Ronaldo Caiado não deve utilizar crise como muleta de gestão, avalia o deputado Lucas Calil

Deputado de oposição ao governo de Ronaldo Caiado avalia que governador cedeu à pressão para abrircomércio| Cinegrafista: Cristovão Mattos

Postado em: 30-04-2020 às 06h00
Por: Redação
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Deputado de oposição ao governo de Ronaldo Caiado avalia que governador cedeu à pressão para abrircomércio| Cinegrafista: Cristovão Mattos

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Rubens Salomão

Especial para O Hoje 

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O deputado estadual Lucas Calil (PSD) que integra a oposição ao Governo do Estado de Goiás, comandado por Ronaldo Caiado (DEM), avalia que o governo cedeu à pressão popular para a abertura dos comércios antes de um controle maior da pandemia causada pelo coronavírus. Ele pondera, no entanto, que o Governo mais acertou do que errou em meio a crise. Mas afirma que o governador não pode utilizar essa crise momentânea como muleta para uma gestão eficiente e parada. “Tudo o que ele construiu nesse período de isolamento pode ir por água abaixo nos próximos 20-30 dias, nesses momentos é preciso que os líderes sejam estadistas e não populistas”, pontua.

Para Calil, Caiado segue inerte em sua gestão frente ao Governo de Goiás com a paralisação de obras de infraestrutura, os cortes de gastos na educação e a retirada de direitos dos servidores públicos. “Caiado é uma pessoa com perfil de Legislativo e não do Executivo. Está tudo parado, não entrega uma Renda Cidadã, Lei Goyazes parada, Pró-Esporte parado, não tem nada andando. Não tem um projeto”, completa. 

O senhor já fazia críticas do primeiro ano de mandato do Governo de Goiás, mas o cenário mudou completamente com toda a situação atual. Nessa questão da pandemia, o senhor vê acertos e erros na condução da crise por parte do Governo?

Na questão da Covid-19, o governo mais acertou do que errou. Eu sei que isso causa um desconforto à população que está em casa pois quem está em casa não consegue levar o sustento para casa, mas o governador agiu como médico e ouvindo os especialistas. Infelizmente, o Governo Federal tentou rivalizar economia e saúde, uma coisa que jamais poderia acontecer. Não existe economia sem saúde nem saúde sem economia.Isso acabou se transformando em uma pressão contra os governadores que estão abrindo os comércios por conta dessa pressão popular e do Governo Federal. Em 24 horas morreram mais de 400 pessoas, aqueles ignorantes que acharam que o corona era apenas uma “gripezinha”, hoje nós estamos com esses números tristes. Goiás está com bons números graças à esse isolamento radical apesar da crescente saída da população às ruas nas últimas semanas.

Ronaldo Caiado cedeu à essa pressão?

Tudo o que ele construiu nesse período de isolamento pode ir por água abaixo nos próximos 20-30 dias, nesses momentos é preciso que os líderes sejam estadistas e não populistas. Eu faço uma oposição responsável, sem o jogo do toma lá dá cá, e vejo que o governo acertou em muitas decisões. Porém, eu tenho uma ponderação. A Covid19 não pode ser mais uma muleta do atual governo. O Caiado ficou o primeiro ano inteiro usando a muleta dos governos anteriores para justificar sua incompetência e a Covid-19 não pode ser mais uma ferramenta para alegar sua incompetência, o governo já era ruim. Foram atrasos no pagamento do funcionalismo público, reforma da previdência, extinção de quinquênio e licença prêmio, servidores que tinham filhos especiais que deixaram de ter o auxílio. Sucateamento da nossa educação com a retirada de R$ 500 milhões da Universidade Estadual de Goiás (UEG) que hoje não tem mais autonomia financeira. Criminalizam o setor produtivo, vimos recentemente a Creme Mel, que é um patrimônio do goiano, indo embora do Estado por falta de condições fiscais. Além disso, há também a questão moral, que Caiado sempre bateu no peito para dizer que não haveria conchavos, que iria tirar o carrapatos do poder. Mas quero dizer aqui, com muita clareza, que isso foi uma mentira. Muitos políticos hoje tem cargos no Governo Estadual para votar as maldades do governo. Tem irmão, pai, primo de deputado. O próprio governador tem dezenas de parentes nomeados nos cargos do seu governo. 

O senhor faz apontamentos em vários setores e questões diferentes do Governo. O senhor acredita que isso seja fruto de uma ideia errada de proposta de governo ou uma incapacidade administrativa?

Acho que é incapacidade. Não acredito que ele seja mal-intencionado, Ronaldo Caiado é uma pessoa com perfil de Legislativo e não do Executivo. Está tudo parado, não entrega uma Renda Cidadã, Lei Goyazes parada, Pró-Esporte parado, não tem nada andando. Não tem um projeto. O Governo é ruim por incapacidade, pode ser por vaidade em querer centralizar todas as decisões e demandas. Esse jogo de negócios que está sendo feito no Palácio das Esmeraldas atrapalha muito também. Ninguém está entrando com o espírito público de ajudar o governo e a população de Goiás, muitos estão entrando por uma renda. 

Se o governador é ruim, porque há uma base tão sólida na Assembleia?

Eu não posso falar por todos. Talvez por interesses municipais, talvez por interesses de crescer suas bases com cargos e etc. E eu não sou hipócrita de não achar que cargos não são necessários, não sou falso moralista. É interessante que muitas pessoas que acreditam em você querem participar do seu mandato efetivamente, e é costumeiro que o governo faça base. Porém a forma como está sendo feita, é o que eu julgo. Disseram que iria acabar com esse toma lá dá cá, que iam tirar os carrapatos e fizeram o mesmo dos governos passados. A primeira contratação de peso foi a ex-senadora Lúcia Vânia que era candidata da base do governo passado. E tirando o fato de que Caiado participou dos governos tucanos por muitos anos, foi ele quem indicou o ex-governador José Eliton para ser vice de Marconi Perillo. Está na hora de olhar pra frente e esquecer o passado, ser ousado e moderno. Ativar os programas sociais, tem pessoas passando fome. Entra pra casinha, fecha seu time e toca obra.

O senhor condenou a polarização entre economia e saúde. Falta o governo apontar um norte para quando a poeira abaixar a economia volte a caminhar?

Criou-se a ideia de que o isolamento causa o desemprego. Se acabar o isolamento agora, o povo não vai para a rua do mesmo jeito. Alguém vai para um bar se não existe vacina, se não existe tratamento. O desemprego é inevitável. É igual guerra. Criou-se essa polarização de que está tendo desemprego por causa do isolamento, mas se abrir tudo de novo, as pessoas vão se resguardar, guardar seu capital. É preciso um plano de recuperação da economia por parte dos governos executivos. É preciso utilizar o Banco do Povo, GoiásFomento e liberar o dinheiro, na hora certa, para reaquecer a economia.

 

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