Brasil e Paraguai cancelam acordo sobre compra de energia de Itaipu

A oposição no país vizinho acusa que a negociação não foi transparente e poderia causar prejuízos de até US$ 300 milhões. Foto: Agência Brasil.

Postado em: 01-08-2019 às 15h27
Por: Nielton Soares
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A oposição no país vizinho acusa que a negociação não foi transparente e poderia causar prejuízos de até US$ 300 milhões. Foto: Agência Brasil.

Nielton Soares

O Brasil e o Paraguai cancelaram, nesta quinta-feira (1º), o acordo entre os dois países para a compra de energia elétrica produzida pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. A ata foi assinada e aprovada em maio pelo embaixador brasileiro no Paraguai, Carlos Simas Magalhães, e pelo embaixador paraguaio no Brasil, Federico González, em Assunção. Com fim dessa medida, as áreas técnicas dos dois governos voltarão a negociar a contratação da energia de Itaipu.

Pesou na decisão a crise política no país vizinho. As autoridades e congressistas afirmaram que o acordo negociado seria prejudicial ao Paraguai e causaria um provável prejuízo de até US$ 300 milhões. Além disso, acusam de que a ata do acordo havia sido debatida e aprovada sem a devida transparência. Contudo, a situação vem desencadeando uma crise política no país. O novo chanceler do Paraguai, Antonio Rivas Palacios, comentou que uma reunião sobre o assunto estava prevista para ocorrer em Brasília. Porém, o governo brasileiro concordou em adiantar a anulação da ata.

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Antes disso, o Ministério das Relações Exteriores informou que vem monitorando os desdobramentos da crise política no país vizinho. No comunicado do Itamaraty destaca que “o Brasil acompanha com grande atenção os acontecimentos no Paraguai que envolvem o processo de ‘juízo político’ contra o presidente Mario Abdo Benítez”.

A polêmica no Paraguai já resultou na renúncia do chanceler Luis Castiglioni e do embaixador paraguaio no Brasil Hugo Caballero. Mas, a pressão continua sobre o presidente Mario Abdo Benítez, que pode sofrer um processo de impeachment. A nota do governo brasileiro afirma ainda que “o Brasil confia em que o processo seja conduzido sem quebra da ordem democrática, em respeito aos compromissos assumidos pelo Paraguai no âmbito da cláusula democrática do Mercosul – Protocolo de Ushuaia”.

Demissões 

A crise sobre o acordo provocou também as demissões do presidente da Administração Nacional de Eletricidade (Ande), Alcides Jiménez, e do diretor paraguaio de Itaipu, Alberto Alderete. O anuncio foi feito pelo porta-voz da presidência do Paraguai, Hernán Hutteman, na última segunda-feira (29). Ele disse ainda que as demissões foram acatadas pelo presidente Mario Abdo Benítez (Agência Brasil).

 

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