Bancada goiana não fala a mesma língua quando assunto é o Plano Safra

Volume de recursos para o setor supera os R$ 400 bilhões em crédito rural para a agricultura empresarial. Segundo dados do governo, o montante representa um aumento de 10% em relação à safra anterior

Postado em: 10-07-2024 às 04h30
Por: Francisco Costa
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Segundo dados do governo, o montante representa um aumento de 10% em relação à safra anterior | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O deputado federal por Goiás, Rubens Otoni (PT), afirma que existem cada vez mais lideranças ativas do agronegócio fazendo a defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Justamente pela sua visão republicana, isenta e acima de tudo estratégica em relação à Agricultura brasileira”, avalia.

Na última semana, foi anunciado o lançamento do Plano Safra 2024/2025. O volume de recursos para o setor será de R$ 400,59 bilhões em crédito rural para a agricultura empresarial. Segundo dados do governo, o montante representa um aumento de 10% em relação à safra anterior. No ano passado, o Plano Safra 2023/2024 foi anunciado com recursos da ordem de R$ 364,22 bilhões.

Além disso, o plano oferece linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para médios produtores e grandes produtores rurais. Também conforme o governo, “os produtores rurais poderão ainda contar com mais R$ 108 bilhões em recursos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), para emissões de Cédulas do Produto Rural (CPR), que complementam os incentivos do novo Plano Safra”. Ou seja, são R$ 508,59 bilhões para o desenvolvimento do agro nacional.

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Para Otoni, o número representa o maior apoio que o setor agrícola já recebeu do governo federal em toda a história. Questionado sobre as resistências do agro em relação ao presidente – e a preferência pelo anterior –, o parlamentar afirma que as “preferências políticas de cada setor são legítimas. O que merece destaque é a postura do presidente Lula de não misturar as coisas e garantir total apoio a um setor fundamental para a nossa economia”.

Ele avalia, ainda, que o impacto do plano safra será maior no aperfeiçoamento da tecnologia, para aumentar a produtividade e também a competitividade no mercado internacional. Inclusive, a atuação também tem melhorado a relação com a bancara ruralista, conforme Rubens. “Há um respeito muito grande da bancada ruralista com o presidente Lula e um reconhecimento de que nos seus governos o segmento sempre foi prestigiado. Ainda mais agora com a confirmação de investimentos recordes para a agricultura.”

Divergência

A posição, contudo, é diferente de outros parlamentares. O deputado federal Ismael Alexandrino (PSD) não percebe melhora. “O presidente Lula ter feito aquela compra vultosa internacional de arroz sem conversar com o setor do agro passou uma mensagem de falta de diálogo e autoritarismo. Torço para que essa relação melhore, pois o agro é fundamental para o Brasil e a relação do setor com o governo precisa ser harmoniosa.”

Ismael se refere a importação de arroz em decorrência, especialmente, da crise devido às chuvas que atingiu o Rio Grande do Sul – responsável por 70% da produção do grão. O leilão foi anulado após concorrência polêmica para a compra.

Rubens Otoni, contudo, defendeu. Ainda ao veículo de comunicação, o petista afirmou que “a importação de arroz ainda se faz necessária, não apenas pela crise climática no sul do País, mas por equívocos da política de regulação de estoques do governo anterior”. Segundo ele, é preciso incentivar a produção para exportação, “mas não podemos descuidar dos produtos que vão à mesa dos brasileiros. É o caso do arroz. Precisamos incentivar a produção no País e, enquanto não somos autossuficientes, precisaremos importar”.

Representante goiana da bancada

A deputada federal Marussa Boldrin (MDB) é representante goiana na bancada do agro. Para ela, o plano safra foi lançado com muitos pontos em aberto. “Os juros não são os melhores, o seguro rural está ainda bem aquém do que esperávamos. Apesar dos esforços e dos valores, ainda precisamos de um maior reconhecimento do setor mais forte do País.”

Ainda segundo ela, os representantes do setor no Brasil trabalham de sol a sol e cabe aos parlamentares lutarem pelo segmento e buscar soluções “saudáveis e equilibradas para a manutenção e constante crescimento do nosso País”.  “Seguimos buscando amplo entendimento através do diálogo, buscando mais segurança jurídica quanto às propriedades privadas, mais atenção com relação à invasão de terras, as demandas por insumos e maior visão do governo quanto aos benefícios do setor para o País.”

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