Dissidentes defendem permanência no MDB

Conselho de Ética do partido julga hoje, às 15 horas processos por infidelidade partidária. Relator vota pela expulsão de prefeitos de Rio Verde, Catalão e Turvânia

Postado em: 27-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Conselho de Ética do partido julga hoje, às 15 horas processos por infidelidade partidária. Relator vota pela expulsão de prefeitos de Rio Verde, Catalão e Turvânia

Raphael Bezerra*

Na véspera do julgamento do Conselho de Ética
do MDB, os membros do partido que sofrem processo por infidelidade partidária
consideram injusta uma eventual expulsão. Ambos se posicionaram a favor da
candidatura de Ronaldo Caiado (Democratas) ao Governo de Goiás, enquanto Daniel
Vilela disputava o cargo pela legenda. O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale
diz que “quem julga é que deveria estar sendo julgado”.

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O secretário de Governo, Ernesto Roller,
disse que não aceitaria ser expulso do partido e por isso, antecipou sua desfiliação
na manhã de ontem (26). “Não vejo fundamento para o pedido de afastamento que
não seja por uma questão de vingança”, afirmou Roller.

O presidente do Conselho de Ética do partido,
Valdeci Mendonça, disse que os outros dissidentes deveriam ter feito o mesmo
que Ernesto Roller: pedir para sair.

Ao todo, serão analisados quatro processos
que podem levar à expulsão de três membros do partido. Os processos contra os
prefeitos Paulo do Vale (Rio Verde) e Fausto Mariano (Turvânia) tiveram relatório
final para a expulsão, conforme apurado pela reportagem. O relator de ambos,
Ezizio Barbosa (MDB), disse que vai se ater ao Regimento do partido para expor
o seu voto.

Na mira do mesmo Conselho, Ernesto Roller
afirmou que não gostaria de ter uma expulsão em sua biografia e que, por isso,
havia formalizado sua desfiliação um dia antes do julgamento. Ele também
criticou o modelo de gestão da legenda. “O diretório é controlado e não vou
carregar no meu currículo um afastamento que é ilegítimo”, afirmou ao pedir a
desfiliação.

A saída de Roller do partido ocorre após ele
cumprir uma suspensão temporária de suas funções no MDB, votada em maio de 2018.
Na ocasião, outros correligionários também sofreram a sanção, incluindo o
prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale.

Paulo considera injusta uma eventual  expulsão, já que como afirmou ao O HOJE,
“quem julga é que deveria estar sendo julgado”, criticou.

Além da arbitrariedade apontada pelo
prefeito, Do Vale também considera que a expulsão pode quebrar ainda mais o
partido. “Estou tranquilo, nem tive tempo para pensar nesse processo, mas
aquele MDB que eu participei morreu, se acontecer essa expulsão. Aquela
história de democracia e de lutar pela revolução vai morrer se eles nos
expulsar e o MDB vai se tornar um partido com um dono”, lamenta.

Na pauta da reunião também estará um recurso
apresentado pelo prefeito de Catalão, Adib Elias, que também engrossou as
movimentações pró-Caiado e que foi alvo de processo no Conselho de Ética do
MDB.

Infidelidade

A alegação do relator, Ezízio Barbosa, é que
os membros teriam quebrado regras do partido ao apoiar um candidato que não o
do partido. O processo desenrola há quase um ano, e só deve ter um novo
desdobramento agora, após a eleição interna do partido que aconteceu no começo
do ano e reconduziu Daniel Vilela (MDB) para o cargo de presidente.

Ezízio explicou que irá comandar o julgamento
e que haverá todo o processo legal, com ampla defesa por parte dos prefeitos e
ouvirá testemunhas. “No final, os membros da Comissão votam. Eu voto com base
no parecer”, informou. Segundo ele, a demora para que os procedimentos fossem
concluídos foi devido a eleição da do diretório estadual. “Somente após a
eleição é que pode ser marcado esse julgamento. Eu já tinha feito a instrução
do processo e faltava apenas isso para acontecer”, explica

Julgamento

O julgamento deve contar com sete membros do
conselho que darão o parecer de acordo com as defesas e com o relatório final
de Ezízio. Quem irá presidir o julgamento será o ex-prefeito de Abadia de
Goiás, Valdeci Mendonça (MDB). Para que a expulsão ocorra, os membros do
conselho deverão votar junto com o relatório de Ezízio. Ele foi escolhido relator
pelo presidente do partido, Daniel Vilela.

Barbosa avalia que houve uma ruptura no
partido ao negarem o apoio ao candidato emedebista, Daniel Vilela, que na
época, disputava as eleições estaduais pela cadeira do Palácio das Esmeraldas.

Conforme a assessoria de Daniel Vilela, o
ex-parlamentar não pode dar declarações a respeito do processo porque o
Conselho de Ética é independente do partido.

Racha no MDB

Além dos membros do partido que sofrem
processos do Conselho de Ética, há ainda outros filiados que apoiaram a
candidatura do democrata nas últimas eleições. Os prefeitos Renato de Castro (Goianésia),
João Barbosa (Piracanjuba) e Ovarci Vilela (Arenópolis) declararam apoio
contrário à indicação do partido durante o pleito de 2018, mas não sofreram
sanções.

O presidente do MDB em Aruanã, Paulo Silva,
também formalizou apoio ao democrata em agosto de 2018, assim como o
ex-prefeito de Alto Horizonte e presidente da sigla no município, Hernandes
Maurício.

Em abril do ano passado, o deputado federal
José Nelto (Pode) aproveitou a janela partidária e deixou o MDB – partido que
era filiado há 35 anos. O parlamentar apoiou Ronaldo Caiado desde o início da
pré-campanha eleitoral e continuou ao seu lado até o fim das eleições, em
outubro.

Outro emedebista à época, que deixou a
legenda durante a última janela partidária foi o ex-deputado estadual Lívio
Luciano, que hoje é filiado ao Podemos e atual chefe de Gestão da Governadoria
do governador Ronaldo Caiado (DEM). (*Especial para O Hoje)

 

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