Plano de Caiado para 2026 enfrenta resistências no União Brasil

Sigla vive racha após saída de Luciano Bivar da presidência do partido. Uma ala apoia o projeto de reeleição de Lula, enquanto outra quer governador goiano entre postulantes ao Planalto

Postado em: 21-05-2024 às 09h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Plano de Caiado para 2026 enfrenta resistências no União Brasil
Atualmente, o plano do goiano, no entanto, encontra entraves oriundos de uma sigla rachada politicamente | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O governador Ronaldo Caiado tem sinalizado que não deve abrir mão de se viabilizar na disputa à Presidência da República em 2026 pelo União Brasil. Atualmente, o plano do goiano, no entanto, encontra entraves oriundos de uma sigla rachada politicamente. Se uma ala o defende como postulante ao Planalto, outra aposta fichas no apoio a uma eventual candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), disse em entrevista ao jornal O Globo no fim de semana que não vê probabilidade de o partido lançar candidato em 2026. “Eu entendo a vontade pessoal do governador Caiado, mas o União Brasil ainda não se posicionou em relação à candidatura presidencial para 2026. Inclusive eu, particularmente, penso que é muito mais provável que o União caminhe com o presidente Lula do que se arrisque em uma aventura de lançar um candidato”, afirmou.

O União Brasil comanda hoje três ministérios no governo federal — Turismo, Comunicações e Integração e Desenvolvimento Regional. A caminhada ao lado do PT, contudo, não tem tantos reflexos nas administrações das cidades brasileiras. Na eleição deste ano, por exemplo, o União Brasil terá candidatura própria em Goiânia, sendo representado pelo ex-deputado federal Sandro Mabel, nome apoiado por Caiado. Os petistas apostam na pré-candidatura da deputada federal Adriana Accorsi (PT), que disputa a Capital pela terceira vez.

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Parte da agitação existente no União Brasil quanto ao apoio a um nome na eleição presidencial de 2026 decorre da disputa pelo comando da legenda, que fora presidida durante décadas pelo deputado federal Luciano Bivar (PE). A executiva da sigla aprovou em 20 de março o afastamento de Bivar do cargo. Em seu lugar, assumiu o advogado Antônio Rueda (PE), que contou com apoio de Caiado e foi eleito pela maioria.

Bivar estava mais alinhado ao governo Lula e sinalizava, enquanto presidente da legenda, que o União Brasil poderia apoiá-lo numa eventual candidatura à reeleição em 2026. Rueda, por sua vez, vem fazendo gestos que demonstram que o partido poderá viabilizar a candidatura de Caiado ao Planalto na próxima disputa presidencial. Pelas redes sociais, o novo chefe da sigla já fez postagens ao lado do governador goiano o chamando de “presidente”.

Apesar de Bivar ter sido afastado da presidência do partido, o União Brasil evitou expulsá-lo. Conforme mostrou reportagem do HOJE na semana passada, o vice- presidente estadual do União em Goiás, Delegado Waldir, afirmou que a permanência do parlamentar na legenda não deve interferir nos planos do governador Caiado de disputar o Planalto. “Na minha opinião não tem qualquer efeito”, disse Waldir, que considera positiva a manutenção de Bivar no partido. “O governador é pré-candidato do União Brasil à Presidência e isso está bem materializado.”

“Eu tenho um carinho muito grande pelo Bivar. Além disso, é um parlamentar com mandato, então qualquer partido gostaria de tê-lo em seus quadros. E ainda me parece que as principais rugas que dariam motivo a expulsão dele já foram superadas. Então, eu digo que o partido ter a maior quantidade possível de parlamentares é muito importante. Mostra a força do União Brasil.”

Em 11 de março, um incêndio nas casas de Antônio Rueda e da irmã dele, Maria Emília Rueda, em Ipojuca (PE), provocou desconfianças sobre um suposto crime político. Na ocasião, Rueda afirmou que Bivar vinha ameaçando ele e a família. Pelo X (antigo Twitter), Caiado chegou a dizer que “o incêndio na casa do advogado Antônio Rueda foi um atentado contra o partido, um crime político. Luciano Bivar agiu como um desqualificado ao fazer ameaças à família e ao novo presidente do partido”.

Após Caiado disparar ofensivas a Bivar, o cacique reagiu em coletiva de imprensa e o chamou de “pigmeu moral”. “O Caiado não reflete o tamanho que ele é. Ele é um pigmeu moral. Ele, até o próprio Bolsonaro, (PL) falou que ele é desprezível, há pouco tempo no Rio Grande do Sul”, disse na ocasião. Bivar negou as ameaças e o incêndio, que classificou como “ilação”.

“Tudo é ilação, é mais um factoide, tá certo? […] São ilações. Por exemplo, a mulher do presidente [Rueda] foi no meu apartamento e roubou meu cofre. Essas coisas também. Foi ao meu apartamento, eu cedi confiantemente um segredo e ela roubou todo o dinheiro. Eu tinha um valor significativo”, afirmou.

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