Apesar das divergências, Caiado se consagra protagonista do União Brasil

Ainda que algumas lideranças desconfiem do projeto de Caiado rumo à presidência e defendam alinhamento com Lula, goiano alcança posição invejável na vitrine da sigla

Postado em: 25-05-2024 às 08h30
Por: Felipe Cardoso
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Apesar de até agora ter feito um bom trabalho para além das fronteiras do UB, Caiado se viu diante de um imbróglio a partir de declarações recentes de lideranças estratégicas de seu partido | Foto: Reprodução

Não é segredo para ninguém que o governador Ronaldo Caiado (UB) articula pela construção de um caminho sólido rumo às eleições de 2026. Ele quer alcançar a cadeira mais alta da política brasileira e se consagrar, naquele ano, presidente do Brasil. O dirigente goiano sabe que a missão é árdua e por isso busca ajuda de peso para esse projeto. A ideia é que seja ungido pelo bolsonarismo. Se chegar lá com esse suporte, com certeza será catapultado às primeiras posições da corrida eleitoral.

Apesar de até agora ter feito um bom trabalho para além das fronteiras do UB, Caiado se viu diante de um imbróglio a partir de declarações recentes de lideranças estratégicas de seu partido. Acontece que alguns nomes de peso do UB não apenas se opõem ao projeto do goiano, como já falam abertamente em apostar as fichas no plano de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026. 

Na última semana, o racha político ficou ainda mais evidente quando o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), disse, ao jornal O Globo, não ver probabilidade de o partido lançar candidato na corrida eleitoral daquele ano. “Eu entendo a vontade pessoal do governador Caiado, mas o União Brasil ainda não se posicionou em relação à candidatura presidencial para 2026”. 

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E continuou: “Inclusive, particularmente, penso que é muito mais provável que o União caminhe com o presidente Lula do que se arrisque em uma aventura de lançar um candidato”, afirmou. Vale lembrar que o partido tem, ainda, outros dois nomes alocados no primeiro escalão do governo Lula. 

Mas há uma segunda ala dentro da sigla que puxa a corda rumo aos planos de Caiado. Após ser absolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ter mandato preservado no Senado Federal, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), por exemplo, descartou a ideia de concorrer à Presidência da República em 2026 e defendeu o nome do governador como um dos mais fortes quadros. 

“Nós temos um plano no União Brasil, nós temos um candidato. É claro que isso vai ser definido até 2026, mas temos o governador Ronaldo Caiado como um forte nome para presidente. Meu plano em 2026 é apoiar um candidato em que consigamos defender as pautas”, disse Moro em entrevista a jornalistas.

Apesar dos desencontros em relação ao discurso das lideranças, é fato que Caiado segue invicto como protagonista do partido quando o assunto é a briga pela presidência em 2026. Ele detém, dentre os nomes, o projeto político mais consistente. Não à toa, o governador estampará uma nova leva de pílulas nacionais da sigla. As propagandas serão veiculadas em todo Brasil. Serão, ao todo, 40 inserções, onde 22 serão utilizadas com o objetivo de dar visibilidade a Caiado. 

Isso porque o passe do bolsonarismo é disputado com figuras de peso como os governadores de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que também se trabalham pelo mesmo objetivo de Caiado. O goiano, mesmo que ainda enfrente o fantasma do desconhecimento, larga na frente quando o assunto é segurança pública, uma pauta absolutamente cara ao bolsonarismo.  

Caiado tem se posicionado com firmeza em relação ao assunto. E por mais que ainda seja desconhecido Brasil afora, encanta os bolsonaristas com o discurso de tolerância zero à criminalidade. No início deste mês, por exemplo, o goiano esteve com empresários, executivos e investidores em São Paulo e abordou os principais pontos de sua gestão. 

“Conseguimos uma transformação rápida em um estado que era visto pela criminalidade, pelo processo de corrupção instalado, e de repente é um estado que tem segurança plena, total tranquilidade de viver”. Ele também criticou o estado do sistema penitenciário de Goiás da época em que assumiu o Palácio das Esmeraldas pela primeira vez. Disse que os detentos estavam envolvidos em atividades ilícitas dentro das prisões, como o consumo de cocaína, aluguel de moteis e intimidação das autoridades. “Era a maior liberdade do mundo. Os policiais penais tinham medo deles”, disse. 

O discurso, estratégico ou não, agrada a direita. E como se não bastasse, Caiado ainda goza do título de governo mais bem avaliado do Brasil, o que torna fácil, caso queiram, construir um político minimamente forte e capaz de fazer o contraponto à gestão petista. 

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