Mutirões: o mote para um prefeito mostrar a que veio em ano eleitoral
Anúncio de mutirões se tornou comum em cidades como Goiânia, Aparecida e Senador Canedo. População agradece proximidade com serviços
Por: Yago Sales
![Imagem Ilustrando a Notícia: Mutirões: o mote para um prefeito mostrar a que veio em ano eleitoral](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/2024/05/2-Abre-Jucimar-de-Sousa.jpeg)
O papel da prefeitura ganha contornos mais práticos quando se fala em uma tática cada vez mais comum na região metropolitana de Goiânia: o de mutirões. O método foi ressignificado nos últimos anos, depois que um goiano, o ex-prefeito de Goiânia – e ex-governador – Iris Rezende Machado foi reconhecido internacionalmente por ter, num mutirão, construído mil casas.
O bairro, como não poderia ser diferente, ganhou o nome de Vila Mutirão e ainda é citado como um exemplo de como o poder público, a partir da lógica de mistura de forças, congrega ações que vão gerar bons resultados.
Em ano pré-eleitoral – e até antes, mas com menor frequência – a estratégia, sobretudo para prefeitos que buscam a reeleição, é colocar o bloco na rua, ou melhor, o mutirão. É assim em Goiânia, com Rogério Cruz (Solidariedade), Aparecida, com Vilmar Mariano (União Brasil) e Senador Canedo, com Fernando Pellozo (União Brasil).
O trio tem, de maneira mais contundente, usado o subterfúgio de atrair moradores de cada região para usufruir de benefícios e, de graça, saber quem é o prefeito. Afinal, muita gente nem sabe quem é o homem que senta na cadeira mais importante do executivo do próprio município. Alguns podem, inclusive, conseguir mídia espontânea, quando a comunicação do governo não precisa desembolsar para divulgar os serviços.
Promovido em praças, avenidas, perto de feiras, esses mutirões se tornam verdadeiros filões para a pré-campanha que se inicia. E, além do prefeito, e, claro, pré-candidato, beneficia vereadores que esparramam, via rede social e, embora tão arcaico – e contamina tanto as vias -, faixas com letras em azul ou vermelho de agradecimentos ao tal parlamentar ou ao prefeito. Caso algum secretário vai tentar uma vaga na Câmara ou mesmo compor a chapa da prefeitura, também aparece. O método dá certo. A prefeitura usa a própria estrutura, mas também, a partir do networking do poder, chama para os eventos parceiros.
A população sai satisfeita, com o exame de ‘vista’ (sic) atualizado, a identidade adiantada, quase pronta, a entrevista de empresa marcada – ou às vezes até garantida já -, o animal vacinado e/ou castrado. É tanta coisa. E, às vezes, ainda pode ouvir algum cantor disposto a cantarolar o sertanejo raiz ou mais à la Gusttavo Lima.
Dia 15 de maio, por exemplo, o prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano esteve em Tiradentes, bairro aparecidense que completou 35 anos, a 43° edição do Mutirão.
O chamado abarcava bairros importantes da região: Colonial Sul, Jardim Cascata, Jardim Canadá, Jardim Nova Veneza, Jardim Boa Esperança, Parque Ibirapuera e Nova Cidade. A intenção, comentou Vilmar, é “ouvir as reivindicações da população”.
Os moradores viram, às vésperas, uma melhora visual nos setores: roçagem, tapa buraco, troca de lâmpadas e pintura de meio-fio. Uma beleza.
No final de semana passado, foi a vez do prefeito de Senador Canedo, Fernando Pellozo como “Avança Canedo”, nome com o qual consolidou os mutirões da cidade. Ele também busca a reeleição. Foram ofertados 70 serviços: doação de mudas e corte de cabelos eram dois dos mais procurados. E tinha advogado à disposição para algum auxílio.
Outro pré-candidato que apareceu em um mutirão neste fim de semana: Rogério Cruz. Segundo a prefeitura, a 4° edição ocorreu no Residencial Buena Vista e atraiu 130 mil pessoas. Durou uma semana.
Os mutirões que tornaram Iris Rezende Machado na potência eleitoral ainda dão seus frutos. E, em breve, é possível enxergar, em dados estatísticos, o movimento da expectativa de votos. Afinal, outubro está logo ali. E é 2024. Ano de eleição municipal. (Especial para O Hoje)