PL goiano não falaria a mesma língua em eventual recuo de Gayer

Um grupo na sigla tem defendido com unhas e dentes que caso o parlamentar recue, que o partido aponte um substituto na Capital

Postado em: 07-06-2024 às 04h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: PL goiano não falaria a mesma língua em eventual recuo de Gayer
No entanto, qualquer possibilidade que esbarre minimamente na hipótese de Gayer voltar atrás é imediatamente contestada por uma outra ala do PL goiano | Foto: Reprodução/X

Circula pelos bastidores da política goianiense o comentário de que há um racha estabelecido nos quadros do PL goiano. As lideranças, ao que tudo indica, já não falam a mesma língua, especialmente no que diz respeito à disputa que se aproxima, ou seja, as eleições municipais de 2024. 

Segundo interlocutores consultados pela reportagem, a situação passa pelos comentários de que o deputado federal Gustavo Gayer (PL), que é, também, pré-candidato à prefeitura de Goiânia, poderia desistir da corrida. 

Acontece que um grupo dentro da sigla, apesar de se manter firme em apoio a Gustavo, tem defendido com unhas e dentes que caso, por algum motivo, o parlamentar recue em seu projeto que o partido aponte um substituto para a disputa na capital. “A prioridade é o Gayer, mas se ele desistir, o que não podemos é ficar sem candidato”, explicou, em off, um político do partido consultado pela reportagem. 

Continua após a publicidade

No entanto, qualquer possibilidade que esbarre minimamente na hipótese de Gayer voltar atrás é imediatamente contestada por uma outra ala do PL goiano. Esse núcleo argumenta que Gayer não tem motivos para desistir e que levará seu projeto rumo ao Paço até o final. 

Os argumentos nesse sentido passam por dois importantes fatores. O primeiro deles, claro, as pesquisas. Acontece que em todas elas o bolsonarista tem performance melhor ou superior aos tidos como ‘principais’ nomes da corrida. Gayer é encarado nos bastidores como uma revelação política e mais: com potencial gigantesco para se consagrar prefeito a partir da força do bolsonarismo. 

Em paralelo a esse cenário, também pesa para o partido o fato de que a conquista da capital pode representar um passo importante e estratégico para 2026. Primeiro, pelo interesse do atual dirigente da sigla, senador Wilder Morais, em disputar o governo goiano. A capital, todos sabem, é o principal colégio eleitoral do Estado com força suficiente para desequilibrar a balança em qualquer disputa acirrada. 

Aqueles que defendem, porém, que caso Gayer saia do circuito o ideal seria o partido caminhar em direção à base caiadista, ou seja, compor a vice do empresário Sandro Mabel (UB). A interpretação é que em um cenário como esse ‘todos poderiam ser beneficiados’. 

Uma fonte explica que Caiado poderia, com isso, ampliar seu poder de barganha junto ao bolsonarismo visando, claro, ter o apoio dessa importante fatia do eleitorado em seu projeto rumo à presidência da República em 2026. E mais: a aglutinação com o PL agora permitiria no futuro um eventual apoio de Caiado ao nome de Wilder Morais à sucessão. A grosso modo, seria o mesmo que dizer o seguinte: o UB ganharia agora para o PL ganhar lá na frente. 

Recentemente o Opção Pesquisas, instituto ligado ao Jornal Opção, mostrou, por exemplo, que Gayer segue à frente de todos os adversários (7,2%). Adriana Accorsi (PT) vem em segundo lugar, com 5,8%. Sandro Mabel (UB) está em terceiro, com 3,2%. Vanderlan Cardoso (PSD) surge em quarto, com 2,3%. Rogério Cruz (SD) vem em quinto, com 2,2%. 

Segundo o veículo, a pesquisa, registrada junto à Justiça Eleitoral sob o nº GO-06784/2024, ouviu 600 moradores de Goiânia entre os dias 27 e 29 de maio selecionados através de uma amostra estratificada por cotas. O intervalo de confiança estimado para este estudo é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos nos dados da amostra global.

Desistência

As informações dão conta de que Gayer só não seria candidato em um cenário onde Bolsonaro o barrasse. O ex-presidente, apesar de inelegível, comanda parte significativa do Congresso e enfrenta ainda duros páreos com o PT e a esquerda. 

Com isso, a leitura é que ter alguém da envergadura política de Gayer em Brasília pode ser estratégico para a direita e suas pautas. A interpretação é que talvez seja mais importante tê-lo como cabo eleitoral do que  como candidato propriamente dito na capital. 

Como se não bastasse, também circulam informações de que Gayer tem como pano de fundo a preocupação com processos que correm contra ele na Justiça. Isso alimenta uma insegurança de depois de eleito, caso seja, termine “derrubado”. 

Veja Também