Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Norte-Sul vai começar a operar e custo com transporte tende a cair

Assinatura da concessão aconteceu ontem, em Anápolis, e contou com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro

Postado em: 01-08-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Assinatura da concessão aconteceu ontem, em Anápolis, e contou com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro

Raphael Bezerra

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), assinou o contrato de concessão da ferrovia Norte-Sul, na manhã desta quarta-feira (31), na comemoração do aniversário de Anápolis. As obras da ferrovia foram iniciadas com o ex-presidente José Sarney, há 32 anos e teve suas obras paradas. Apenas parte da construção, já concluída, é operada pelo setor privado. A assinatura é decorrente do leilão realizado em março pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O trecho central de 855 km entre Porto Nacional (TO) e Anápolis (GO) está concluído. E o trecho sul de 682 km entre Ouro Verde (GO) e Estrela D’oeste (SP) está em execução pela estatal Valec, com 95% das obras executadas.

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A concessão será para operar a ferrovia, que está praticamente pronta. A remuneração se dará pelo recebimento das tarifas de transporte, de direito de passagem, de tráfego mútuo e por receitas acessórias.

Rubens Ometto é o presidente Conselho de Administração da Cosan, grupo que comanda a Rumo Logística [vencedora da licitação para administrar a ferrovia], comentou que o setor privado precisa de regulação cada vez mais clara. “A Rumo, oriunda da ALL, já investiu R$ 10 bilhões e hoje vale R$ 34 bilhões, sem qualquer dinheiro público. Os trechos da FNS vão valorizar as terras do Centro-Oeste e expandir a fronteira agrícola do país”, afirmou. Ele lembrou que a FNS se conecta com a Malha Paulista, que vai até o Porto de Santos. 

Segundo Ometto, as duas ferrovias (FNS e Malha Paulista) vão criar um corredor inédito no Brasil. “Em 2018, as exportações ultrapassaram US$ 100 bilhões. O superávit de US$ 88 bilhões do agronegócio foi fundamental para a balança comercial e esse desempenho passa pelos trilhos da Rumo”, ressaltou. “Vamos terminar em poucos meses o que falta da FNS”, prometeu.

Preço do frete vai cair

Bolsonaro explicou que a ferrovia diminuirá o preço dos fretes e o número de acidentes em rodovias. “Consequentemente, na ponta da linha vai baratear o produto para o consumidor. O mais importante é o empresariado que está tendo confiança na gente. Eu andei o mundo e é duro você ser recebido lá fora com o manto da desconfiança”, garantiu.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, lembrou que a ideia da criação de uma rodovia que interligasse as cinco regiões do país foi pensada ainda durante o império de Dom Pedro II e teve seu primeiro trecho concluído em 1987. “É o início de uma transformação. Vamos mudar a matriz de transporte brasileiro, dentro de uma estratégia ferroviária muito sólida”, disse. “Vamos ver o trem passar com contêineres empilhados, em operação pioneira da Rumo. Carga de Manaus (AM) vai ser entregue em Porto Alegre (RS)”, destacou.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (Dem) afirmou que muita gente ainda não compreende a dimensão da obra. “Ainda não caiu a ficha de muita gente”, disse. “Esse será o grande avanço que nós daremos. Essa obra hoje tem que ser comemorada, como é o aniversário de Anápolis. Sabemos que isso será um marco do desenvolvimento do país e do estado de Goiás. O Brasil só tinha desenvolvimento nas regiões litorâneas”, comemorou.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina (Democratas), destacou a importância da ferrovia para o barateamento da logística para os produtores. “Hoje se gasta aproximadamente 40% do rendimento com a logística. O senhor [Bolsonaro] inaugura a esperança do setor produtivo do Brasil. E eu, como ministra da Agricultura, compartilho desta alegria”, afirma.

O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB) comemorou a escolha da cidade para a assinatura da concessão. A data escolhida também marca o aniversário do município que completa 112 anos. “Não tem presente de aniversário melhor do que receber Bolsonaro e Caiado em Anápolis”, disse ao lado de Bolsonaro. Já Bolsonaro, disse que a cidade se livrou de uma ideologia do passado e que “Anápolis é agora uma cidade próspera”.  

Jair Bolsonaro ressalta aproximação com EUA 

Após a assinatura da concessão da Ferrovia Norte-Sul em Anápolis, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a destacar a importância de seu filho, Eduardo Bolsonaro, como chefe da embaixada brasileira anos Estados Unidos. Ele lembrou das várias conversas que teve com o presidente dos Estados Unidos e com o seu primeiro escalão em diversas visitas que fez o país. 

Ele destacou a aproximação comercial entre o Brasil e os Estados Unidos. “Nós vamos levar adiante essa proposta e nos interessa, sim, cada vez mais nos aproximar da primeira economia do mundo”.

Ele ainda comentou sobre os contingenciamentos anunciados no começo do mês que seguraram R$ 1.4 bilhões do investimento dos ministérios da educação e cidadania. “Se não fizer isso, eu vou para o impeachment. E eu não vou pedalar, não vou descumprir a lei da responsabilidade fiscal. Eu não quero culpar quem nos antecedeu, mas, pegamos a união e os estados quebrados e precisamos de uma maneira de solucionar. Sabíamos que ia encontrar isso pela frente, ninguém está reclamando”, afirmou.

O ministro da Casa Civil, OnyxLorenzoni (Demo), comparou o orçamento da União com uma reserva para viagem. “Se tu gastar todo o seu recurso nos primeiros três dias da viagem, em uma viagem de 10 dias, quando chegar no oitavo dia você já não tem mais dinheiro. O contingenciamento é uma proteção e uma previsão de guardar porque nós temos o exercício de agosto, setembro, outubro e dezembro”, explicou. 

Ele afirmou ainda que as medidas servem para dar garantias para que o Ministério da Infraestrutura, comandado por Tarcísio, tenha orçamento para concluir as obras. “A partir de setembro o governo Bolsonaro vai dar condições para que todos [os ministros]terminem o ano bem”, garanti. 

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