Bolsonaro diz que queimadas na Amazônia é “mentira deslavada”

“A gringada eu quero que venha para cá, para andar na Amazônia, para ver que aquele trem não pega fogo”, afirmou o presidente | Foto: Reprodução.

Postado em: 09-10-2020 às 17h40
Por: Nielton Soares
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“A gringada eu quero que venha para cá, para andar na Amazônia, para ver que aquele trem não pega fogo”, afirmou o presidente | Foto: Reprodução.

Nielton Soares

O presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) voltou a repetir que gostaria de ver estrangeiros na Amazônia para eles
provarem que o bioma brasileiro não pega fogo. “A gringada eu quero que venha
para cá, para andar na Amazônia, para ver que aquele trem não pega fogo. É uma
mentira o que falam sobre a Amazônia, uma mentira deslavada’, disse.

Porém, dados do próprio governo
Bolsonaro já apontaram que entre janeiro e setembro deste ano foram registradas
62.311 km² de área queimada e mais de 76 mil focos de incêndio. De acordo com o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), esses são os maiores focos de
queimadas desde 2010.

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Por outro lado, o desmatamento na
região caiu pelo terceiro mês consecutivo, com queimadas subindo. Alertas
feitos pelo sistema Deter, do Inpe, mostram a perda de 964,45 km², queda de
33,6% em relação à observada em setembro do ano passado, de 1.453,65 km², algo
que já era classificado como o maior valor desde 2015.

Desde 11 de maio deste ano, a
Operação Brasil Verde 2 atua na Amazônia, cujo vice-presidente Hamilton Mourão coordena
o Conselho da Amazônia. A previsão é que ela continue até novembro, mas o
governo já sinalizou planos de estender a Garantia da Lei e da Ordem até o fim
do próximo ano.

Nesse período, o combate aos
crimes ambientais na Amazônia passou a ser feito pelas Forças Armadas, em
parceria com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia
(Censipam); o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMbio), o Incra e a Polícia Federal.

O Observatório do Clima (OC),
rede formada por mais de 50 ONGs ambientalistas brasileiras, destaca que as
quedas no desmatamento não indicam melhora no combate ao crime na região,
indicando que a operação fracassou.

A instituição avalia que a média
mensal de alertas do Deter de desmatamento nos últimos anos para o período de
maio a setembro (meses mais secos do ano) nos anos de 2016, 2017 e 2018, teve média
de 576 km² e no governo Bolsonaro, aumentou para 1.189 km².

Queimadas

Em setembro, de acordo com o
Programa Queimadas, também do Inpe, foram registradas 32.017 focos de fogo no
bioma Amazônia, ante 19.925 no mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro,
foram 76.030 focos, alta de 14% em relação ao mesmo período de 2019,
considerado o maior acumulado para os nove meses.

Já neste mês, com temperatura bastante
quente na floresta, o Inpe informou, que em apenas 8 dias a região já teve 5.775
focos de incêndio. No ano passado, outubro inteiro teve 7.855 focos, sendo o menor
valor da série histórica, que teve início em 1998.

 

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