Irmãos Brazão prestam depoimentos para Conselho de Ética

Domingos e Chiquinho são principais suspeitos de serem mandantes do assassinato de Marielle Franco

Postado em: 16-07-2024 às 16h58
Por: Thiago Borges
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Deputado federal Chiquinho Brazão Foto: Reprodução/TV Câmara

Os desdobramentos do crime de assassinato contra a vereadora pelo PSOL no Rio de Janeiro, Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes, ganharam mais um capitulo na tarde da última terça-feira (16). O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados ouviu o depoimento dos irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão. Chiquinho (sem partido-RJ) é deputado federal, enquanto Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).

As declarações foram feitas pelas defesas dos acusados, além dos suspeitos. Domingos participou como testemunha de defesa do irmão. Também participaram da sessão o conselheiro Thiago Kwiatkowski Ribeiro, vice-presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro, e o ex-deputado estadual Carlos Alberto Lavrado Cupello.

O processo é movido pelo PSOL, partido da vereadora na época do crime. A ação judicial foi aceita pelo colegiado no dia 15 de maio. A legenda alega que Chiquinho Brazão “desonrou o cargo para o qual foi eleito”. No texto, o partido ainda completou: “A sua cassação é uma necessidade: a cada dia que o Representado (Chiquinho Brazão) continua como deputado federal, é mais um dia de mácula e de mancha na história desta Câmara”.

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Irmãos Brazão prestam depoimentos para Conselho de Ética

O desfecho do caso pode levar à cassação do mandato de Chiquinho. A Polícia Federal (PF) apontou o parlamentar como um dos mandantes do crime contra Marielle. 

Chiquinho e Domingos estão presos preventivamente desde março, junto ao ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa. A operação que prendeu os suspeitos foi autorizada pelo relator do caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Aliás, Rivaldo Barbosa prestou depoimento na última segunda-feira (15) para o Conselho de Ética. Barbosa negou qualquer envolvimento e ligação com os irmãos Brazão. Na última semana, o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) – também vereador do Rio de Janeiro, há época do crime – foi ouvido pelo Conselho e declarou que o assassinato de Marielle Franco tinha como objetivo amendrontar quem ousasse bater de frente com as mílicias cariocas, via decisões políticas.

As acusações contra Chiquinho e Domingos também parte de Ronnie Lessa, ex-policial militar e assassino confesso de Marielle e Anderson, declarou em depoimentos que os irmãos foram os mandantes do crime. Os irmãos Brazão teriam prometido a Lessa uma chefia de uma nova milícia no Rio de Janeiro. 

Legado de Marielle

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados brutalmente no dia 14 de março de 2018. A vereadora era uma ativista social – formada em ciências sociais pela PUC-RJ – que militava pelos direitos LGBTQIA+ e pelo movimento negro, além de ser ativa na garantia dos direitos humanos. A parlamentar criticava com veemência a Polícia Militar do Rio de Janeiro e a intervenção federal na cidade. 

Foi eleita vereadora em 2016, em sua primeira candidatura. Disputou e foi nomeada para o cargo pela coligação “Mudar é possível” – do Psol com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Recebeu mais de 46 mil votos, ficando em quinto lugar entre os candidatos mais votados no Rio de Janeiro naquela eleição. Foi também a segunda vereadora com mais votos em todo território brasileiro. 

Marielle era carteirinha carimbada na crítica às milícias do Rio de Janeiro, tendo se tornado um marco da luta contra as organizações criminosas – o que, provavelmente, levou à sua morte. Ela se tornou símbolo de luta e coragem para aqueles que se viam representados na imagem da parlamentar. 

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