“Goiás retrocedeu em relação aos programas sociais”, afirma Daniel Vilela

Segundo ele, houve uma descontinuidade dos programas de assistência em relação aos governos anteriores| Foto: Reprodução

Postado em: 07-05-2020 às 06h00
Por: Redação
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Segundo ele, houve uma descontinuidade dos programas de assistência em relação aos governos anteriores| Foto: Reprodução

Lucas de Godoi e Rubens Salomão

O presidente do MDB em Goiás e candidato derrotado ao Governo de Goiás, Daniel Vilela, critica parte das ações realizadas pelo governador Ronaldo Caiado, especialmente a ausência de políticas sociais que minimizem os prejuízos à população mais vulnerável do Estado. Segundo ele, houve uma descontinuidade dos programas de assistência em relação aos governos anteriores. “Agora, em Goiás, eu não tenho duvidas de que por mais que o governo estadual tenha falado nisso, nós retrocedemos em relação aos programas sociais”, pontua. 

Em entrevista exclusiva ao O Hoje, por meio de videoconferência, Vilela também condena o rompimento abrupto do governador com o presidente Jair Bolsonaro. Ele avalia que o momento não era propício para politizar, mas para buscar soluções para o Coronavírus. 

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É muito complexo a gente não ter nenhuma previsibilidade, nós estamos em uma situação inesperada, não bastasse a crise sanitária e a crise econômica decorrente da crise sanitária, nós também estamos vivendo uma crise política, tudo muito imprevisível, né? As mudanças no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a nova presidência sob responsabilidade do ministro Luís Roberto Barroso, todo dia uma Fake News, uma notícia também que não se consolida com verdade. Um momento que a gente tem conversado constantemente com os nossos diretórios do interior, nossos pré-candidatos e tentando aguardar. Eu acho que esse mês de maio, ele é fundamental, porque a situação de saúde terá também um encaminhamento, de agravamento ou não, de superação de um momento de ápice ainda em relação ao Coronavírus e eu acho que ao final desse mês nós teremos condição maior de ter uma previsibilidade do que pode acontecer esse ano em relação às eleições. A minha opinião é que no máximo poderá ser prorrogada para novembro ou dezembro. Então eu acredito que nós teremos a eleição. 

O MDB tem hoje a prefeitura das maiores cidades, como Goiânia e Aparecida de Goiânia. Quais são as metas do partido com esse formato diferente de eleição?

A meta política é a mesma. Agora, precisamos admitir que houve uma parada bem vigorosa, bem forte, em relação as discussões políticas. Eu tenho conversado, constantemente, com alguns líderes, alguns pré-candidatos do interior, por telefone, e a gente observa que isso aconteceu em todos os municípios, deu uma esfriada muito grande na discussão política, que já era natural nesse momento de estar bem intensa. Agora, é obvio que as metas são as mesmas, os pré-candidatos estão bem entusiasmados, estão bastante dispostos para iniciar o período eleitoral, então a gente tem que aguardar, assim que houver uma flexibilização maior para que possa acontecer essas reuniões políticas, nós iremos fazer.

Em relação à gestão que é feita em Goiás contra o Coronavírus, você desde o início do Governo Caiado, tem feito avaliações sobre decisões que o Governo tem que tomar para trabalhar em prol desse caso da saúde dos goianos. Como você tem percebido essas decisões que têm sido tomadas? 

Na verdade, no meu entendimento, deixo isso bem claro, uns 30 dias ou mais, quando nós emitimos uma nota do MDB Estadual que não se trata agora de fazer política. A gente precisa ter essa sabedoria, essa inteligência, esse equilíbrio e se unir. Temos que ser colaborativos e solidários nesse momento. Eu acho que o governador Caiado tomou algumas decisões rápidas e emerges que deveriam ter sido tomadas mesmo, porém eu acho que depois foi se perdendo mesmo. Não sei se o próprio ambiente político nacional contaminou, as discussões foram se dispersando e desfocando em ser nesse momento a prioridade dos políticos. A tecnologia e as redes sociais, tudo isso vem exacerbando a vaidade da classe política. Eu vejo muito político achando que essa situação toda é uma oportunidade para aparecer e mostrar que está trabalhando, que faz isso, que faz aquilo. Quando você desfoca e sai daquilo que deve ser fundamental, que é se preparar para o momento pior do Estado, você acaba perdendo tempo e não fazendo aquilo que é preciso ser feito. Eu acho que o governador começou bem e depois foi para um ambiente muito politizado, se envolvendo em questões que não são pertinentes ao nosso Estado, que não deveriam estar na prioridade da discussão do governo e que depois também, com as decisões do Supremo Tribunal Federal transferindo para os Estados e para os municípios essas decisões sobre isolamento, flexibilização social, eu acho que o governador também muito pressionado, obviamente pelo setor produtivo e comercial, acabou querendo transferir a responsabilidade para os municípios, sendo que isso é uma situação que abrange estado e município. 

Na sua avaliação, o governador tem que assumir o comando ou entregar para os municípios?

