A contragosto de Caiado, Bruno se revela “independente” nas estratégias

Atual comandante do Legislativo, Bruno quer prefeitura de Goiânia, seja na disputa ou indicando o vice

Postado em: 11-06-2024 às 04h30
Por: Francisco Costa
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Bruno sucedeu Lissauer Vieira (PL), que foi o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) por dois mandatos (de 2019 a 2023) | Foto: Divulgação

Nos últimos 20 anos, oito deputados estaduais ocuparam o comando do Legislativo de Goiás. São eles: Jardel Sebba, Samuel Almeida, Helder Valin, Fábio Sousa, Helio de Sousa, José Vitti e Lissauer Vieira. Atualmente, Bruno Peixoto (União Brasil) ocupa a cadeira do parlamento estadual com o segundo mandato já garantido até 2026, mas de olho nas eleições municipais, sem perder de vista a próxima disputa. 

Bruno sucedeu Lissauer Vieira (PL), que foi o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) por dois mandatos (de 2019 a 2023). Assim como Peixoto, ele antecipou a reeleição. 

Lissauer esperava contar com o apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) para disputar o Senado pela base, em 2022. Sem a bênção, ele recuou e desistiu, inclusive, de concorrer como deputado federal. Neste ano, contudo, ele abraçou de vez o bolsonarismo e é o pré-candidato do ex-presidente Bolsonaro, em Rio Verde, onde é considerado nome forte. 

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Peixoto, por sua vez, queria o apoio de Caiado para concorrer à prefeitura, mas não teve. Uma fonte de dentro do União Brasil disse ao Jornal O Hoje que é preciso dividir e que Bruno já tinha garantido a presidência da Assembleia, inclusive em uma manobra ousada. 

De fato, em 2023, Bruno se elege após uma articulação intensa – mesmo sem o aval do governador, que passava por uma “questão de saúde” –, garantindo a totalidade dos votos. Da mesma forma, ele antecipa a reeleição naquele ano, ainda que no fim de 2022 tivesse proposto o fim dessa possibilidade. 

Peixoto tentou articular, da mesma forma, a pré-candidatura à prefeitura de Goiânia. Nos bastidores, a informação foi de insatisfação do governador, uma vez que Bruno já tinha conseguido o parlamento – como mencionado. Apesar de muito insistir, ele recuou – estrategicamente, sem desistir, de fato, dizem aliados – e adiou o “sonho”.

Oficialmente, Bruno já anunciou pré-candidatura à Câmara Federal. Não deve ser pelo União Brasil, mas por outra sigla. Presidente do PSB metropolitano, Vinícius Cirqueira diz que o partido pode se tornar a nova morada do presidente, quando houver possibilidade.

A mudança seria um gesto de distanciamento de Caiado – ou até mesmo uma demonstração de descontentamento. O PSB é o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin e uma das principais bases de sustentação do presidente Lula (PT). 

Em 2026, Caiado quer disputar a presidência. Um aliado no partido do principal adversário – afinal, Alckmin é Lula – não faria sentido. Eles estariam em lados opostos.

Bruno, apesar de ser um presidente alinhado com o Executivo, tem se mostrado independente nas estratégias. Em Anápolis, por exemplo, apoia o deputado estadual petista, Antônio Gomide, para a presidência. 

Ele também articulou um grupo de legendas (PSB, Agir, PMB, Mobiliza e Avante) para indicar o vice do pré-candidato Caiadista, em Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil). Ao mesmo tempo, ele teria conversado com Vanderlan Cardoso (PSD), também postulante ao Paço, junto com o presidente estadual do PSB, Elias Vaz, para oferecer Vinícius Cirqueira para vice na chapa. 

O próprio Vinícius confirmou ao Jornal O Hoje a informação. Disse que tudo poderia acontecer, inclusive nada. Afirmou, também, estar à disposição. Peixoto segue fazendo política. Pode disputar a Câmara, mas analistas também veem a possibilidade de governo – como cabeça de chapa ou vice. 

Demais presidentes

Mas além de Bruno e Lissauer, outros seis deputados ocuparam a cadeira máxima do Legislativo de Goiás. Jardel ocupou a liderança da Assembleia Legislativo de Goiás por três ocasiões. De 2004 a 2005, de 2007 a 2009 e de 2011 a 2012. No fim de 2012, ele renunciou ao mandato de deputado estadual para assumir o cargo de prefeito de Catalão, em 2013. 

Tucano histórico e aliado do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), ele é pai do deputado estadual Gustavo Sebba, que está em seu terceiro mandato. Em 2016, tentou pela última vez se eleger prefeito de Catalão, mas foi derrotado por Adib Elias (MDB). 

Samuel Almeida, por sua vez, presidiu a Casa de 2005 a 2007. Ele esteve na Casa por três mandatos, tendo sido líder do governo na Assembleia de 1999 a 2000. Chegou a ser cotado para vice na chapa de Vanderlan Cardoso (PSD), em Goiânia, mas tudo indica que deve permanecer na atuação estratégica do PSD. Helder Valin, por sua vez, teve quatro mandatos na Alego. Além disso, esteve presidente do parlamento estadual em duas ocasiões, de 2009 a 2011 e de 2013 a 2014. Hoje é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO). 

O ex-deputado federal Fábio Sousa, hoje primeiro suplente do PL na Câmara Federal, também ocupou o posto de presidente da Alego. Ele, que esteve no Legislativo goiano por dois mandatos, liderou a mesa diretora de 2005 a 2007. Representante evangélico, ele também é bispo da igreja Apostólica Fonte da Vida, umas das mais conhecidas de Goiás.

Já o tucano Helio de Sousa esteve em seis mandatos da Assembleia. Foi presidente do PSDB em Goiás até pouco tempo e comandou a Alego 2014 a 2017. Em 2022 tentou ocupar uma cadeira da Câmara Federal, mas terminou como segundo suplente do partido, com 43.624 votos, atrás de Matheus Ribeiro (46.961). 

Depois dele, foi a vez de José Vitti, que esteve na Assembleia em dois mandatos, e que foi presidente de 2017 a 2019. O ex-deputado, que já líder do “Tempo Novo” na Casa, chegou a ser cotado como nome da base caiadista na disputa pela prefeitura de Goiânia, neste ano Filiado ao MDB do vice-governador Daniel Vilela, a expectativa é que ele busque a Câmara Federal em 2026. 

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