Após reunião de TVs com Bolsonaro, CNBB afirma: ‘Igreja Católica não faz barganha’

Alguns padres e proprietários de emissoras de televisão católicas teriam pedido apoio financeiro do Governo Federal em troca de apoio. Dentre as quais a TV Pai Eterno de Trindade (GO) – Foto: Reprodução.

Postado em: 07-06-2020 às 12h00
Por: Nielton Soares
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Alguns padres e proprietários de emissoras de televisão católicas teriam pedido apoio financeiro do Governo Federal em troca de apoio. Dentre as quais a TV Pai Eterno de Trindade (GO) – Foto: Reprodução.

Nielton Soares

Depois da reunião de proprietários
de emissoras de televisão pertencentes a grupos católicos, incluindo padres e
leigos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota de
repudiou, no sábado (6).

A entidade se posicionou contrário
aos pedidos de verba feitos ao Governo Federal, diretamente ao presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) por uma ala da Igreja Católica que, em contrapartida, veicularia
notícias favoráveis ao Palácio do Planalto em canais de rádio e TV.

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A nota da CNBB foi de indignação com
a atitude dos representantes dessas emissoras, frisando que a Igreja não atua com
base em troca de favores. “Recebemos com estranheza e indignação a notícia
sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de
verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz
barganhas”, destacou a entidade.

A nota salientou também que: “Não
aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja,
no cumprimento de sua missão evangelizadora, ‘que é tornar o Reino de Deus
presente no mundo'”, citando discurso do papa Francisco.

O documento foi também assinado
pela Associação Católica Internacional Signis Brasil e a Rede Católica de Rádio
(CRC).

Os padres e leigos, que
participaram da reunião com Bolsonaro, no dia 21 de maio, são considerados conservadores,
divergem da CNBB, mas controla parte do sistema de emissoras católicas. Eles
prometiam “mídia positiva” para ações governamentais na pandemia do
novo Coronavírus.

O comunicado da CNBB explicou
ainda que as emissoras intituladas “de inspiração católica” tem naturezas
diferentes, podendo ser geridas por associações e organizações religiosas ou
por particulares, conforme os próprios estatutos e princípios editoriais.
“Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja
Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil”, salientou.

Recursos

As emissoras de televisão ligadas
a grupos religiosos chegaram a receber, no ano passado, R$ 4,6 milhões de
recursos da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), para
veiculação de comerciais institucionais e de utilidade pública.

Apenas os veículos intitulados
católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Neste
ano, emissoras católicas já receberam R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$
179 mil, segundo dados das planilhas da Secom.

Por nota, a Frente Parlamentar
Católica responde que, na reunião, “não se condicionou verbas de
publicidade a apoio ao governo, nem mesmo apoio político pelos membros da
Frente”. E, que apenas o padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao
Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), comentou a instituição
está passando por dificuldades financeiras e gostaria de uma aproximação com a
Secom para oferecer uma “pauta positiva das ações do governo” na
pandemia.

 

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