PT e PL devem repetir polarização em Anápolis

As eleições municipais deste ano devem repetir em Anápolis o cenário de polarização visto na eleição de 2022. Isso porque os principais pré-candidatos a prefeito da cidade estão nos partidos que chegaram ao segundo turno do último pleito presidencial. É o caso do deputado estadual Antônio Gomide, filiado ao PT, sigla do presidente Lula; e Márcio Corrêa, filiado ao PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ambos aparecem bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. 

Gomide, petista que lidera os levantamentos em Anápolis, não contará neste momento com o endosso eleitoral do presidente Lula em agendas em Goiás. Conforme mostrou reportagem do HOJE na semana passada, o deputado federal Rubens Otoni (PT) disse que com a crise no Rio Grande do Sul, uma visita do mandatário ao estado goiano deve ficar para depois. 

Otoni, que é irmão de Gomide e que está em sua coordenação da campanha, reforça que a visita de Lula a Goiás terá caráter institucional e não eleitoral. “A agenda do presidente não será eleitoral. Será institucional, em alguma inauguração ou lançamento de programas”, afirmou.

Na última rodada da pesquisa Serpes, divulgada em fevereiro, Gomide aparecia na liderança da disputa pela Prefeitura de Anápolis. Ele já foi prefeito da cidade por dois mandatos. De acordo com o levantamento, mesmo em um cenário mais amplo, com 12 outros nomes incluídos, o petista aparece com 47,4% das intenções de voto, o que o faz estar 36,4 pontos à frente do deputado estadual Amilton Filho (MDB), que aparece em segundo lugar, com 11%. 

A adesão ao nome de Márcio Corrêa também vem ganhando tração na corrida eleitoral de Anápolis. Apesar de as pesquisas ainda não terem aferido a preferência dos eleitores pelo seu nome após ele ter se filiado ao PL, o perfil do eleitorado do município sugere que a força da direita. Em Anápolis, na eleição de 2022, a opção por Bolsonaro foi de 63,03%, enquanto o presidente Lula obteve apenas 27,88%.

Tendo o apoio do ex-presidente, Corrêa pode ainda obter o respaldo do grupo do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), mais alinhado à direita bolsonarista. Em dezembro do ano passado, o pré-candidato a prefeito foi o único parlamentar goiano a compor a comitiva de Bolsonaro na viagem para a posse do presidente Javier Milei, na Argentina. Nessa ocasião, estavam presentes figuras políticas graúdas como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Nessa mesma toada, Corrêa também esteve no ato organizado por Bolsonaro na avenida Paulista, em São Paulo (SP), quando o ex-mandatário objetivou se defender das acusações e investigações da Polícia Federal contra ele. Pelas redes sociais, o parlamentar fez um vídeo vestido com a camiseta da Seleção Brasileira e justificou que foi até a capital paulista para “representar Anápolis em nome da democracia e da liberdade” e o que o Brasil “jamais vai virar uma Cuba ou uma Venezuela porque temos um povo aguerrido”. 

É nesse cenário que o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (Republicanos), lançou a professora Eerizânia Freitas na disputa para sucedê-lo na cidade. Correligionária de Naves, ela já foi secretária no município. Eerizânia ocupou as pastas de Educação e de Integração Social, Esporte e Cultura em Anápolis e deixou o cargo no último mês de março.