“Caiado não fez nada para manter empregos”, afirma Vanderlan

Senador pontua que as medidas apresentados pelo Governo Federal serão um alento aos trabalhadores que se viram obrigados a permanecerem em casa |Foto: Cristóvão Mattos

Postado em: 15-04-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Senador pontua que as medidas apresentados pelo Governo Federal serão um alento aos trabalhadores que se viram obrigados a permanecerem em casa |Foto: Cristóvão Mattos

Rubens Salomão

O senador por Goiás, Vanderlan Cardoso (PSD), afirma que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), não tem esforçado para garantir os empregos e a sobrevivência das empresas do Estado durante a pandemia da Covid-19. Ele alega que, as medidas apresentadas pelo Governo Estadual, que visa estimular o empréstimo é ineficiente, tendo em vista que nenhum banco concederá crédito à empresas fechadas e sem a validação do Governo Federal. “No segundo decreto do governador, eu vi que poderia ter havido um diálogo melhor em algumas áreas. Não adianta abrir um comitê se ele não vai ser ouvido. Não adianta perder tempo com comitê, o bom senso é que tem que prevalecer”, comentou.

Vanderlan pontua, no entanto, que a passagem da crise ainda não está no horizonte e, que as medidas apresentadas pelo Governo Federal, como a renda básica, serão um alento aos trabalhadores que se viram obrigados a permanecerem em casa. “Esse recurso não vai resolver o problema do cidadão, mas vai amenizar a dor. No início eu critiquei a Medida Provisória que permitia a empresa mandar o trabalhador para casa e a empresa ficar sem pagar por quatro meses, isso não é uma solução. Estima-se que chegarão a R$ 98 bilhões entregues à população do país”, avalia. 

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O pacote de ajuda aos Estados e Municípios por conta da perspectiva de arrecadação foi aprovado na Câmara, o senhor vê alguma perspectiva de mudança e emendas no projeto?

Acho que no Senado vai haver maior discussão. Eu vejo com uma certa preocupação a forma como o projeto foi aprovado na Câmara porque não tivemos, até agora, a contrapartida dos Estados e municípios até que se passe esse período. Estamos vendo em muitos lugares, algumas medidas que foram tomadas com a justificativa da Covid-19 e, está sendo aprovado muitos projetos e muitas leis absurdas como o que está na PEC 10, que está cheia de armadilhas e eu venho alertando. O projeto não diz de onde serão retirados recursos para os R$ 90 bilhões que serão destinados aos Estados, vejo isso como fazer graça com chapéu alheio, como diz o ditado. Entre as medidas de contrapartida deveriam ser realizados ajustes internos, a arrecadação caiu geral em todos os aspectos. Não se pode colocar isso tudo nas costas do Governo Federal sem que haja uma contrapartida. Temos municípios e Estados que não tiveram uma perda tão grande, deveria ter algum critério. 

A ajuda para as pessoas que estão ficando desempregadas, ou autônomos que não estão podendo sair de casa e perdendo a renda. O senhor colocou uma emenda no projeto da renda básica para os trabalhadores intermitentes, esse pagamento começou a ser feito na semana passada. Como o senhor está avaliando a execução desse pagamento?

Até melhor que eu esperava. Não é simplesmente aprovar uma Lei, o presidente sancionar e no outro dia estar sendo distribuído o dinheiro no país inteiro, ainda mais com a emenda que eu apresentei que são os intermitentes. É uma nova categoria, criada com a reforma trabalhista em 2017. Mas ainda há muitas dúvidas sobre o quantitativo de trabalhadores nessa situação. O primeiro estudo do nosso gabinete apontou seis milhões de pessoas. 

Eu vejo que, das ações tomadas até agora, essa ação de chegar os recursos para os informais é a mais concreta. Esse dinheiro chega imediatamente e, em 15 dias começou a chegar nas mãos das pessoas. Esse recurso não vai resolver o problema do cidadão, mas vai amenizar a dor. No início eu critiquei a Medida Provisória que permitia a empresa mandar o trabalhador para casa e a empresa ficar sem pagar por quatro meses, isso não é uma solução. Estima-se que chegarão a R$ 98 bilhões entregues à população do país.

O presidente disse, recentemente, que a questão do coronavírus está indo embora do país. o senhor tem essa confiança, acredita que esse valor será o suficiente?

