CEI na Câmara pode atrapalhar projeto de Rogério à reeleição

Opositores à Prefeitura acreditam que a possibilidade de abrir investigação é uma forma de pressionar o prefeito de Goiânia a não realizar reformas em seu secretariado

Postado em: 29-05-2024 às 06h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: CEI na Câmara pode atrapalhar projeto de Rogério à reeleição
Opositores ao governo do município acreditam que a possibilidade de abrir investigação é uma forma de pressionar o prefeito Rogério Cruz a não realizar reformas em seu secretariado antes da eleição municipal deste ano | Foto: Reprodução/Câmara de Goiânia

A Câmara Municipal de Goiânia deve instalar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar irregularidades na Saúde da Capital e para investigar os motivos pelos quais a Companhia Municipal de Processamento de Dados do Município de Goiânia (Comdata) ainda não foi liquidada, apesar de estar desativada há cerca de 13 anos. 

De acordo com auxiliares da Casa ouvidos pela reportagem, ainda que atinja a quantidade de assinaturas suficientes para instalação neste primeiro momento, a CEI pode ficar para o segundo semestre, observando os trâmites burocráticos. Opositores ao governo do município acreditam que a possibilidade de abrir investigação é uma forma de pressionar o prefeito Rogério Cruz (SD) a não realizar reformas em seu secretariado antes da eleição municipal deste ano. 

Além disso, uma das justificativas para abrir a CEI também seria o atraso na entrega das últimas sete estações do trecho 2 do BRT Norte Sul em Goiânia, que estaria gerando questionamentos sobre a eficácia da gestão municipal, segundo divulgou a imprensa local. 

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Na semana passada, o jornal O HOJE conversou com parlamentares da base do prefeito de Goiânia e apurou haver clima de otimismo com a pré-candidatura à reeleição de Rogério Cruz, apontando que não haveria desistência. Já entre os membros da oposição, agora com a possibilidade de instalação da CEI, há uma leitura de que isso, em ano eleitoral, tem força para enterrar o projeto político do chefe do Executivo municipal, caso prospere. 

Conforme mostrou O HOJE no mês passado, parlamentares a par dos bastidores da Prefeitura de Goiânia dizem que ver positivamente o comportamento do prefeito de trabalhar para reeleição — o que é considerado natural para quem ocupa o cargo — e consideram, neste aspecto, o grande volume de obras que a prefeitura tem tocado na cidade como um dos maiores ativos do gestor. 

No entanto, avaliam que Cruz tem hoje em seu secretariado pessoas que possivelmente não irão chancelar sua pré-candidatura. Apesar dos trunfos à moda Iris Rezende, conhecido por fazer de Goiânia “canteiro de obras”, o secretariado seria um dos maiores entraves para o prefeito na tentativa de se reeleger.  

Nesse sentido, de acordo com um parlamentar, Cruz, recém-chegado ao Solidariedade, pode “ir para a guerra sem guerreiros”, numa referência a expectativa de apoio das pessoas mais próximas a ele hoje no Paço, e que os percalços da Prefeitura de Goiânia nos últimos meses, como por exemplo o empréstimo dos R$ 710 milhões, a leniência na entrega das obras do BRT, as investigações da Polícia Civil com foco em secretarias municipais, são tidos como focos de incêndio que desgastam a imagem do prefeito.

A gestão de Cruz também foi alvo de outra CEI, no ano passado, que investigou supostas irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e se arrastou por cerca de cinco meses na Câmara Municipal. Com idas e vindas, promessas não cumpridas e adiamento de oitivas, O HOJE mostrou à época que a Comissão foi sendo esfriada aos poucos politicamente e passou a ser tratada internamente como chacota.

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