Não digo nem entregar para os municípios, acho que o governador tomou essa decisão para si no momento e acho corretamente, e não poderia transferir agora para os municípios como foi dito ai nas últimas semanas. Essa é uma solução que precisa ser compartilhada, não tem que ser só do prefeito ou do governador. É exatamente aquilo que eu disse, o governador tem a maior capacidade de leitos de UTI do Estado, então a minha pergunta é a seguinte: Nós pegamos esse período de isolamento e de quarentena para nos estruturar? Goiás está pronto para viver o ápice da curva de contaminação do Estado? Essa é uma resposta que ninguém tem ainda, nós não sabemos se Goiás está assim, espero que esteja, espero que o governador esteja correto, quando disse, inclusive que, poderia receber pessoas de outro estado, é pelos outros números e notícias que foram informados aí pela imprensa, que é algo que a gente tem certeza. 

Sem dúvidas que sim, isso é fato. Pode ser um reflexo positivo ou negativo, depende das ações, das decisões e de como a população enxerga essas decisões. Porque o mais interessante nessa história toda do Coronavírus é que algo tão novo, que temos tanta dificuldade de saber a solução. É aquela história, a única certeza que a gente tem é que ninguém tem certeza de nada, está todo mundo aprendendo a dirigir com o carro rodando, acho que isso, é preciso ser levado em consideração, mas até isso também vai ser levado em consideração pela população em momento eleitoral, essa tendência da forma que ela enxergou seu governante em tempos de pandemia, de uma crise mundial que afetou todos os municípios. 

Esse momento de pandemia pode ser um momento em que as carências do Estado podem ficar mais evidentes? 

Sem dúvidas, acho que esse é outro tema a ser discutido nesse momento. O mundo todo está discutindo isso de criar um mecanismo de renda universalizada e tudo mais, acho que no ponto de vista nacional nós não podemos negar que a política de distribuição de renda no Brasil foi significativa. Se a gente não tivesse os programas nacionais de distribuição de renda, com certeza esse programa do governo federal que levou um benefício de R$ 600 para autônomos e beneficiários de programas sociais não poderia ser feito. Agora, em Goiás, eu não tenho duvidas de que por mais que o governo estadual tenha falado nisso, nós retrocedemos em relação aos programas sociais. Com muito orgulho, o MDB fala que os programas sociais começaram em governos do MDB e depois foi dado sequencia pelos governos seguintes, transformado de acordo com a tecnologia em cartões, mas atendendo a necessidade de muitas famílias. O atual governo simplesmente ignorou tudo isso, também não negarei que o governo recebeu o estado com muitas dificuldades fiscais, mas não penso que cortar programas fiscais é uma realidade quando se tem problema fiscais no Estado. Pelo contrário, acho que isso é algo que tem que ser preservado, sob todas as circunstâncias e de todas as formas, não vejo como prioridade do governo, e talvez com essa recessão gerada por essa pandemia. Acho que o governo tem que observar isso agora e inclusive, apresentar, inovar nos programas sociais no momento de agora e já pensar no futuro breve em relação às famílias mais vulneráveis do nosso estado. Se nós tivéssemos mantido os programas sociais com o nosso governo, com toda certeza nós teríamos criado instrumentos e mecanismos de colaborar com as famílias mais vulneráveis nesse momento.

Com esse auxílio e benefícios, o governo pode estar entregando essa responsabilidade de dar um amparo para o governo federal, sendo que o próprio governo de Goiás poderia assumir uma função nisso?

Sem dúvida, eu acho que é fundamental e importantíssima essa contribuição do governo federal, mas o governo do estado e municípios que deveriam fazer isso, aliás, alguns estados se não me engano o Distrito Federal fez isso, criou um auxílio lá para determinadas funções e determinados grupos sociais. Os municípios têm colaborado também com auxílio merenda, para crianças. Tudo isso nos faz pensar que o governo federal ta fazendo sua parte mas os governos estaduais e os municípios poderiam estar fazendo sua parte. 

Qual o seu entendimento sobre o rompimento do governador Ronaldo Caiado com o presidente Jair Bolsonaro em meio à pandemia? Quais os possíveis impactos positivos para Goiás uma ruptura desse nível?

Nós observamos que desde o início do governo, o governador Ronaldo Caiado está tentando manter uma aproximação com o presidente da República e acho que ele está correto, acho que todo governador precisa buscar essa proximidade e parceria independente de posição partidária, pensando nos benefícios que o estados possa receber e colaborar com o país. Acho que o Caiado foi precipitado naquele momento, porque não é o foco nesse momento da classe política, acho que o governador começou muito bem e depois foi para um ambiente de muita politização. Não sei se Goiás está preparado do ponto de vista da estrutura hospitalar, será se no momento que ele foi politizar com o presidente Jair Bolsonaro ele não perdeu tempo, poderia ter encontrado soluções? 

O governo do Estado está se omitindo ao não pensar também na recuperação da economia?

Sim, sem dúvidas, até porque nós temos muitas empresas, muitos micro e pequenos empresários que dependem do governo para sobreviver e tem que pagar seus impostos estaduais e municipais. Acho que o Brasil vive um problema muito grande do ponto de vista econômico, a gente não sabe ainda qual é a saída. O ministro a Economia, com toda a certeza, deve estar procurando a saída para superar esse momento de crise de saúde. E tentarmos retomar o crescimento econômico o mais rápido possível, mas o Estado também. Outra coisa que eu acho que não funcionou é o socorro das micro e pequenas empresas, teoricamente liberaram alguns milhões de reais, mas em uma burocracia enorme que inviabilizou que as empresas pudessem buscar rapidamente a solução para viabilizarem as suas sobrevivências ali nesse momento. Vi relatos de muitos que a dificuldade era muito grande e que com certeza não estão conseguindo superar isso e é algo que poderia estar contribuindo para a economia do país.

 

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