O desafio de Caiado para as eleições daquele ano 

Governador goiano tem ganhado espaço na mídia nacional como o pré-candidato que tem colocado pressão em Lula

Postado em: 27-05-2024 às 09h30
Por: Yago Sales
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Governador goiano tem ganhado espaço na mídia nacional como o pré-candidato que tem colocado pressão em Lula. | Foto: Lucas Diener

“Caiado dá a largada”, afirma o Estadão, enquanto a Revista Veja acrescenta: “primeiro a desafiar Lula”. Em outro título, a CNN contabiliza que “Caiado ganha escritórios” pelo país. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), está contundente e indiscutivelmente se firmando como o pré-candidato mais eficaz da direita contra o projeto de reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. 

No segundo mandato à frente do governo goiano, Caiado aparece em pesquisas e, ao que parece, já colhe os frutos da estratégia – considerada arriscada por muitos – de lançar-se tão precocemente à disputa de 2026. 

Desconhecido pela maioria dos 156 milhões de eleitores brasileiros – mais afeito com a pífia fatia goiana de 5 milhões de votantes -, Caiado vai ter de avançar pelos extremos do país. Para tanto, vai ter de fazer, a base de costuras inteligentes – não apenas partidárias, mas também por meio de pautas identitárias com representantes da direita. 

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O sonho de Caiado – e de qualquer um que queira ser candidato da direita em 2026 – é obter o irrestrito e indiscutível apoio do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, do Partido Liberal. Parte dos bolsonaristas, sobretudo a ala mais política, eleita, de Brasília, defende, ainda, que a inelegibilidade de Bolsonaro vai ser revertida. Enquanto isso, a ala mais partidária, incrustada no PL de Valdemar da Costa Neto, prefere tentar construir a imagem de alguém mais próximo ao próximo ex-presidente. E, nesse jogo, entraria até a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ou um dos filhos de Bolsonaro.

Em março, Caiado afirmou, mais repetindo do que revelando, suas pretensões para o jornal Folha de S. Paulo. “O desejo sempre existiu, nunca neguei. Até porque fui o candidato mais novo da história do país, com 39 anos de idade, em 1989, não é nenhuma surpresa. Me coloquei como candidato naquela época que ninguém tinha coragem de defender o setor rural, a livre iniciativa, o direito de propriedade”.

Caiado deu alguns passos relevantes. Criticou veementemente a reforma tributária. Tornou-se protagonista, entre governadores, da proposta, indo, inclusive, na contramão do governador e aliado de Bolsonaro – um afilhado político, melhor dizer – Tarcísio de Freitas (Republicanos). À época, a relação de Freitas com o ex-chefe (já que ele foi ministro no governo Bolsonaro) até ficou estremecida. Passou. Tudo passa.

De vez em quando surge alguma nota alusiva sobre a ida de Tarcísio ao PL de Bolsonaro para, quiçá, um asfalto para 2026. Tarcísio escapule sempre que é perguntado sobre este tipo de pretensão. Ao contrário de Caiado, Tarcísio, embora, comparado com o goiano, é ‘um novato na política’ , tem mais visibilidade. Afinal, governa São Paulo, com Produto Interno Bruto (PIB) maior do que muitos países globo afora. 

Tarcísio, no entanto, caso quisesse e pudesse correr para a reeleição – o que mais lhe apraz, inclusive – seria outro importante cabo eleitoral de Caiado. Os dois até foram a Israel juntos. Fizeram tour pelo terror provocado pelo Hamas no dia em que desencadeou todo o conflito que permanece até hoje. 

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