Presidente Lula lamenta decisão do Copom de manter taxa Selic em 10,5% ao ano

Presidente critica manutenção da taxa Selic e questiona autonomia do Banco Central em entrevista à rádio Verdinha

Postado em: 20-06-2024 às 16h08
Por: Vitória Bronzati
Imagem Ilustrando a Notícia: Presidente Lula lamenta decisão do Copom de manter taxa Selic em 10,5% ao ano
Lula também questionou a autonomia do Banco Central, alegando que, durante seus mandatos, os presidentes tinham influência na gestão do Copom | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Um dia após o Banco Central (BC) decidir manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, o presidente Lula lamentou a determinação do Comitê de Política Monetária (Copom). Em entrevista, nesta quinta-feira (20), à rádio Verdinha, em Fortaleza, Lula afirmou que a medida é prejudicial ao país e ao povo brasileiro, destacando que altos juros reduzem os recursos disponíveis para investimentos internos.

“Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juro, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”, declarou o presidente durante a entrevista.

Lula também criticou o destino das despesas financeiras, especialmente os gastos com juros da dívida pública e as renúncias fiscais. Ele questionou a proporção dos gastos públicos destinados a esses pagamentos em comparação com outras áreas prioritárias.

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“Nós temos possibilidade de ter [este ano] um déficit de R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões. Aí eu fico olhando do outro lado da folha que me apresentam, só de juro, o ano passado, foram R$ 790 bilhões que a gente pagou. Só de desoneração foram R$ 536 bilhões que a gente deixou de receber. Por que não transforma em gasto a taxa de juros que nós pagamos?”, indagou Lula.

O presidente criticou o mercado financeiro por não focar nas necessidades sociais, citando moradores de rua, catadores de papel e desempregados. “Não vejo o mercado falar dos moradores de rua, dos catadores de papel, não vejo o mercado falar dos desempregados e das pessoas que precisam do Estado. Quem necessita do Estado é o povo trabalhador, a classe média, que é quem paga imposto nesse país.”

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Além disso, Lula questionou a autonomia do Banco Central, alegando que, durante seus mandatos, os presidentes tinham influência na gestão do Copom.

“Eu fui presidente 8 anos. O presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom e do Banco Central. O [Henrique] Meirelles [ex-presidente do BC] tinha autonomia comigo tanto quanto tem esse rapaz [Roberto Campos Neto] de hoje. Só que o Meirelles era um cara que eu tinha o poder de tirar, como o Fernando Henrique Cardoso tirou tantos, como outros presidentes tiraram tantos. Aí resolveram entender que era importante colocar alguém que tivesse um Banco Central independente, que tivesse autonomia. Ora, autonomia de quem? Autonomia para servir quem, para atender quem?”, questionou Lula.

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