Brasil não assina declaração da Cúpula para a Paz na Ucrânia

Lula diz que presidentes da Ucrânia e Rússia deveriam se sentar à mesa

Postado em: 16-06-2024 às 14h50
Por: Vitória Bronzati
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Segundo Lula, o Brasil só se envolveria em discussões de paz quando tanto a Ucrânia quanto a Rússia estivessem dispostas a negociar diretamente | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Brasil optou por não assinar o comunicado final da Cúpula para a Paz na Ucrânia, realizada no domingo (16). O documento defende a participação de todas as partes envolvidas no conflito nas negociações e reafirma a integridade territorial da Ucrânia.

No sábado (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva na Itália, explicou sua decisão. Segundo Lula, o Brasil só se envolveria em discussões de paz quando tanto a Ucrânia quanto a Rússia estivessem dispostas a negociar diretamente. Ele ressaltou que a solução para o conflito não pode ser alcançada reunindo-se apenas com um dos lados.

Lula também destacou que o Brasil, em conjunto com a China, propôs uma negociação efetiva para resolver o impasse. No entanto, ele reconheceu a resistência de ambos os presidentes, Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, e Vladimir Putin, da Rússia, em iniciar um diálogo sobre a paz. Lula afirmou que a proposta brasileira, elaborada por Celso Amorim, assessor especial do presidente, e um representante de Xi Jinping, presidente da China, busca colocar ambas as partes em uma mesa de negociação.

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“Que a gente coloque, definitivamente, a Rússia na mesa, o Zelensky na mesa, e vamos ver se é possível convencê-los de que a paz vai trazer melhor resultado do que a guerra. Na paz, ninguém precisa morrer, não precisa destruir nada. Não precisa vitimar soldados inocentes, sobretudo jovens, e pode haver um acordo. Quando os dois tiverem disposição, estamos prontos para discutir”, acrescentou o presidente.

Ao encontro internacional deste domingo, o Brasil enviou a embaixadora do Brasil na Suíça, a diplomata Claudia Fonseca Buzzi. O presidente ucraniano também esteve na cúpula para obter apoio internacional para o seu plano de acabar com a guerra desencadeada pela invasão russa.

Divergências na Cúpula

Ao final do encontro na Suíça, não houve consenso entre as 101 delegações presentes. O comunicado final foi assinado por 84 países, incluindo membros da União Europeia, Estados Unidos, Japão, Argentina, Somália e Quênia. O documento enfatiza a importância de proteger a soberania, independência e integridade territorial dos Estados e aborda a segurança nuclear, exigindo que as instalações nucleares ucranianas operem com segurança sob controle do país e condenando qualquer ameaça nuclear no contexto do conflito.

Entre os países que não assinaram o comunicado estão os membros do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – além de Armênia, Bahrein, Indonésia, Líbia, Arábia Saudita, Tailândia, Emirados Árabes Unidos e México. Rússia e China não enviaram representantes ao evento.

Condições para Cessar-fogo

Na sexta-feira (14), Putin prometeu estabelecer imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se o país começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscou, em 2022: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia. Putin ainda exigiu que a Ucrânia renunciasse aos planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Desde fevereiro de 2022, a Ucrânia resiste à invasão russa com o objetivo de manter sua integridade territorial e exige a saída de todas as tropas russas do território. Kiev (capital da Ucrânia) mantém a pretensão de aderir à aliança militar do Atlântico Norte.

As condições impostas pelo mandatário russo para um possível acordo de paz foram rejeitadas de imediato pela Ucrânia, pelos Estados Unidos e pela Otan, após dois anos e quatro meses do início do conflito, com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Com informações da Agência Brasil

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