Deputados goianos criticam reforma da Previdência

Os três deputados fazem parte de partidos de oposição ao Governo Federal e explicaram os motivos que levaram a ser contra a reforma da Previdência

Postado em: 12-07-2019 às 06h59
Por: Sheyla Sousa
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Os três deputados fazem parte de partidos de oposição ao Governo Federal e explicaram os motivos que levaram a ser contra a reforma da Previdência

Raphael Bezerra

Três dos 17 deputados federais goianos votaram contra à reforma da Previdência do Governo Federal. A matéria foi aprovada na noite da última terça-feira (9) e os parlamentares são os únicos de oposição ao presidente da república Jair Bolsonaro (PSL). Para Elias Vaz (PSB) e Rubens Otoni (PT), a reforma do Governo não cumpriu o que prometia, que era acabar com privilégios e garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro. Flávia Morais (PDT), seguiu orientação do partido e, até o fechamento desta edição não se posicionou a respeito do seu voto. Porém, em entrevista anterior ao O Hoje, ela havia afirmado que poderia votar favorável a matéria embora tivesse ressalvas quanto a alguns pontos.

O ex-vereador por Goiás, Elias Vaz, afirmou que o Governo Federal utilizou da mídia para divulgar informações mentirosas sobre a Nova Previdência. “. É mentira que o Brasil vai quebrar sem a reforma, é mentira que não haverá mais dinheiro para pagar quem depender da previdência. É verdade que essa reforma vai acontecer para combater privilégio? Outra mentira”, diz.

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Ele questiona os privilégios mantidos pelo regime votado na terça-feira. Segundo ele, haveriam outras medidas fiscais que reduziriam os gastos do Governo Federal sem prejudicar os trabalhadores.

“O país está vivendo uma crise fiscal muito séria. Nós arrecadamos menos que gastamos, tem várias formas de resolver isso. Tivemos no ano passado uma renúncia fiscal de 361 bilhões de reais, apesar do Brasil ter uma alta carga tributária, tem alguns empresários que conseguem isenções fiscais”, completa.

O relatório aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, prevê uma economia de R$ 800 bilhões somente no regime geral, onde se enquadra os trabalhadores do serviço privado com rendimentos de até R$ 5 mil.

Para o petista Rubens Otoni, a estratégia utilizada pelo governo e pela Comissão Especial foi de reduzir o debate da matéria para ganhar tempo para que a oposição não questionasse o teor da matéria. “O mais deprimente foi ver deputados de todos os cantos do país felizes, comemorando como se fossem urubus em cima da carniça. Parlamentares satisfeitos em ver a injustiça imperando e o prejuízo para a grande maioria da população. Nós podemos ver a luta e a resistência daqueles que buscam garantir e recuperar direitos que foram garantidos ao longo de anos de luta”, afirma.

Para Otoni, a oposição vai buscar aprovar os destaques que aliviam a pressão em cima de algumas classes, como a de professores, que teve o tempo mínimo para aposentar aumentado. “Nós perdemos a votação ontem no plenário, mas estamos firmes para disputar destaque por destaque. Essa luta vai continuar no Senado e tem que estar nas ruas do país. Na comissão nós nos esforçamos para ter mais debate, poderíamos ter até 40 sessões, mas eles não quiseram e fizeram apenas 25 sessões porque eles sabiam que quanto mais nós discutíssemos o tema mais a população seria contra”, complementa. 

Flávia Morais acompanhou a orientação do partido, o PDT. Houveram 11 dissidentes do PDT que votaram contra a matéria. 

O presidente nacional do PDT, Carlos Siqueira, disse que haverá consequências pelo descumprimento do código do PSB. “Quando o diretório nacional decidiu, foi apenas um voto contra, entre mais de cem membros. E fechamento de questão tem consequência”, destacou.

No começo do ano, quando foi questionada pela reportagem do O Hoje, Flávia Morais havia afirmado que tinha ressalvas quanto ao projeto encaminhado pelo Governo Federal, mas que, caso alguns pontos, como o Benefício d Prestação Continuada (BPC), as novas regras para a previdência Rural e as Desvinculações de Receitas da União, fossem retirados do projeto ela poderia votar favorável a medida. 

Esses pontos foram criticados na Comissão Especial e foram retirados pelo relator Samuel Moreira (PSDB), no entanto, Flávia não mudou seu posicionamento e votou contra a reforma seguindo o partido. 

Propaganda enganosa

Para Rubens e Elias, o Governo Federal utilizou a mídia para enganar o eleitorado. Elias diz que a medida que mais cruel do texto é a da pensão por mortes. “A reforma do governo está muito distante e muito diferente da propaganda feita pela mídia que falava em acabar com privilégios, garantir a sustentabilidade, não é verdade. Se fosse para acabar com privilégios não iria acabar com a previdência de professores, de idosos carentes e dos trabalhadores mais pobres”, afirmou Rubens. 

“Principalmente para as mulheres, 80% das pensões por morte são para as mulheres. Tem uma situação que um homem morre, ele ganhava 2 mil reais, a viúva não vai receber 2 mil reais, ela vai receber 60% desse valor. A pessoa perde um ente querido e ainda vai perder sua renda. É uma crueldade enorme. Não são casos raros, pensões por mortes equivalem a 26% da previdência”, finaliza Elias.  

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