Ex-assessor e planilha envolvem Bolsonaro e ministro em caixa dois

PF e MP investigam casos de ‘candidatas laranjas’ do PSL sobre desvios de verbas públicas na campanha de 2018; apreensões em gráfica geram provas – Foto: reprodução.

Postado em: 06-10-2019 às 14h21
Por: Nielton Soares
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PF e MP investigam casos de ‘candidatas laranjas’ do PSL sobre desvios de verbas públicas na campanha de 2018; apreensões em gráfica geram provas – Foto: reprodução.

Nielton Soares

O ex-assessor parlamentar do ministro do Turismo Álvaro Antônio, Haissander Souza de Paula, em depoimento à Polícia Federal (PF), que aprendeu também uma planilha em uma gráfica, aponta que o dinheiro do esquema de candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais abasteceu, por caixa dois, as campanhas do presidente Jair Bolsonaro e do próprio ministro.

As informações são do jornal Folha de São Paulo deste domingo (7), que teve acesso aos autos de apurações. Haissander foi detido por cinco dias no final de junho com outros dois investigados, porém não tinham declarado uso de verbas públicas para fraudes eleitorais.

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À PF, o ex-assessor afirmou que “acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.

O depoimento de Haissander foi fornecido antes da chegada do advogado, que atrasou para o depoimento, e no interrogatório de custódia o ex-assessor negou as declarações e a defesa buscou invalidar o primeiro depoimento, mas foi negado pela Justiça. 

A suspeita é que quatro candidatas receberam um total de R$ 279 mil de verba pública do PSL e obtiveram somente 2.074 votos e que a maior parte desses recursos foi transferido para empresas ligadas ao gabinete de Álvaro. 

Já a planilha, uma das principais provas apreendida na empresa Viu Mídia, nominada de “MarceloAlvaro.xlsx”, traz referência de material de propaganda eleitoral para a campanha de Jair Bolsonaro. No documento, há duas colunas de pagamentos, uma com a expressão “out” e outro como “NF”. A primeira os investigadores entende tratar-se de pagamento feitos “por fora” e a segunda referente à Nota Fiscal. 

De acordo com a Folha, a conclusão é da PF e Ministério Público – denunciante do caso à Justiça, que cabe aceitar ou rejeitar a ação. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que a fraude na cota de gênero nas eleições pode até cassar por completa a chapa eleita. 

Ao jornal paulista, o advogado de Marcelo Álvaro Antônio, Willer Tomaz, comenta que a denúncia não apresenta ato irregular do cliente. “E apesar de ter sido profundamente investigado durante esses oito meses de inquérito instaurado não há um depoimento ou prova sequer que demonstre qualquer ilícito imputável ao ministro.” 

A Folha reportou ainda que procurou a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto e recebeu apenas a reposta que não haveria comentário sobre o caso e tentou sem sucesso contato com o ex-assessor parlamentar, Haissander Souza de Paula, e com a empresa Viu Mídia. 

Bolsonaro reúne com a PF

O presidente recebeu o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Maurício Valeixo, na tarde de sexta-feira (4), no Planalto, noticiou o portal “poder 360”.

O encontrou aconteceu no mesmo dia do indiciamento do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio. Inicialmente, a reunião não constava da agenda, que foi acrescentada e atualizada após o encontro.

Questionado pela imprensa na manhã de sábado acerca da reunião, o presidente evitou especificar sobre o assunto da reunião e apenas disse que houve conversa “sobre tudo que você possa imaginar.” 

 

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