Bolsonaro nega interesse em troca na PF-RJ e manda jornalista calar a boca

Ira decorre, segundo Bolsonaro, de uma reportagem da Folha de S. Paulo publicada nessa segunda-feira (4)| Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Postado em: 05-05-2020 às 11h35
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro nega interesse em troca na PF-RJ e manda jornalista calar a boca
Ira decorre, segundo Bolsonaro, de uma reportagem da Folha de S. Paulo publicada nessa segunda-feira (4)| Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Eduardo Marques

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou interesse na troca da Polícia Federal (PF) do Rio de Janeiro e fez ataques à imprensa, em especial à Folha de S.Paulo, na manhã desta terça-feira (5), ao sair do Palácio da Alvorada, em Brasília.

O Chefe do Executivo Nacional se dirigiu aos jornalistas com cópia de manchete do jornal nas mãos e, sem responder perguntas, fez um pronunciamento no qual, por dois momentos, mandou uma jornalista “calar a boca”.

Continua após a publicidade

“Pra onde está indo o superintendente do Rio de Janeiro? Pra ser o diretor executivo da PF. Ele vai sair da superintendência pra ser diretor-executivo. Tô trocando ele? Estou tendo influência sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria. Cala a boca, não perguntei nada. Cala a boca, cala a boca (…) Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro e não interfiro na PF.”, disse.

Bolsonaro se referia a uma notícia da edição desta terça-feira da Folha que trata sobre a troca no comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

“O atual superintendente do Rio de Janeiro que o Moro disse que eu quero trocar por questões familiares, não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu, nem meus filhos, zero. Uma mentira que a imprensa replica o tempo todo dizendo que meus filhos querem trocar o superintendente”, afirmou. 

Impasse 

O comando da regional já havia sido motivo de impasse entre o presidente e o ex-ministro Sergio Moro, que se demitiu da chefia do Ministério da Justiça e Segurança Pública e acusou Bolsonaro de impor mudanças na estrutura hierárquica da PF por desejo pessoal —um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) foi instaurado para apurar se houve irregularidade. 

Em agosto do ano passado, Bolsonaro atropelou o então diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo, e anunciou a substituição do comando da superintendência fluminense, algo que ainda estava sendo discutido internamente.

Valeixo foi o pivô da saída de Moro, pois Bolsonaro exonerou o delegado contra a vontade do ex-ministro.  No lugar, ele tentou nomear um amigo pessoal, Alexandre Ramagem. O ato, no entanto, foi barrado por liminar do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Tão logo assumiu o cargo de diretor-geral, o substituto de Ramagem, Rolando Souza, determinou a troca de comando no Rio. Carlos Henrique Oliveira, que estava no exercício da função, foi convidado para ser o diretor-executivo, número dois na hierarquia do órgão.

Esse é o argumento de Bolsonaro para negar que a decisão de Souza tenha sido orientada por ele, por motivação pessoal. “Para onde está indo o superintendente do Rio de Janeiro? Para ser o diretor executivo da PF. Ele vai sair da superintendência para ser diretor-executivo. Estou trocando ele? Estou tendo influência sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria”, reclamou.

As ofensas dirigidas por Bolsonaro à imprensa na manhã de hoje ocorrem em meio a uma crise institucional com o Supremo Tribunal Federal — apontada por lideranças políticas como um possível flerte com o autoritarismo — e dois dias depois que um fotógrafo do jornal “Estado de S.Paulo” foi agredido com socos, chutes e tapas por simpatizantes do presidente durante uma manifestação pró-governo, em Brasília.

Veja Também