“O momento de mudança é agora” afirmou Delegado Waldir

Temos que buscar equiparação da dupla jornada, mas não podemos jogar esse peso na Previdência

Postado em: 06-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Temos que buscar equiparação da dupla jornada, mas não podemos jogar esse peso na Previdência

Raphael Bezerra e Rubens Salomão*

O deputado federal líder da bancada do PSL na
Câmara, delegado Waldir, diz que o presidente da República, Jair Bolsonaro
(PSL), se sensibilizou com a idade mínima para as mulheres e que para isso
propõe flexibilizar o tema que está em discussão no Congresso. Para Waldir, a
Reforma da Previdência é essencial e imprescindível para a recuperação financeira
da União e dos Estados. Em entrevista ao O Hoje, o delegado afirmou que a
medida trará mais recursos para o investimento em Saúde, Educação e Segurança
Pública. (* Especial para O Hoje)

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As pautas
nesse momento na Câmara Federal são a Reforma da Previdência e a Lei Anticrime.
Como líder do PSL, que conta com a maior bancada, qual a sua avaliação sobre as
duas pautas?

A Reforma da Previdência é a mais
fundamental, tanto para mim, como para o Davi [Alcolumbre] (DEM), como para o Maia
[Rodrigo] (DEM), quanto para o presidente Bolsonaro quanto para sua equipe
econômica.  É imprescindível para o país,
para os municípios e para os estados. Hoje, se compromete de 60 a 80% do
orçamento com a previdência, não tem sobrado recursos para saúde, educação,
segurança, investimentos e geração de emprego. Nós temos que acabar com os
privilégios. Hoje, 70% da população brasileira ganha até um salário mínimo. Os
outros 30% são diluídos entre as outras carreiras. Há um teto, para a
iniciativa privada de R$ 5.5 mil, já os servidores públicos tem um teto de até
R$ 39 mil, mas acabam existindo penduricarias que acabam levando mais dinheiro
público. O Brasil é um país injusto. Colocaram essas normas previdenciárias na
Constituição e hoje é muito difícil mudar essas regras já que estamos mexendo
com corporações muito poderosas. O servidor da iniciativa privada tem um teto
de acordo com o seu salário e o seu tempo de contribuição enquanto o servidor
público recebe o salário integral na previdência. Primeiramente, temos que
igualar políticos, delegados, juízes, magistrados e toda essa casta que recebe
o teto. Aqueles que quiserem superar o teto, que façam uma previdência privada,
como é em outros países do mundo.

Houveram
muitas críticas em relação ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), explique
os motivos.

Foi criada agora o recebimento de R$ 400 a
partir de 60 anos e o recebimento do teto apenas a partir dos 70 anos. Ou seja,
estamos antecipando o recebimento da previdência em 5 anos para aquelas pessoas
que não tem condições. Pelas regras atuais, para receber o BPC, é preciso que
você não tenha nenhum patrimônio em seu nome e que sua renda familiar de até R$
250. Isso muda agora, com a Nova Reforma, permite-se que a pessoa tenha um
imóvel de até R$ 98 mil e facilita esse acesso. A partir dos 60 as pessoas já
começam a ter dificuldade em trabalhar e você já começaria a receber esse
benefício antecipado. Mas como é um dispositivo que teve muitas críticas, deve
haver alguma adequação com as discussões no Congresso Nacional. Acredito que
outro tema que será amplamente discutido também é sobre a aposentadoria rural
além do tratamento diferenciado para policiais, professores, portadores de
deficiência e pessoas que trabalham com alta periculosidade. Penso que outro
questionamento é sobre a idade mínima para as mulheres. O presidente deixou um
espaço para 60 anos para mulheres. Queremos, cada vez mais, buscar a igualdade.
Eu discordo desse ponto do presidente, acho que a proposta da equipe econômica
é mais adequada pois temos que igualar homens e mulheres. A expectativa de vida
da mulher é maior, essa previdência foi feita em 88 e estamos agora 30 anos
depois tentando corrigir esse problema. Temos muitas aposentadorias precoces,
principalmente os do serviço público que se aposentam com 40 anos, é um
absurdo. Quando você poderia estar ofertando mais para o Estado, você se
aposenta e vai para iniciativa privada deixando para a União esse rombo. O
momento de mudança é agora, ou mudamos ou nos afundamos.

Qual a espinha
dorsal da Reforma da Previdência que o Governo não deve abrir mão?

Eu penso que é a idade mínima. Mesmo com a
sinalização do presidente quanto a reduzir essa idade para as mulheres, ele é
político. E nós que estamos na linha de frente da política, temos que ter
sensibilidade também. Essa semana eu recebi defensores público que trouxeram
essa preocupação em relação a idade das mulheres com homens e mulheres. Eu
perguntei, os salários de vocês, procuradores e procuradoras são iguais? São.
Dos delegados e delegadas, professores e professoras, então temos que buscar
essa igualdade também na reforma e aquelas carreiras onde há a diferença de
salário nós temo que buscar também essa igualdade. O argumento de quem busca
uma idade mínima menor para as mulheres é quanto a questão da dupla jornada. Eu
também tenho dupla jornada e penso que as mulheres têm que ser mais duras com
os filhos e esposos fazendo com que eles compartilhem com as mulheres as
atividades do lar. Acredito que isso seja um erro de educação e que temos que
buscar essa equiparação da dupla jornada, mas não podemos jogar esse peso na
Previdência.

