Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Apoiadores de Gayer fazem ‘vaquinha’ para pagar multas do TSE

Pré-candidato à Prefeitura de Goiânia acumula penalidades na Justiça há meses

Postado em: 10-06-2024 às 05h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Apoiadores de Gayer fazem ‘vaquinha’ para pagar multas do TSE
O pré-candidato acumula uma série de penalidades na Justiça brasileira nos últimos meses | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Apoiadores do deputado federal Gustavo Gayer, pré-candidato do PL à Prefeitura de Goiânia, vêm promovendo uma campanha de arrecadação de fundos nas redes sociais com o intuito de liquidar uma fatura de ao menos três multas aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o grupo, elas totalizam a importância de R$ 80 mil e podem atingir um valor superior caso o julgamento de outras seis ações na corte eleitoral resulte em novas penalidades.

O pré-candidato acumula uma série de penalidades na Justiça brasileira nos últimos meses. No último dia 23 de maio, o TSE aplicou multas individuais de R$ 30 mil a vários políticos, incluindo Gustavo Gayer e a deputada Carla Zambelli (PL-SP), e os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Cleitinho (Republicanos-MG) por associarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao satanismo, durante a campanha para o segundo turno das eleições de 2022.

A coligação Brasil da Esperança (formada por PT, PCdoB e PV) entrou com uma representação após a divulgação de um vídeo de Victor Stavale, que se identifica como satanista, declarando apoio a Lula. Os envolvidos compartilharam o vídeo, sugerindo uma ligação do petista com ideologias demoníacas.

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No julgamento, a maioria dos ministros do TSE, liderada por Floriano de Azevedo Marques, considerou que o conteúdo era inverídico e tinha o potencial de afetar a normalidade das eleições. Floriano foi acompanhado pelos ministros André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. O relator, Raul Araújo, que defendia multas menores e direcionadas apenas aos que expressaram opinião, foi vencido.

Integrantes do PL goiano afirmaram à reportagem do HOJE que veem como “normal” a mobilização de bolsonarismo em torno da ‘vaquinha’. Já os apoiadores de Gayer afirmam que as multas foram aplicadas injustamente devido às opiniões expressas pelo deputado nas redes sociais durante as eleições de 2022. “Todas as multas foram arbitradas devido ao exercício de sua opinião e a sua voz nas redes sociais durante as eleições de 2022. Quando ele fala a verdade, eles (TSE) chamam de ‘Fake News’ e o multam”, alegam.

Antes da multa do TSE, a Justiça do Trabalho em Goiás já havia condenado Gayer ao pagamento de R$ 80 mil por danos morais, no ano passado. O parlamentar foi acusado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de assédio eleitoral em âmbito trabalhista durante o segundo turno das eleições de 2022.

Segundo o MPT, Gayer realizou reuniões com funcionários de diversas empresas para promover “propaganda eleitoral irregular” para o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Em um dos casos, Gayer foi a uma padaria, a pedido do proprietário, e fez uma reunião com os colaboradores para falar sobre “as propostas dos candidatos à Presidência da República”.

Em 25 de dezembro do ano passado, o juiz Celismar Coelho de Figueiredo, da 7ª Vara do Trabalho de Goiânia, proferiu sentença que condenou Gayer ao pagamento da indenização de R$ 80 mil.

“A prova documental, apresentada pelo MPT, deixa clara a prática de assédio moral eleitoral no ambiente de trabalho, perpetrada pelo requerido contra trabalhadores de diversas sociedades empresárias sediadas nesta capital, coagindo-os moralmente a votarem em um candidato específico como meio de manutenção e criação dos empregos, caso referido candidato fosse reeleito”, escreveu o juiz.

Essa não é a primeira vez que Gayer e outros parlamentares bolsonaristas são envolvidos em arrecadação de fundos. No ano passado, parlamentares iniciaram uma campanha para doações via Pix em apoio  Jair Bolsonaro (PL), alegando  que o ex-presidente era vítima de “assédio judicial” e a necessidade de ajuda para pagar multas diversas. Deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG), Mário Frias (PL-SP) e Bruno Engler (PL-MG) também participaram dessa iniciativa, postando mensagens e vídeos solicitando contribuições.

À época, Gayer, inclusive, publicou um comprovante de transferência de R$ 500 para o ex-presidente em apoio à campanha

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