Marcha para Jesus se tornou palanque indispensável

Pré-candidatos ao Planalto em 2026, como o governador Ronaldo Caiado, estiveram no evento que atraiu centenas de milhares de fiéis

Postado em: 31-05-2024 às 07h30
Por: Yago Sales
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A concentração ocorreu na Avenida Tiradentes, próximo à Estação da Luz, na região central paulistana | Foto: Paulo Pinto/ Agência Brasil

A 32ª edição da Marcha para Jesus, promovida por diversas denominações evangélicas em São Paulo, deixou, há muito tempo, de ser – tão somente – um evento predominantemente de orações e louvores ao criador dos céus e da terra, ou, como membro mais popular da santíssima trindade, Jesus de Nazaré. Agora, é espaço rico para qualquer político como ambiente de conversa, tête-à-tête, com o eleitorado. 

E foi assim nesta quinta-feira (30) de feriado. São Paulo tornou-se destino, numa romaria, de crentes ou de quem quer falar com os crentes. O idealizador do evento, pastor Estevam Hernandes, reconheceu que apenas um chefe do executivo esteve no evento desde o início: Jair Messias Bolsonaro. A mulher dele, Michelle Bolsonaro, é evangélica. O marido, no entanto, não. Encontrou no vínculo da esposa um propulsor ao poder. 

Talvez por isso, ainda mais nesta edição, como à passada, o atual presidente, Lula da Silva, do PT – sigla demonizada incansável e peremptoriamente – tenha preferido enviar uma carta, que foi lida por lá ao passo que nomes que buscam herdar o espólio político de Bolsonaro – inelegível até 2030 – junto aos evangélicos. Estiveram o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).  

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“Uma das características mais formidáveis da Marcha é a capacidade de reunir fiéis de diferentes igrejas cristãs do Brasil e do mundo, sendo um evento aberto e de inclusão, que permite a participação de toda a população. Isso é uma demonstração inequívoca da prática daquilo que nos ensinou Jesus: ‘a comunhão”, diz Lula no texto.

Ainda na carta, Lula relembra que sancionou em 2009 a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Afirmou Lula: “Temos o compromisso profundo, com todos os brasileiros, de construir um país mais justo e inclusivo. As ações do meu governo são desenvolvidas a partir dessa premissa e buscam promover uma vida digna à família brasileira”.

Lula ainda ressaltou que “a Igreja desempenha um papel vital nesse compromisso” e que ela “reflete na sua ação social e no suporte espiritual de seus fiéis”. “Por isso, acredito que, juntos, podemos fazer muito mais pelo bem-estar, a paz e a harmonia de nosso povo”, completou o presidente.

A concentração ocorreu na Avenida Tiradentes, próximo à Estação da Luz, na região central paulistana. A região ficou repleta de trios elétricos. Havia quem levasse uma bandeira de Israel. 

Acompanhado do apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes discursou de um carro de som. Dizendo estar feliz e emocionado, Nunes pediu orações pelas pessoas afetadas pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul. “Que a gente possa colocar os nossos irmãos do Rio Grande do Sul em nossas orações, para que eles tenham de todos nós uma energia muito positiva”, conclamou o prefeito, que estava junto com a esposa, Regina.

A organização do evento, comandada pela Igreja Renascer, afirma ter recebido 17 mil caravanas de diversas regiões do Brasil e do exterior. A marcha, criada originalmente na Inglaterra, foi trazida para o Brasil e realizada na capital paulista pela primeira vez em 1993.

Também participam do evento denominações como a do Evangelho Quadrangular, a Mundial do Poder de Deus, a Sara Nossa Terra, diversos ministérios da Assembleia de Deus, a Igreja Bola de Neve, e a Universal do Reino de Deus.

Enquanto isso, Lula e seu governo, ainda não conseguiu avançar muito quanto à aprovação entre evangélicos, o que dá, por enquanto, fôlego à saudade que o segmento tem de Jair Bolsonaro, que, de maneira certeira, não apenas acenou, mas se tornou praticamente o representante dos cristãos brasileiros.

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