Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Secretário defende parcerias entre o setor privado, universidades e o estado

Segundo ele, o objetivo dessa união entre as categorias é fomentar iniciativas tecnológicas no estado e atrair investimentos internacionais

Postado em: 25-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Segundo ele, o objetivo dessa união entre as categorias é fomentar iniciativas tecnológicas no estado e atrair investimentos internacionais

Rubens Salomão e Lucas de Godoi* 

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Goiás, Adriano Rocha Lima, defende a criação de parcerias entre o setor privado, as universidades e o estado para fomentar iniciativas tecnológicas no estado e atrair investimentos internacionais. Ele analisa ser necessária a reestruturação da Universidade Estadual de Goiás (UEE), de forma a atender com mais eficiência as aptidões de cada região do Estado. Em entrevista ao O Hoje, o secretário confirmou a manutenção das linhas de crédito, como o Goiás Fomento, e disse também estar dedicando a maior parte do seu tempo para garantir o funcionamento das 24 unidades do  Institutos Tecnológicos de Goiás (Itegos), que oferecem cursos técnicos de qualificação profissional. (* Especial para O Hoje) 

Entrevista Adriano rocha lima – secretário de desenvolvimento econômico 

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Qual a diferença da pasta do senhor (Desenvolvimento Econômico) com a área da Indústria e Comércio?

As duas áreas vão trabalhar com o mesmo conjunto. A primeira coisa importante a ser explicada é que essas divisões de pastas servem para dar mais foco, mas não significa que serão estruturas independentes que não se falam. Um marco importante da gestão de Caiado é esse compromisso de trabalharmos integrados e em conjunto. Inclusive dentro desta estrutura do governador, ele vai ter uma estrutura para coordenar os projetos mais estratégicos dos estados. 

A indústria e comércio vai estar mais focada dentro da matriz econômica atual e vai fortalecer essa matriz econômica. A secretaria de Desenvolvimento Econômico vai estar focado em duas coisas: na atração de investimentos internacionais (atrair empresas de fora de Goiás e do Brasil) e empresas de base tecnológicas e de inovação. Dessa forma a gente vai trabalhar coordenadamente para que Goiás consiga diversificar a matriz econômica e deixar de ser um estado, onde você observa de forma positiva a balança comercial positiva com mais exportações do que importações, porém, basicamente em cima de commodities (produtos que funcionam como matéria-prima). Nós precisamos trazer mais valor agregado, fortalecer a indústria, fortalecer a área de serviços, fortalecer a tecnologia e permitir que Goiás consiga exportar isso para fora. Não tem porque o estado de Goiás não exportar tecnologia para o Brasil e para o mundo.

Qual é o papel do estado para esse desenvolvimento?

É justamente fazer essa coordenação. Você tem hoje capital em abundância e grandes ideias. Você tem no estado de Goiás, que foi mostrado por uma pesquisa de uma instituição não-governamental focada no empreendedorismo, que destacou o estado de Goiás tem uma cultura empreendedora muito forte mas o resultado final quando você combina todos os indicadores o resultado não é muito promissor. A pesquisa mostra o seguinte, estão faltando as ferramentas políticas de apoio para que as boas ideias, a vontade e a disposição de empreender tenha bons resultados. Então no momento em que você faz que as grandes empresas, com capital para investir, buscando boas ideias, se aproximem das universidades e dos empreendedores. O estado tem um papel de fazer essa coordenação e aproximar esses agentes você consegue fazer com que esse ecossistema se alimente e comece a receber resultados. E, claro, vai ser benéfico para todos, a universidade se beneficia com investimentos para pesquisas, com problemas reais para ser pesquisado, pois a universidade, muitas vezes, ela busca justamente ideias boas e problemas do cotidiano para estudar. Os estudantes e empreendedores vão ter, com apoio das universidades e das empresas, como desenvolver suas ideias e as empresas vão poder aproveitar essas ideias e transformá-las em produtos que vão para o mercado, vão gerar emprego, vai desenvolver o estado que vai conseguir exportar tecnologia com mais valor agregado.

A UEG tem estrutura laboratorial suficiente para permitir que os alunos desenvolvam produtos tecnológicos?

