Bolsonaro apoia a Fred e contradiz lideranças que descartavam recuo de Gayer

Ex-presidente diz que decisão foi fruto de acordo e não descartou a chance de Gustavo Gayer disputar cargo futuramente

Postado em: 20-06-2024 às 05h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro apoia a Fred e contradiz lideranças que descartavam recuo de Gayer
Conforme O HOJE vem mostrando nas últimas semanas, essa já era uma leitura que integrantes do PL faziam a partir da possibilidade de recuo de Gayer | Foto: Divulgação

Em uma reviravolta que já vinha sendo apontada como certa nos bastidores, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou ontem (19) a escolha à pré-candidatura à Prefeitura de Goiânia do ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL). Até então, ele compunha a vice da chapa do deputado federal Gustavo Gayer (PL), que recuou do projeto de disputar a Capital na eleição deste ano.

Em discurso a apoiadores na Região da 44, no centro de Goiânia, Bolsonaro afirmou que a decisão de escalar Rodrigues no lugar de Gayer para disputar a Prefeitura da Capital foi fruto de um acordo e não descartou a possibilidade de o parlamentar concorrer ao cargo futuramente. “Ficará para um momento oportuno”, declarou.

Ao falar de Rodrigues, o ex-presidente disse que a pré-candidatura dele é a “mais viável” no momento e justificou que o correligionário sofreu “uma tremenda injustiça”, sem detalhar sobre o que se referia diretamente. “Nós pretendemos levar essa pré-candidatura para frente”, afirmou Bolsonaro. 

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Gayer justificou as razões que o levaram a acatar a decisão da cúpula do PL goiano. “O presidente me pediu para ficar em Brasília”, disse ele em discurso. Ao justificar o recuo, o deputado também mencionou apelo popular. Na Câmara Federal, Gayer deve continuar fazendo oposição ao governo do presidente Lula (PT) de forma mais vocal, assim como outros deputados bolsonaristas de grande apelo digital, como é o caso de Nikolas Ferreira (PL-MG).

Conforme O HOJE vem mostrando nas últimas semanas, essa já era uma leitura que integrantes do PL faziam a partir da possibilidade de recuo de Gayer. Segundo fontes da sigla, Gayer em Brasília tem muito mais potencial estratégico para a direita e a defesa de suas pautas. Além disso, aliados também dizem que o parlamentar demonstrou preocupação com processos que correm contra ele na Justiça e que poderiam impedi-lo de levar sua gestão adiante em Goiânia, caso fosse eleito.

Em périplo por Goiás nesta semana, Bolsonaro visitou diversas cidades estratégicas para confirmar o apoio aos pré-candidatos do PL às prefeituras dos municípios. Caso de Rio Verde, onde oficializou apoio ao ex-deputado estadual Lissauer Vieira (PL), Aparecida de Goiânia, onde oficializou apoio ao deputado federal Professor Alcides (PL), Jataí, com o lançamento de Geneilton Assis, e Anápolis, com Márcio Corrêa. 

Antes das visitas às cidades, a assessoria havia divulgado o itinerário do ex-presidente com o descritivo de cada parada. Aumentando os indícios da desistência de Gayer, chamou a atenção o fato de que para cada município o card anunciava onde Bolsonaro estaria, o que faria e a quem declararia seu apoio. Não foi o caso de Goiânia, cuja chamada apenas indicava aos seguidores: “Você saberá o pré-candidato de Bolsonaro em Goiânia”.

Alas partidárias

Nas últimas semanas, uma ala do PL goiano passou a afirmar categoricamente que Gayer não recuaria do plano de disputar a Prefeitura de Goiânia, muito embora a informação de sua desistência já fosse tratada com certeza nos bastidores. O senador Wilder Morais, presidente estadual da sigla, foi enfático em diversas ocasiões em defender a pré-candidatura do correligionário na Capital.  

Numa declaração à Xadrez em abril, Morais dissuadiu sobre a chance de o PL compor com Sandro Mabel, pré-candidato a prefeito pelo União Brasil, e resguarda Gayer. “Tenho repetido quase a exaustão: não existe a menor possibilidade uma aliança dessas em que o nosso pré-candidato a prefeito, deputado [federal] Gustavo Gayer estar entre os primeiros colocados nas pesquisas abrir mão para ser vice. O Plano A e B do PL chama-se Gustavo Gayer prefeito”, afirmou à época.

Outra ala, que já contava com a desistência de Gayer, tinha na bolsa de especulações de então, dois nomes como possíveis substitutos: o mais cotado seria o deputado estadual Delegado Eduardo Prado (PL), e Fred Rodrigues. Prado aparecia com os ativos de ser goianiense, ter sido o parlamentar mais bem votado em Goiânia e de posições firmes na defesa dos valores conservadores. Seu nome não prosperou.

Na Alego

Em sessão na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) ontem (19), Prado demonstrou surpresa com a escolha de Fred Rodrigues para cabeça de chapa em Goiânia. “Eu não participei de nenhuma conversa nesse sentido”, afirmou sobre a escolha. “O mínimo que teriam que ter feito conosco, era conversado pra gente saber. Já que não teve diálogo, vou voltar ao meu posicionamento: sou pré-candidato e vou intensificar a minha pré-candidatura.”

Em demonstração de racha interno no PL, Prado chegou a dizer, inclusive, que o embate pela Prefeitura de Goiânia neste ano será entre dois delegados, mencionando a pré-candidata do PT, Delegada Adriana Accorsi. “Vamos para o 2º turno, delegada”, afirmou na tribuna.

Histórico

Gayer havia sido oficializado pré-candidato a prefeito de Goiânia em abril, durante a passagem do ex-presidente pelo estado de Goiás. Na ocasião, Bolsonaro chegou a dizer que dentro do PL não tinha “troca troca”, respondendo às especulações já existentes sobre a viabilização da pré-candidatura de Gayer. 

O governador Ronaldo Caiado (UB) também estava presente no evento em que Gayer foi anunciado como a escolha do PL para disputar a Prefeitura de Goiânia. Questionado sobre possível aliança seu partido com a sigla de Bolsonaro, Caiado respondeu que onde o PL e o União Brasil estiverem no segundo turno, existe um compromisso de apoio mútuo “para fortalecer a direita”, mesmo que se enfrentem em algum momento.

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