Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Aposta do PSDB em 2026, Leite se enfraquece com catástrofes

Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, era um dos nomes cotados para enfrentar Lula da Silva. Ante à tragédia, criticado, situação piora com declarações polêmicas

Postado em: 22-05-2024 às 10h30
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Aposta do PSDB em 2026, Leite se enfraquece com catástrofes
A pré-candidatura de Leite para à presidência em 2026, desde então, se tornou ameaçada | Foto: Frame/Mauro Nascimento/Secom

Yago Sales e Thiago Borges

A tragédia ocasionada pelas fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde o início do mês de abril é um dos maiores – quiçá o maior – desastre natural já visto em nosso país. Além de todo dano físico causado às vítimas e a perda de (quase) todo bem material do estado, a enchente traz questionamentos a respeito de possíveis medidas não tomadas previamente.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda (20), quando respondeu a questionamentos sobre obras que poderiam ter amenizado os danos das enchentes no Rio Grande do Sul.

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“Não tenho nenhuma pretensão de ser mito nem salvador da pátria, sou muito consciente do meu papel, da minha condição humana e, consequentemente, dos erros potenciais a terem sido cometidos”, disse ele, que voltou a se defender: “insisto: não erramos pela negligência, não erramos pela omissão, e não erramos pelo negacionismo”.

O Jornal Nacional fez um levantamento que constatou que foram aprovados projetos de lei – via PAC (Programa de Aceleração e Crescimento) – há mais de 10 anos que poderiam ter diminuído os impactos causados pela tragédia.

E, para piorar, Eduardo já tinha sido avisado dos possíveis problemas climáticos, em estudos publicados em setembro de 2023. Em entrevista recente à Folha de S. Paulo, Leite disse que na época o governo tinha “outras agendas”, aspa que foi revivida nos tempos de crise e que dá a sensação de o tema ter sido deixado de lado pela gestão do governador.

“Talvez tenha culpa de não ter me expressado bem. Mas que fique claro, nós temos uma série de pautas com as quais o governo tem que lidar. A do meio ambiente, sem dúvida nenhuma, uma importantíssima, sobre a qual o governo também atua”, disse o chefe do executivo para o Roda Viva.

A pré-candidatura de Leite para à presidência em 2026 – confirmada pelo presidente do PSDB, Marconi Perillo -, desde então, se tornou ameaçada. Ou pior: já pode ser vista como erradicada do imaginário tucano. As declarações não bem aceitas pelo público, diminui a popularidade do governador, que pode sofrer os reflexos da antipatia do eleitor na corrida eleitoral para ser o presidente do país.

Tudo isto em meio à tentativa de consolidação de nomes da direita contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, como o governador de São Paulo Tarcisio Freitas (Republicanos), o de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) e de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil).

É fato que a missão de enfrentar uma situação de calamidade pública que deixa milhares de desabrigados, além de afetar mais de 90% dos municípios do estado, não é uma tarefa fácil. Porém, as dúvidas que algo mais poderia ter sido feito, a fim de minimizar prejuízos, acaba por “manchar” a imagem dos governantes, sobretudo aqueles que estão no poder no momento mais crítico.

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