Maia critica demissão de Levy

Presidente da Câmara afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, devia ter mediado impasse entre o presidente do BNDES e Jair Bolsonaro

Postado em: 18-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Presidente da Câmara afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, devia ter mediado impasse entre o presidente do BNDES e Jair Bolsonaro

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Democratas) criticou nesta segunda-feira (17) a saída de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e do diretor de Mercado de Capitais do banco, Marcos Barbosa Pinto. Levy pediu sua demissão após provocações do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), na última semana.

“Acho que é uma covardia sem precedentes [a demissão de Joaquim Levy]. Não digo que do presidente, mas de quem nomeou, o ministro que deveria garantir equilíbrio nessas relações”, afirmou em palestra sobre a reforma da Previdência em São Paulo, em evento sobre compliance e democracia promovido pela TV Bandnews.

“Esse advogado que foi demitido do BNDES [Barbosa Pinto] é um dos caras que mais entende de política social no Brasil. Trabalhava com o Armínio [Fraga], estive com ele algumas vezes. É uma pena o Brasil ter perdido dois quadros da qualidade de Joaquim Levy e do Marcos Pinto da forma que eles foram retirados”, disse. 

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Rodrigo Maia afirmou que a reforma da Previdência deverá ser aprovada em comissão na Câmara no dia 26. No dia seguinte, afirmou que pretende instalar uma nova comissão para analisar o texto base da reforma tributária. Ele elogiou a proposta elaborada pelo tributarista Bernard Appy.

Sobre a recente fala do ministro da Economia Paulo Guedes, que criticou as mudanças propostas pelo relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), Maia diz pode ter o efeito colateral de favorecer a tramitação do texto.

“As crises que a gente vive, como a de sexta, fortalecem o comprometimento da Câmara. Acho que ajudam os governadores do Nordeste a vir para o processo. Se a proposta não é mais do Paulo Guedes, é do Congresso, facilita os partidos de esquerda a discutir o projeto com a gente”, afirmou.

“Talvez tenha sido um bom passo, talvez ele não tenha pensado desse jeito, mas tenha sido uma boa crise. Amanhã vou a Fortaleza para me reunir com alguns governadores do Nordeste e vamos tentar um comprometimento dos governadores para reintroduzir estados e municípios na reforma.” 

Maia também disse que a reintrodução do sistema de capitalização pura na reforma é inviável.

“A renda do Brasil tem que aumentar e a pobreza tem que diminuir para a gente conseguir debater uma capitalização. O máximo que a gente pode avançar é um sistema híbrido, em que uma base até dois ou três salários mínimos fica no sistema de repartição e o restante no de capitalização. Estamos tratando só de 9% ou 10% da população, que é quem ganha acima de R$ 3.000.”

Ele afirma que o modelo chileno defendido por Guedes não pode ser implementado no país sem que haja primeiro crescimento de renda. “É mais importante agora garantir a economia [com a reforma] de R$ 1 trilhão. Com isso, a gente faz um debate no segundo semestre e vê qual é o melhor modelo para o Brasil. O chileno, defendido pelo governo, não é.”

CPI do BNDES ouvirá Levy

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga supostas irregularidades no BNDES ouvirá o ex-presidente da instituição Joaquim Levy, no dia 26 deste mês, às 14h30.  Levy pediu demissão do cargo neste domingo (16) após críticas do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o presidente da CPI, deputado Vanderlei Macris (PSDB), o requerimento para convocação de Levy já havia sido aprovado pela comissão em abril. Dessa forma, mesmo após ter se demitido do cargo, Joaquim Levy é obrigado a comparecer à comissão. 

“Quero acrescentar, a bem da verdade, que o senhor, então presidente do BNDES, Joaquim Levy, comprometeu-se com todos os contatos que teve com essa comissão a colaborar com os trabalhos da CPI. Portanto, nós imaginamos que a presença dele é muito importante para esclarecimento de vários fatos”, afirmou. 

Demissão

Joaquim Levy pediu demissão do cargo de presidente do BNDES na manhã deste domingo (16) um dia após ter sido alvo de críticas do presidente da República. No sábado, Bolsonaro disse que Levy estava “com a cabeça a prêmio há algum tempo. Estou por aqui com o Levy”, afirmou o presidente em frente ao Palácio da Alvorada, pouco antes de embarcar para um evento no Rio Grande do Sul.

O motivo do descontentamento, afirmou Bolsonaro, foi a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do BNDES. (Com Agência Brasil) 

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