Assembleia Legislativa aprova convalidação de incentivos

Deputados deram aval em projeto negociado entre o próximo Governo e o setor industrial do Estado de Goiás

Postado em: 07-12-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Deputados deram aval em projeto negociado entre o próximo Governo e o setor industrial do Estado de Goiás

Projeto foi aprovado por 30 dos 31 deputados presentes na sessão. O único a votar contra foi o tucano Talles Barreto

Venceslau Pimentel* 

Com regras que passam a valer pelos próximos 12 meses, a Assembleia Legislativa aprovou ontem, em votação definitiva, o projeto de lei que dispõe sobre a reinstituição dos incentivos, dos benefícios fiscais ou financeiros-fiscais e das isenções relativos ao ICMS.

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A alteração ao projeto original, que o governador José Eliton (PSDB) enviou para apreciação dos deputados é fruto de uma costura articulada pelo governador eleito Ronaldo Caiado (DEM), empresários e presidente da Casa, José Vitti (PSDB).

O projeto foi aprovado por 30 dos 31 deputados presentes na sessão, com exceção do deputado tucano Talles Barreto. A proposta recebeu emenda modificativa, apresentada pelo relator, deputado Lívio Luciano (Podemos).

As reduções contidas no projeto valem por um ano e vão afetar, principalmente, os setores sucroalcooleiro, automotivo e farmacêutico. No caso do álcool anidro, por exemplo, usado na mistura da gasolina, a diminuição será de 20%, dos atuais 60% para 40%. Em entendimento com entidades ligadas ao agronegócio, o setor de grãos não sofrerá cortes, como os benefícios para a produção de arroz, feijão, soja e milho. A modificação na lei dos incentivos, concedidos pelos programas Fomentar e Produzir, deve gerar uma receita extra de R$ 1 bilhão em 2019. Cerca de 40% desse valor irá para a área social, destinados ao Fundo de Proteção Social de Goiás (Protege), que mantém entre outros programas, o Bolsa Universitária.

Na tramitação, a proposta de redução dos incentivos fiscais enfrentou forte oposição do empresariado, que acabou cedendo, após várias rodadas de negociações que duraram mais de duas semanas. O presidente da Assembleia Legislativa, José Vitti (PSDB), foi um dos responsáveis pelo acordo que assegurou a aprovação da matéria. Vitti disse que, independente de qual candidato se elegesse nas eleições de outubro, teria que tratar da revisão dos incentivos fiscais, por necessidade de recomposição de receita fiscal.

“A arrecadação vem direto do setor produtivo, se não se tem margem para crescer, obviamente a sua receita teria dificuldade em aumentar. Qualquer governador teria esse enfrentamento e teria que passar aqui pela Casa. Foi o melhor entendimento para todos os lados”, disse.

Vitti acrescentou que a aprovação do Orçamento Impositivo, ocorrida ontem (05/12), e a modificação nos incentivos fiscais abriu caminho para avanço da tramitação da Lei Orçamentária Anual (LOA), que se encontra na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ). “Pelo que já foi trabalhado, pelo que já foi desanuviado, acredito que nós teremos um clima melhor para tratar sobre o orçamento do ano que vem”.

O relator da LOA, na CCJ deputado estadual Lívio Luciano (Podemos), comemorou a aprovação do projeto de redução dos incentivos e voltou a ponderar a necessidade do ajuste para recuperar as finanças da administração pública estadual. “O momento do Estado é grave. É um momento de crise financeira profunda e se não for através da união de esforços, entre poder público e setor privado, a gente não vai conseguir sair dessa dificuldade”. Lívio descartou que as mudanças possam prejudicar os investimentos em Goiás. “O setor produtivo já declarou que polpudos investimentos estarão acontecendo em Goiás. E fico feliz que esse ajuste não tenha afetado, de maneira alguma, a atração desses investimentos”, comemorou.

Lívio Luciano anunciou que na semana que vem irá apresentar seu relatório da Lei Orçamentária Anual. Ele disse que a aprovação do projeto do Orçamento Impositivo e da modificação nos incentivos fiscais foram importantes para a elaboração do seu relatório. “São dois tópicos de bastante importância para que nós pudéssemos finalizar nosso relatório da LOA. Será um outro embate, outra batalha, porque as demandas são muito grandes e o orçamento é reduzido. Nós temos que ajustar esse orçamento à realidade fiscal do Estado. Não está sendo uma tarefa fácil, mas na semana que vem vamos finalizar nosso relatório”, ponderou. O relator disse haver uma defasagem grande entre as demandas dos órgãos por mais recursos e o que deve haver para ser distribuído, por meio da LOA.

Talles Barreto desde o início se posicionou contrário às alterações no projeto dos incentivos fiscais. O parlamentar foi o único a votar pela rejeição da matéria na votação de hoje. “Fizeram uma emenda sem promover nenhum debate. É um tema muito importante e que mexe com a vida das pessoas. Por tudo que eu falei nas comissões, seria incoerente da minha parte ponderar e votar a favor do que foi feito”, refletiu. (*Especial para O Hoje) 

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