Bolsonarista, Marçal vai enfrentar o bolsonarismo em SP

Internautas já levantaram vídeo antigo do goiano ao lado de Janones na intenção de desidratá-lo

Postado em: 22-06-2024 às 06h30
Por: Francisco Costa
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Diante da insistência em disputar o cargo, ele vai encarar o bolsonarismo, que já começou a trabalhar | Foto: Reprodução

Pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o coach goiano Pablo Marçal (PRTB) se assume bolsonarista. Ele, inclusive, tentou o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a empreitada na capital paulista, mas recebeu um não do político. Diante da insistência em disputar o cargo, ele vai encarar o bolsonarismo, que já começou a trabalhar. 

Internautas [supostamente] bolsonaristas, inclusive, já desenterraram um vídeo de 2022, quando ele se colocou como pré-candidato à presidência, dando apoio ao deputado federal André Janones (Avante-MG) – inimigo declarado do bolsonarismo. Na gravação, o goiano diz pegar “bons conselhos” com o mineiro.

“Ele, que chegou antes de mim, está provando aqui que, na política, a gente não precisa ter ciúme, a gente não precisa ter adversário, mas a gente precisa se unir pelo Brasil”, afirmou, enquanto Janones emendou que era necessário ter “espírito democrático” e promover o diálogo. 

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“Segue o André Janones, é hora de conhecer ele. É o que eu acabei de falar para ele: se a população não tem acesso aos pré-candidatos ou aos candidatos no momento oportuno, significa que ela está levando um produto sem saber seu vício. Não tem como”, continuou Marçal e completou: “Se você não conhece todos os candidatos, não estuda e se afunda, você fica como um refém da política. (…) Para de ficar com nojo de política. Se você tem nojo de política, os nojentos vão governar você.” 

Posteriormente, o coach passou a criticar Janones. Contudo, os aliados do ex-presidente já começam a tentar minar a pré-candidatura do goiano em São Paulo, conforme analistas. Isso, porque ele já aparece nas pesquisas com 7%, conforme o DataFolha. A avaliação é que ele está tirando votos da direita. No caso do pré-candidato de Bolsonaro, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).

Bolsonaro desmentiu apoio

No começo e em meados de junho, o ex-presidente reforçou o apoio a Nunes e desautorizou aliados do PL a atuarem por Marçal. No último dia 14, ele almoçou com o prefeito e defendeu que a legenda permanecesse unida. “Meu nome, espero que seja usado para candidatos do meu partido ou de partidos aliados que estejamos apoiando. O Pablo Marçal me criticava muito até 2022 e, quando perdeu a oportunidade de disputar a presidência, passou a me apoiar. Não vou impedir ninguém de conversar com ele, mas apoio, nós vamos estar alinhados”, diz ao sugerir Nunes. 

Já nos primeiros dias do mês, Bolsonaro teve que desmentir boatos de apoio a Marçal. Em 4 de junho, eles se encontraram e conversaram por aproximadamente 1 hora. Na época, o goiano teria pedido o apoio, conforme o presidente, ao Metrópoles. “Ele perguntou e eu disse que tinha compromisso com o atual prefeito e que jamais posso te apoiar. Disse também: se você for para o segundo turno contra o Boulos, todo mundo vai com você”, disse Bolsonaro, na ocasião. “Em nenhum momento falei que ia apoiá-lo.”

Antes disso, vale lembrar, Pablo Marçal afirmou que não havia chance de Nunes ter o apoio do ex-presidente. “Bolsonaro é um cara que tem o princípio declarado, conservador, Nunes não tem nada parecido com isso. O que eu tenho certeza é que o PL, sim, quer de alguma forma estar na chapa tendo um vice, mas Bolsonaro tenho absoluta certeza que não apoiaria ele.”

Visão

Para o professor e cientista político Marcos Marinho, Marçal “tem zero credibilidade entre aqueles que sabem como funciona o jogo político”. Segundo o analista, Marçal mais espalha do que ajunta em relação à composição política necessária para uma disputa da envergadura de São Paulo e até mesmo da eleição presidencial de 2026. 

“Bolsonaro está calculando tudo isso e, mais do que ele, os bolsonaristas que dependem dele para se manterem vivos. Sendo assim, não vão deixar prosperar nenhuma iniciativa que possa fragilizar aquilo que acreditam ser o caminho para a volta ao Poder. Marçal é mais um empecilho do que um ativo político nessa jornada por ter escolhido se manter na caricatura política”, finaliza.

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