O presidente
não foi afoito, não se precipitou em abrir brechas antes da hora em relação a
flexibilização da idade mínima das mulheres com o que foi enviado para o
Congresso?

O presidente é muito sensível. Ao longo da
campanha ele foi chamado de machista, pois bem, acabou esse discurso quando ele
faz essa sinalização. Ele vem sendo cobrado dos prefeitos, do legislativo, dos
governadores e da população. Queremos que venha mais recursos para a saúde,
educação, segurança pública e investimentos.

Na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ), está confirmada a presença do Felipe
Francischini (PSL-Paraná)?

Na verdade, nós temos quatro candidatos. Não
deve funcionar aquele sistema de rotatividade na presidência da CCJ. Primeiro a
criança tem que nascer para saber quem vai ser o pai. No momento certo, eu sou
muito maduro e pé no chão em respeito aos 55 deputados do PSL e dos demais
parlamentares, quando o Rodrigo Maia (DEM) definir que a CCJ será do nosso
partido teremos então a definição entre os quatro candidatos. Temos a Bia Kicis
(PSL-Brasília), Coronel Tadeu (PSL-São Paulo) que é ligado ao Major Olímpio,
delegado Marcelo (PSL-Minas Gerais), eFelipe Francischini (PSL-Paraná) e que já
atuou na CCJ enquanto parlamentar estadual. Vamos ver quem tem mais aptidão
nesse momento muito difícil com pautas muito difíceis.

O Projeto Anticrimes
do Sérgio Moro só vai tramitar ao mesmo tempo do projeto que prevê punição por
abuso de autoridade que acabou sendo conhecido como sendo um projeto Anti
Lava-jato?

A relação existe entre a reforma da
previdência dos militares e a Projeto de Emenda à Constituição (PEC) para a
reforma da Nova Previdência e isso é muito claro entre os líderes dos partidos
e bancadas. Já a relação do pacote do Moro eu tenho conversado com o Ministro e
com alguns parlamentares para saber se vai para a Comissão Especial ou se anexa
outros projetos trazidas por um Ministro do Supremo Tribunal Federal que trata
também sobre o Pacote Anticrimes. Alguns dizem que temos que fazer a junção
quanto a reforma do Código Penal e termina virando um projeto muito grande para
lidar de uma vez só. A oposição reclamou quanto ao ponto do projeto que trata
da criminalização do Caixa 2. Os cães ladram, mas quem toma a atitude é o
Delegado Waldir. Nenhum deputado foi lá para que o projeto fosse unificado
então eu tive que ir lá e colocar na pauta, cabe agora ao Rodrigo Maia decidir
se os dois projetos vão tramitar juntos ou não.

Como o
senhor avalia essa relação do presidente Bolsonaro entre a Câmara e o Congresso
em si?

Não podemos esquecer que a origem do
presidente é o parlamento, são 28 anos de experiência dentro do parlamento. Eu
discordo da expressão que utilizam como baixo clero, quem é do alto clero? Quem
está sendo investigado pela Lava-jato? Eu prefiro ser baixo clero. O presidente
tem três filhos parlamentares, todo pai gostaria de ter três filhos
parlamentares. Ele deu uma sinalização, logo depois de eleito, e recebeu várias
bancadas de eventuais partidos que podem ser base. Agora que ele voltou a
atuar, após sofrer um atentado, ele vai definir quem serão os protagonistas
dessa relação do governo. Havia um líder do governo que estava isolado, não
tinha líder no Senado e no Congresso. Agora ele nomeou os dois três líderes e
tem recebido as bancadas dos partidos para diálogos. Sentamos com mais de 20
líderes para que ocorra a votação das reformas importantes para o país, sem
esse diálogo com as bancadas não há reforma. Ele cumpriu o que havia proposto,
primeiro escalão do Ministério apenas com nomes técnicos e três parlamentares
do meio político que pode passar uma impressão errada de que o governo tem apenas
o MDB e o DEM como base, e isso pode ter prejudicado do parlamento com o
governo. E agora ele tenta construir um diálogo para tentar construir a
governabilidade e se não construir isso não vota a Reforma da Previdência e o
Pacote Anticrimes.

Como
explicar para o eleitor goiano as decisões de relações exteriores que podem
prejudicar a exportação da Soja para a China enquanto os Estados Unidos recuam
nesse bloqueio comercial?

Eu não diria que o governo sinalizou duramente
qualquer rompimento com a China. Tivemos críticas que uma bancada do PSL que
visitou a China recentemente, mas sem dúvida nenhuma eles foram para trazer
esse apaziguamento. Agora sobre a questão comercial, há uma guerra comercial
entre as duas maiores potências e talvez a China esteja sinalizando substituir
o mercado brasileiro pelo norte americano para tentar apaziguar com os EUA. Eu
penso que haverá respeito ao Brasil nesse embate e acredito que não há
interesse dos EUA em prejudicar o comércio brasileiro. E mesmo se ocorrer, o
Brasil saberá buscar outros parceiros comerciais para que seus produtos sejam
direcionados. (* Especial para O Hoje) 

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