Ela não tem o suficiente, e isso precisa ser aprimorado. A UEG precisa passar por uma grande reestruturação para que ela consiga ter mais foco. A universidade hoje tem uma atuação bastante diversificada no estado de Goiás. Você vê que alguns problemas são notórios. Há uma descoordenação do que é oferecido nos campos e qual é a aptidão do município. Parece que a gestão da UEG tentou focar em quantidade e não em qualidade. Não significa que ela precisa ser reduzida, mas precisa ser feito uma redistribuição e readequar a UEG. Precisamos dar mais foco à tecnologia, apesar de existir, principalmente na área de ciência da computação, mas é preciso ampliar. E aí sim você vai conseguir que ela gere mais resultados. Outro fato importante é o papel Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), nós precisamos que a FAPEG equilibre os financiamentos de pesquisas entre UFG e UEG. Apoiar pesquisas para que tragam retorno para o estado. Eu entendo que toda universidade tenha também a pesquisa pura, que tem o objetivo nela mesmo, mas essas são feitas com outras formas de financiamento. Entidades como a FAPEG deve ter um foco maior nas pesquisas aplicadas, pois elas são financiadas assim, com recursos específicos. No momento que isso é feito, você consegue dar um foco nas pesquisas e dar um foco nos resultados rápidos. 

Nessa análise prévia das peculiaridades do Estado, que tipo de produto e serviço poderia ser desenvolvido e implantado aqui para diversificar a economia do estado?

Goiás tem hoje uma situação privilegiada em termos de energia solar. É um dos melhores posicionados em termos de luz solar para energia fotovoltaica. Quando a gente fala de energia limpa, renovável e de sustentabilidade, e são pautas cada vez mais presentes e atuais, o estado tem condições de atrair grandes investimentos na área de energia sustentável. Goiás também tem uma condição muito privilegiada em questão de logística. O estado está posicionado no centro do Brasil e perto da capital federal, empresas de bases tecnológicas que consigam gerar metodologias para melhorar a logística, você tem empresas hoje dentro da tecnologia que é a inteligência artificial ela fortemente aplicada dentro do setor logístico, aumenta o interesse em investir aqui. No momento em que você combina a posição de privilégio de Goiás com investimentos em pesquisas em inteligência artificial e empresas que tem esse viés, você consegue também atrair empresas de logística para o estado. Há diversos outros exemplos, principalmente na área de agricultura. Não tem porque Goiás ficar atrás no quesito ‘agrotec’. Podemos usar esse ambiente muito forte do estado de Goiás que é a agricultura para transformar em um laboratório prático.

Temos três pilares que devemos intensificar o investimento neles que são: Internet das coisas, Big Data e Inteligência artificial. Esses três campos, trabalhando coordenados consegue gerar muitos resultados positivos para o estado em diversas áreas. Temos aí um número muito significativo dos pareceres jurídicos já são feitos por computadores baseados em inteligência artificial. Você tem como, na produção de leite, aumentar drasticamente na questão quantitativa da produção.

Você falou de readequação da UEG, o que já está sendo avaliado para essa readequação?

Em um primeiro momento é a gente conseguir fazer uma redistribuição do que é oferecido de cursos e o que é a vocação de cada região do estado de Goiás. Por exemplo, não faz sentido você oferecer o curso de turismo e hotelaria em Itaberaí e não oferecer em Caldas Novas que é o maior polo de turismo em Goiás. Precisamos, é claro, nos aprofundar, pois em 20 dias não dá para ser conhecedor profundo do estado e das universidade. Eu preciso do apoio deles (universidades) para conseguir fazer e realizar outras ações para adequar a universidade. Temos oficialmente cerca de 24 Institutos tecnológicos (Itegos) e foi uma das prioridades grandes que eu dei nesses primeiros dias para que eles voltem a funcionar de maneira adequada. 

As linhas de créditos serão mantidas?

Serão! Eu acho que o mais importante para o estado é termos como política o seguinte: existe o Goiás fomento, ele vai continuar existindo, mas não é a única ferramenta que existe. Nós temos capital privado e também capital do governo federal. Combinados, feitos através de uma política consistente, a gente consiga atrair mais investimentos para o estado com políticas eficientes.  

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