Bolsonaro esvaziou agenda contra corrupção, diz Sérgio Moro em entrevista

Moro declarou ainda que considera "questionáveis" as recentes alianças feitas por Bolsonaro com os partidos do Centrão| Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Postado em: 25-05-2020 às 11h00
Por: Redação
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Moro declarou ainda que considera "questionáveis" as recentes alianças feitas por Bolsonaro com os partidos do Centrão| Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Eduardo Marques

Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, exibida na noite desse domingo (24), o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmou que faltou apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ações de combate à corrupção. “Me desculpe aqui os seguidores do presidente se essa é uma verdade inconveniente, mas essa agenda contra a corrupção não teve um impulso por parte do presidente da República”, disse. 

Segundo o ex-juiz da Operação Lava Jato, medidas nesse sentido foram sendo “esvaziadas” pelo presidente. Moro declarou ainda que considera “questionáveis” as recentes alianças feitas por Bolsonaro com os partidos do Centrão. O presidente tem se aproximado do bloco – e negociado cargos com o grupo – em troca de apoio no Congresso. 

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O ex-ministro também foi indagado sobre a condução da pandemia do novo coronavírus pelo presidente. Para Moro, que defende o isolamento social como principal medida de prevenção à covid-19, Bolsonaro adota postura “negacionista” em relação ao vírus. 

“Acho que a minha lealdade ao presidente demanda que eu me posicione com a verdade, com o que eu penso, e não apenas concordando com a posição do presidente. Se for assim, ele não precisa de um ministro, precisa de um papagaio”, afirmou o ex-juiz ao comentar as divergências com o chefe do Executivo em relação à crise na Saúde. 

O ex-juiz também comentou a reunião ministerial de 22 de abril, realizada dois dias antes de anunciar sua demissão do cargo e tornada pública na sexta-feira, e as mensagens reveladas pelo Estadão de que Bolsonaro já havia decidido trocar a direção da PF antes do encontro do dia 22.

“Eu não ia discutir isso numa reunião ministerial, até porque o ambiente ali não era muito favorável ao contraditório.” Em relação aos palavrões ditos durante a reunião, afirmou que “o tom subiu nos últimos meses”. 

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