Eu acho que ela não está indo embora e discordo do presidente. Nós temos Estados que estão em números menos avançados. Você pega o Tocantins, ainda não há mortes e um número pequeno de infecção. Vemos o exemplo da Itália que as regiões mais quentes não houveram efeitos tão devastadores do coronavírus.  As medidas demoraram um pouco para acontecer em algumas cidades. Eu não sou favorável a abertura total do mercado, é preciso um mercado e é preciso encontrar um equilíbrio. Eu tenho observado a maneira que o prefeito de Salvador está fazendo, conseguindo seguir a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e com a economia. Ali está funcionando grande parte do comércio, das indústrias com os devidos cuidados. 

O destaque da política em Goiás foi o rompimento de Ronaldo Caiado com o Jair Bolsonaro no final do mês de março. De lá para cá, esse rompimento vai trazer alguma consequência para o Estado de Goiás: O Governador errou ao romper com o presidente?

Errou e muito. Com todas as dificuldades que o Governo Federal passou em 2019, Goiás foi um dos Estados mais contemplados em áreas como saúde e social. Tivemos diversas vezes a presença do presidente aqui. A questão política, o rompimento é um direito dele e de qualquer político, mas para o Estado essa decisão foi péssima. A maneira como ele rompeu, além de romper ele quis humilhar o presidente e, isso com toda certeza, terão consequências para o nosso Estado. Já vínhamos com uma crise terrível e o governador falava que graças ao Governo Federal, o dinheiro da saúde no final do ano, tudo quanto é ação o Governo Federal estava presente. Essa humilhação marca, quem humilha esquece, quem é humilhado não esquece. 

Qual a avaliação da gestão da crise que vem sendo realizada aqui em Goiás?

Eu fui o primeiro a parabenizar o governador e o prefeito de Anápolis quando resgatamos os nossos irmãos da China. Liguei pessoalmente para o governador no primeiro decreto. No segundo decreto eu vi que poderia ter havido um diálogo melhor em algumas áreas. Não adianta abrir um comitê se ele não vai ser ouvido. Não adianta perder tempo com comitê, o bom senso é que tem que prevalecer. Porque o meu trabalhador, que trabalha com alimento, ele pode trabalhar tranquilo:::: Eu vejo que que os comerciantes estão desesperados sem saber o que fazer. Eu vejo de forma equilibrada o que vem sendo feito em Salvador, que reuniu as pessoas do comércio e abriu parte das lojas. Esse ponto de colocar todos em casa, ninguém aguenta isso. Pelo o que eu estou vendo, há um desespero tão grande, principalmente dos trabalhadores que receberam férias. Há muita coisa que poderia estar aberta, como mineradoras, parte da confecção. Não é abrir todas as lojas, abre 10%, 20% para ter pelo menos um alento. Temos 10% das pessoas internadas, isso é histeria. As cirurgias eletivas foram proibidas, hospitais particulares quase fechados porque não tem como se manter.

Essas medidas feitas pelos governos estaduais, como Goiás, sem apresentar medidas e soluções, é fazer graça com o chapéu alheio?

Ao restringir todas essas áreas, o governo deveria suspender o pagamento, durante esse período, dos impostos. Como vai buscar recursos do Governo Federal enquanto aqui não há nenhuma ação para salvar as empresas. Só se cobra do Governo Federal. Qual atitude está tendo o Estado de Goiás com relação à salvar essas empresas e empregos? O Estado não gera riqueza, quem gera riqueza são os trabalhadores e os empresários. As medidas que foram anunciadas para salvar pequenas e microempresas não tem nada de concreto. Quem vai, em sã consciência, emprestar dinheiro agora se não for avalizado pelo Governo Federal? A PEC 10 junto com a MP 930 só favorece aos banqueiros. 

A pandemia do coronavírus está sendo politizada pelo Ministro da Saúde, Henrique Mandetta?

Não somente por ele, estamos vendo governadores tentando antecipar um debate de 2022 para este momento e isso não é a forma correta de se fazer. O Ministro começou muito bem, mas entrou nessa onda. Ele fala uma coisa agora, dependendo do Estado que ele está, mas ele muda o discurso quando está em outro. Você pega fala dele dizendo que o presidente está correto em querer abrir a economia e em outros momentos ele desfaz o que o presidente falou. Os holofotes para ele fez mal. Secretários e Ministros não podem ser políticos. Faltou pulso para o presidente demitir o seu Ministro. Mas porque ele também não pede para sair? Que respeito ele está tendo pelo presidente? 

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