e mostrar disponibilidade de ocupar uma vice.

O gesto, contudo, foi visto com desconfiança pelos membros do PL. Na segunda-feira (29), Gayer disse em evento do partido que “socaram a Mayara no PL”. Segundo ele, é “loucura” o primeiro colocado nas pesquisas [se referiu a ele mesmo] desistir para ser vice do quinto, no caso Sandro Mabel. 

Fontes ouvidas pelo Jornal O Hoje também disseram que outras questões levaram ao distanciamento da relação entre o PL de Wilder e Caiado. Durante a janela partidária, o governador teria “avançado” em, pelo menos, três prefeitos que estariam acertados para filiar ao partido de Bolsonaro. Os nomes resolveram, de última hora, migrar para o União Brasil. 

Wilder, que chegou a ser secretário na gestão Caiado – e candidato a vice em Goiânia com as bênçãos do governador, em 2020 – teria se aborrecido com o “assédio”. O resultado foi, além do distanciamento, um acirramento de rivalidade nas eleições municipais. 

De fato, Bolsonaro já tinha dito, durante visita a Goiânia, que o PL faria mil prefeitos no País. Goiás, reduto bolsonarista, é peça importante dessa meta. Mas Caiado também tenta fazer o maior número de prefeitos, inclusive esvaziando partidos aliados, como o MDB de Daniel Vilela – na capital, o partido deve ficar sem nome a prefeito ou vice pela primeira vez em cerca de 40 anos, e em Aparecida, o então prefeito emedebista Vilmar Mariano migrou para o União Brasil.

O intuito do governador é 2026. Ele quer uma base forte para lhe dar suporte na disputa à presidência, mas passar uma imagem de líder forte. Ele deve renunciar ao governo na primeira metade daquele ano para poder concorrer ao Planalto. Daniel, então, assume. Calculando a evasão natural de prefeitos ao deixar de ser ‘poder’, ele pretende ainda manter o status de liderança e “gestor simbólico”.

Em Aparecida de Goiânia, segundo maior colégio eleitoral do Estado, a situação não é diferente. Bem ao fim da janela partidária, Caiado filiou o prefeito Vilmar Mariano no União Brasil. Pelo PL, o deputado federal Professor Alcides lançou a pré-candidatura, no fim do ano passado, com a presença de Bolsonaro. E as duas maiores cidades de Goiás são apenas dois exemplos de palanques adversários, bem como em Rio Verde, onde o líder do União Brasil goiano perdeu o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PL). 

Como isso vai impactar a relação de ambos em 2026 ainda não se sabe. Da mesma forma que não se sabe se Bolsonaro, de fato, apoiaria o governador. O ex-presidente já teria como preferido o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O chefe do Executivo paulista, porém, ainda está em primeiro mandato e pode optar pela reeleição.

Ainda neste cenário, Caiado teria outros direitistas – em segundo mandato, como ele – pela frente, como os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR). Além deles, a própria esposa de Jair, Michelle Bolsonaro (PL), já foi “alvo” de pesquisas e mostrou grande poder de absorção do eleitorado do marido.

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