Dez mil exaltam Bolsonaro e equipe

Deputados goianos discorrem sobre os impactos das manifestações que aconteceram em todo o país

Postado em: 27-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Deputados goianos discorrem sobre os impactos das manifestações que aconteceram em todo o país

Raphael Bezerra*

Entre funks, hino nacional e uma até uma paródia
de “BellaCiao” – música tema de uma série de resistência – que exaltavam a
imagem e a figura de Jair Bolsonaro (PSL), cerca de 10 mil pessoas, segundo a
Polícia Militar, foram às ruas da capital para defender pautas do Governo
Federal.

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Os manifestantes se reuniram em frente sede
da Polícia Federal, no setor Pedro Ludovico, e seguiram pela avenida 85 em
direção ao Parque Vaca Brava. Os organizadores anunciavam, pelos trios
elétricos, que o público chegava aos 12 mil. Entretanto, segundo informações da
Polícia Militar, dez mil se reuniram em prol de Bolsonaro em Goiânia. Número
bem inferior aos quase 530 mil votos recebidos no segundo turno.

As pautas principais eram: apoio ao
presidente Bolsonaro, pressão para reforma da Previdência do Paulo Guedes,
aprovação da Medida Provisória 870 (MP 870) no Senado e Projeto Anticrime do
ministro Sérgio Moro, além da colocação do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) no Ministério da Justiça.

Os atos foram impulsionados pelo próprio
presidente Jair Bolsonaro (PSL), que, apesar das recomendações de integrantes
do governo para que mantivesse distanciamento, estimulou a mobilização ao
espalhar imagens em redes sociais e dizer que ela era um “recado àqueles
que teimam com velhas práticas”.

As reivindicações pela reforma da Previdência,
encampada pelo ministro Paulo Guedes, e do pacote anticrime, a cargo do
ministro e ex-juiz federal Sergio Moro, constavam da pauta desde que os atos
foram gestados.

Críticas ao
“Centrão”

As manifestações exaltaram as figuras do
presidente Jair Bolsonaro, do vice Hamilton Mourão e dos ministros da Justiça e
Economia, Sergio Moro e Paulo Guedes. Por outro lado, os partidos do Centrão
foram rechaçados pelos presentes. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia (Democratas), foi um dos alvos das críticas.

Os defensores de Bolsonaro pediam fim ao
chamado “toma-lá-dá-cá” como uma medida de acabar com a corrupção. Segundo
participantes, os partidos do centro apoiam o governo unicamente com trocas de
cargas.

Em Brasília, congressistas destacaram que
Bolsonaro deu demonstração de força em algumas cidades de Sudeste e Sul, mas
que, em uma análise mais ampla, as mobilizações foram aquém dos protestos
anti-governo.

Parte da bancada do próprio PSL chegou a se
opor à mobilização devido às reivindicações dispersas e temor que ela insufle a
crise política enfrentada do governo para conseguir avançar com suas pautas no
Congresso.

Ao lado da primeira dama, Michelle Bolsonaro,
o presidente da República não participou das manifestações que exaltaram seu
nome e da sua equipe. Bolsonaro participou de um culto no Rio de Janeiro.

Sobre as manifestações em apoio ao governo,
que ocorriam no mesmo horário a cerca de 30km dali, Bolsonaro afirmou serem
“espontâneas” e com “pautas definidas” que iam além do apoio à presidência.

“É uma manifestação […] com respeito às
leis e instituições. Mas com um firme propósito de dar um recado àqueles que
teimam com velhas práticas não deixar que o povo se liberte”, disse.

Deputados
veem sinais diferentes em manifestações

Os deputados estaduais Antônio Gomide (PT) e
Major Araújo (PRP – mas de malas prontas para o PSL), comentaram sobre o
significado dos movimentos que foram às ruas em todo o país.

Major Araújo não acredita que as
manifestações tenham acontecido cedo de mais. Para ele, é um sintoma da
perseguição e da dificuldade, implantada pelos partidos de oposição e pelo
centrão, de articulação com o Governo. “A população está cerca. É o momento certo
de ir às ruas para reivindicar pelo o que acreditam e por aquilo que votamos”,
disse.

Araújo acredita que dificuldade de relação do
governo com o Congresso Nacional não parte do Governo, mas sim dos partidos que
insistem em fazer a “velha política”. Mesmo com a baixa a adesão por parte dos
goianos, questionado se as manifestações poderiam representar um “tiro no pé”
do governo, o deputado não concordou. “Acredito que o povo entende a situação
que o governo está passando e quis ir às ruas”, pontuou.

Já Antônio Gomide, acredita que a
manifestação enfraquece o Governo Federal já fragilizado pelas derrotas no
Congresso e a dificuldade em articulação com os parlamentares. “A população
está dando um recado. Quando milhares saíram às ruas em defesa das universidades
e contrários aos cortes que o Governo impôs, tivemos um número quase cinco
vezes maior. A população não vê um direcionamento desse governo”, diz Gomide,
que questiona: “Qual o programa que está sendo colocado à prova?”.

Sobre o toma-lá-dá-cá, Gomide vê o movimento do
governo como uma manobra. “Ele esteve lá durante 27anos, e fez parte do centrão
que faz negociações. Apesar das dificuldades em articular, esse centrão é o
mesmo que apoia Bolsonaro, os partidos de oposição são de oposição. Quando a população
reage a isso, vê uma contradição do próprio discurso do governo”, explica.
(*Especial para O Hoje)

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