Lula tira chefes de poderes de gabinetes para entender tragédia brasileira 

As cenas que Lula e sua comitiva viram poderiam ter sido criadas pelo diretor Roland Emmerich, que gravou, por exemplo, 2012 - O Ano da Profecia e O Dia Depois do Amanhã

Postado em: 06-05-2024 às 09h30
Por: Yago Sales
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Presidente, que viveu na própria pele o problema das enchentes no Brasil quando era criança, mostrou a importância de desburocratizar ações para salvar vidas | Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez diferente do que normalmente se assiste da figura caricata de presidentes em filmes catastróficos, que relatam o fim do mundo, como os do diretor de cinema Roland Emmerich. 

Lula reuniu o que havia de maior relevância política do Brasil – juntando presidentes do TCU e STF – e, numa viagem a caminho da tristeza sem fim de quase um estado todo sob a lama, o Rio Grande do Sul, mostrou o Brasil a gente que é acostumado a ficar em gabinetes, cercados de assessores. 

Ali, na comitiva de quase 20 dos mais poderosos do País, talvez Lula fosse o mais experiente: ele mesmo, na infância, sobreviveu às enchentes na infância quando morava com a mãe em uma casa de taipa. Lula sabe o que aqueles gaúchos – e brasileiros de tantos lugares, inclusive de Goiás – passam. A dor de perder tudo e, seis meses, perder tudo de novo. Afinal, poucos se fala na enxurrada de informações, mas o Rio Grande do Sul governado por Eduardo Leite passou por uma enchente nem de longe tão grave, embora tenha sido um inferno também, há seis meses. 

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As cenas que Lula e sua comitiva viram poderiam ter sido criadas pelo diretor Roland Emmerich, que gravou, por exemplo, 2012 – O Ano da Profecia e O Dia Depois do Amanhã. Duas bilheterias de sucesso. O ser humano tem medo do caos, do fim do mundo, do cumprimento das cenas descritas pelo livro Apocalipse. 

Vira e mexe acontece. Talvez por isso o Brasil – claro que não parou – tenha se comovido tanto com o clima de terror em mais de 300 municípios, ou seja, quase 80% do Rio Grande do Sul, que sofre com os impactos ambientais. A questão climática, durante coletiva de imprensa na manhã deste domingo (5), foi uma prioridade na fala de Lula. 

Falando diretamente à ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Ela que, inclusive, tentou jogar a culpa dos fenômenos no governo de Jair Bolsonaro,  o que não pegou muito bem. 

Ao contrário dos filmes de Roland Emmerich, no Brasil, as cenas são reais. A água cor de barro inundando tudo, matando pessoas (no final da manhã deste domingo (5) foram confirmadas 75 mortes), ferindo, desalojando, causando horror.

A prioridade de Lula, conforme sua fala, será a reconstrução das rodovias destruídas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A ideia da viagem era mostrar o caos aos chefes dos três poderes para reduzir a burocracia em trâmites legais. 

“Eu sei que o estado tem uma situação financeira difícil, sei que tem muitas estradas com problema. Quero dizer que o governo federal através do Ministério dos Transporte vai ajudar vocês a recuperarem as estradas estaduais”, afirmou Lula, que sobrevoou a região de Porto Alegre acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; e do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não haverá impedimento da burocracia para que a gente recupere a grandeza deste estado”, destacou Lula, que também pediu que as autoridades públicas, de agora em diante, atuem de maneira preventiva para reduzir o impacto de eventos climáticos extremos. 

Essa foi a segunda viagem de Lula ao Rio Grande do Sul desde o início das enchentes. Na quinta-feira (2), o presidente foi a Santa Maria, região central do estado, acompanhar os trabalhos de resgate e socorro às vítimas. O governador gaúcho, Eduardo Leite, voltou a afirmar que o estado passa pela maior catástrofe climática da história. Leite advertiu para o risco de desabastecimento e de colapso em diversas áreas, por causa da interdição do Aeroporto Salgado Filho. (Com informações da Agência Brasil, Especial para O Hoje)

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