Extrema direita conquista primeira vitória na França

A derrota de Macron foi expressiva, revelando que seu partido não participará do segundo turno em pelo menos metade das regiões onde haverá votação no dia 7 de julho.

Postado em: 30-06-2024 às 19h04
Por: Herbert Alencar
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Imagem: Ludovic Marin/AFP

A extrema direita conquistou uma vitória significativa no primeiro turno das eleições na França, em uma votação considerada histórica. Neste domingo (30), as estimativas indicaram que o Rassemblement National (RN) obteve 34% dos votos, enquanto a Nouveau Front populaire (NFP), uma coalizão de partidos e movimentos de esquerda, alcançou 29,1%. A maioria presidencial de Emmanuel Macron ficou com 22% dos votos.

A derrota de Macron foi expressiva, revelando que seu partido não participará do segundo turno em pelo menos metade das regiões onde haverá votação no dia 7 de julho. As primeiras projeções foram divulgadas logo após o fechamento das urnas nas grandes cidades.

A eleição mobilizou amplamente a França, com uma taxa de participação de quase 67%, a mais alta desde 1986, superando em 20 pontos percentuais a de 2022.

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Macron Apela por União

Para o segundo turno, Macron, portanto, apelou por uma “grande união” contra a extrema direita, visando impedir que o movimento obtenha a maioria e escolha um primeiro-ministro. Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda, anunciou que partidos retirarão candidatos do segundo turno se um nome apoiado por Macron puder vencer a extrema direita.

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Gabriel Attal, o primeiro-ministro, afirmou que os candidatos da presidência de Macron que ficarem em terceiro lugar em suas regiões abrirão mão do segundo turno para apoiar nomes da esquerda, visando formar uma coalizão capaz de impedir que a extrema direita obtenha a maioria absoluta e escolha um novo governo. “Nosso objetivo é claro: impedir uma maioria por parte do RN e de seu projeto funesto”, disse.

Marine Le Pen, líder da extrema direita, comemorou o resultado e declarou que “a democracia falou”. Para ela, a vitória é “apenas um passo para uma alternância de poder”, referindo-se à sua intenção de disputar a presidência da França em 2027. Eleita no primeiro turno em sua região, ela pediu que, no dia 7 de julho, os franceses votem na “aliança da segurança”.

Estratégia de Jordan Bardella

Jordan Bardella, um dos principais nomes da extrema direita, apelou aos franceses para que “continuem mobilizados” e permitam a vitória de seu movimento no segundo turno. Ele declarou que, se isso ocorrer, os ultraconservadores poderão obter a maioria absoluta e que ele será “o primeiro-ministro de todos os franceses, respeitando a Constituição e a função do presidente”.

Após a derrota nas eleições europeias, Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições, surpreendendo até mesmo seu gabinete. No Conselho Econômico, Social e Ambiental do país, a percepção foi de que o ato lançou a França “numa crise política e democrática sem precedentes”.

A eleição ocorre em dois turnos. Nas regiões sem maioria de votos para um deputado, a população fará um segundo turno com os mais votados no dia 7 de julho. Mais de 200 políticos de centro, esquerda e ecologistas apelaram por união onde houver risco de vitória de um candidato da extrema direita.

Consequências da Vitória do RN

Se o RN conseguir eleger um número suficiente de deputados para se estabelecer como maioria no Parlamento, poderá escolher um primeiro-ministro. Isso seria inédito desde a Segunda Guerra Mundial. Para Macron, a ascensão do RN significa compartilhar o poder até as eleições de 2027, iniciando uma era de incertezas no país. Contudo a convivência entre partidos diferentes não seja inédita, a presença da extrema direita, que não está disposta a fazer concessões, é sem precedentes.

O resultado foi uma derrota pessoal para Macron, que esperava unir os partidos republicanos para formar um “cordão sanitário” contra os extremistas. No mês passado, em encontro com Lula, Macron esperava que os franceses votassem diferente nas eleições parlamentares, mas isso não se concretizou.

Do lado do RN, a avaliação é de que Macron errou em todas suas projeções.

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