José Nelto considera que Ronaldo Caiado poderia ter avançado mais em decreto

Para o deputado federal José Nelto, aliado de Ronaldo Caiado, o governo poderia ter feito mais concessões| Foto: Cristovão Mattos

Postado em: 21-04-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Para o deputado federal José Nelto, aliado de Ronaldo Caiado, o governo poderia ter feito mais concessões| Foto: Cristovão Mattos

Rubens Salomão

Especial para O Hoje

O deputado federal por Goiás, José Nelto (Podemos), entende que o governo de Goiás poderia ter feito mais concessões ontem, no novo decreto sobre isolamento social no Estado. 

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O parlamentar também tece críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) ao flertar com movimentos que pedem a volta de uma ditadura militar, além da edição de um novo AI-5. Nelto diz que o presidente trilha um rumo parecido com o do ditador venezuelano, Hugo Chavez, e que as medidas precisam ser revistas. 

Ao O Hoje, Nelto comenta ainda sobre as contrapartidas exigidas por parte dos Senadores na aprovação da matéria que prevê um socorro aos entes federativos atingidos pelo coronavírus. Segundo ele, a contrapartida mínima exigida pelos deputados é apenas a aplicação correta dos recursos. 

Além do ‘coronavoucher’, foi aprovada uma matéria que prevê a ajuda para Estados e Municípios. Há uma manifestação sobre essa ajuda sem uma contrapartida dos entes federados em resposta dos governos estaduais. Como o senhor avalia a falta das contrapartidas?

O primeiro debate na Câmara dos Deputados era o chamado plano mansueto, e ele não avançou. Diante desse caos e dessa pandemia, nós estamos em guerra, aprovamos o orçamento de guerra, se esse projeto não for aprovado no Senado da República, o que eu duvido, significa R$ 88 bilhões que o Governo Federal deixaria de  repassar para os Estados e municípios para recompor o ICMS de abril maio e junho. Essa pandemia não está na União, ela está nos municípios e nos Estados. Quem está cuidado, com a mão na massa? São os prefeitos e governadores e não tem dinheiro. O fechamento do comércio e da indústria, que foi uma medida necessária, mas esse dinheiro tem que voltar para os municípios para pagar o trabalhador. O que queremos de contrapartida é a honestidade e a boa aplicação do dinheiro por parte dos prefeitos e governadores.

Goiás foi o primeiro Estado a começar as medidas, de forma unificada em um decreto, para combate ao coronavírus. O último decreto emitido nesta segunda-feira flexibiliza algumas dessas medidas restritivas. O setor produtivo cobra uma abertura maior, o senhor acha que Goiás teria essa capacidade de retomada tão logo?

Na verdade, quando estamos em uma guerra, todos estão com a razão. O governador tem razão, os empresários também têm. Eu tenho conversado com o governador no sentido de orientar que não podemos deixar as linhas de produção das fábricas paradas porque pode faltar alimentos e medicamentos. Não aceitamos faltar alimentos nem medicamentos, o cidadão precisa se alimentar e tem que haver remédios. O decreto poderia ter avançado mais e, acredito que ao final do mês teremos um novo decreto. Mas o mais importante foi que o Supremo Tribunal Federal (STF), dividiu a culpa dos governadores com os prefeitos. Agora compete a cada prefeito fazer a sua flexibilização com responsabilidade. 

O presidente Bolsonaro participou de manifestação que, entre os presentes, estavam pessoas pedindo o fechamento do Congresso e do STF. Dentro de Brasília, que tipo de repercussões podem ter no Congresso desse tipo de atitude?

Bolsonaro não respeita e não tem amor à vida. Veja o presidente Trump, que é quase da mesma linha ideológica, ele se colocou aos governadores. Aqui, o presidente da República deveria ter todos os governadores, empresários, classe política e os cientistas e pensados para que pudéssemos achar uma saída para o isolamento social e uma abertura do comércio e da indústria. Nada disso ele quis, o presidente só quer brigar. Ele mostrou mais uma vez que ele tem atitude de quem quer dar um golpe, de quem quer fechar o Congresso Nacional e quer fechar o Supremo Tribunal Federal. Ele (Bolsonaro) usa os mesmos métodos do ditador Hugo Chaves.  Ele usa os mesmos métodos e governo apenas para os que têm os mesmos pensamentos que ele. Ele quer um golpe, mas não há espaço no Brasil e no mundo para esse tipo de pensamento. Se o Brasil não vai bem, a culpa é do presidente da República, principalmente o Ministro Paulo Guedes, que deveria ter renunciado há muito tempo. É o Ministro dos banqueiros, fala muito e não tem proposta para o Brasil.  

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